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Professor Antonio Kanaan explica aos visitantes do Planetário um pouco sobre o céu que irão observar pelos telescópios no Observatório. (Foto: Ariéll Cristóvão/Agecom/UFSC)

A última terça-feira, 8 de abril marcou o Dia Internacional da Astronomia, data perfeita para conhecer um pouco melhor o trabalho realizado pelo Observatório Astronômico e pelo Planetário da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). Ambos são espaços dedicados à divulgação da astronomia e ciências afins, oferecendo à comunidade uma oportunidade única de explorar o Universo de forma gratuita e acessível. Trabalhando em parceria, essas duas estruturas proporcionam experiências que despertam a curiosidade de pessoas de todas as idades sobre o cosmos.

Todas as quartas-feiras, essas estruturas estão abertas para que a população possa olhar o céu. Essa atividade de extensão da universidade é algo que o professor Antonio Kanaan conhece bem. Desde a sua graduação, nos anos 80, ele já fazia divulgação científica da astronomia em observatórios abertos ao público. Foi assim em 1984 na Universidade Federal do Rio Grande do Sul, e foi assim no doutorado, em 1996, na Universidade do Texas. 

“E comecei a fazer isso aqui em Florianópolis assim que cheguei aqui, continuando um programa iniciado pelos professores Roberto Cid e Raymundo Baptista”, explica o docente do Departamento de Física, que também é coordenador do Observatório Astronômico da UFSC.

“É uma obrigação de toda instituição de astronomia satisfazer a curiosidade natural das pessoas e retribuir o investimento público com o contato direto, além de nossa pesquisa acadêmica”, afirma Kanaan.

A paixão pela Astronomia une adultos e crianças, e a UFSC, ao longo de sua história, por meio de sua comunidade, criou mecanismos de popularização desta ciência. As estruturas do Observatório e do Planetário existem para esse fim principal, porém, com algumas diferenças.

O Observatório Astronômico é uma estrutura mantida pelo Centro de Ciências Físicas e Matemáticas (CFM), onde os visitantes podem observar diretamente os objetos celestes através de telescópios. Nesse local, para que a observação seja possível, é necessário que o céu esteja limpo ou parcialmente limpo, ou seja, com poucas nuvens. 

Projeção no Planetário da UFSC mostra constelações e planetas. (Foto: Ariéll Cristóvão/Agecom/UFSC)

Nos dias de visita aberta ao público, o Observatório torna-se um espaço de circulação livre e observação de objetos celestes visíveis naquele momento. Dentre esses objetos estão os planetas (atualmente Júpiter e Marte), a Lua, aglomerados de estrelas e nebulosas (com destaque para a Nebulosa de Órion). 

“Eu sou apaixonado por Astronomia, foi o motivo de eu ter entrado no curso de Física. É maravilhoso poder dar aula, principalmente para as crianças. Ver o brilho no olhar delas, cheias de curiosidade depois de explicarmos algum conceito, é algo mágico. Nosso trabalho é muito mais do que explicar: é fazer com que perguntas surjam”, conta Gustavo Koch, estudante do curso de graduação em Física e bolsista do Observatório.

O Planetário da UFSC, espaço físico cuja gestão é do Centro de Filosofia e Ciências Humanas (CFH), é uma sala fechada com uma cúpula onde o céu é projetado, assim como uma tela de cinema. Diferente do Observatório, as visitas ao Planetário ocorrem independentemente das condições climáticas.

Oferecer essas experiências é o compromisso de professores, técnicos-administrativos e estudantes envolvidos no Grupo de Astrofísica (GAS) da UFSC.

“Falar de astronomia com o público é divertido e mostra que ciência é feita por pessoas iguais a elas. Conhecimento é algo que pertence a toda a sociedade”, diz Bárbara Cipriani, que também é estudante de Física e bolsista do projeto.

O Observatório da UFSC é o espaço onde é possível observar astros por meio de telescópios. (Foto: Ariéll Cristóvão/Agecom/UFSC)

Regina Bento de Castro é estudante do curso de graduação em Geografia também é bolsista do Observatório Astronômico e explica que seu curso tem muito a ver com a astronomia. “Percebo que as pessoas podem ter dificuldade de compreender tamanhos e distâncias dentro de uma perspectiva astronômica. Com isso, tento relacionar as localizações do Sistema Solar com as localizações do nosso dia a dia. Imaginar o Sistema Solar sendo uma cidade por exemplo, onde cada planeta seria semelhante a um bairro vizinho; imaginar Alpha Centauri (sistema solar mais próximo do nosso) como uma cidade vizinha; imaginar que a Via Láctea é como se fosse o nosso estado e as demais galáxias como outros estados que estão presentes dentro de um país (grupo local de galáxias)”, complementa.

As pessoas que visitam também compartilham o encantamento proporcionado pelas atividades. Helena Júlia, que esteve pela primeira vez no Observatório e no Planetário da UFSC, descreve: “A possibilidade de fazer uma ‘viagem no tempo’ no Planetário e ver planetas ao vivo no Observatório foi incrível. Não me arrependi nem por um segundo.”

O que observar

Nem todos os objetos celestes são visíveis nos telescópios e nem todos precisam de um telescópio para serem observados. A equipe do Observatório ressalta que a Lua, por exemplo, é observada em telescópio todas as noites em que está visível, sendo as meias fases (crescente e minguante) as mais interessantes para se observar o relevo lunar, como crateras e montanhas, devido ao contraste proporcionado pela luz solar.

“Antes eu via o céu e pensava ‘é só uma estrela’. Agora cada ponto se transformou em algo fascinante. Saber o nome das constelações, entender a história por trás delas, mudou minha visão completamente”, relata Sthefany Gomes estudante do curso de Letras – Língua Portuguesa e Literaturas e também bolsista do projeto.

Expansão e investimentos

O Observatório e o Planetário da UFSC também buscam expandir suas atividades. Entre os novos projetos previstos, estão sessões de espectroscopia, paralaxe e câmara escura, voltadas principalmente para estudantes do ensino médio. “Estamos desenvolvendo atividades mais interativas, como observar a luz emitida por diferentes gases através de um prisma. Assim, mostramos como é possível identificar a composição de elementos aqui na Terra ou em galáxias distantes”, explica o professor Kanaan.

Entretanto, os desafios orçamentários são um entrave para a ampliação de novas ações. “A maior dificuldade é o financiamento, tanto para manutenção dos equipamentos quanto para o pagamento de bolsistas. A UFSC faz o que pode, mas o orçamento geral da universidade está muito encolhido”, aponta o professor.

O Planetário da UFSC retomou as atividades de forma plena em 2024, após a aquisição de um novo projetor digital. A ocasião da reinauguração foi um momento de muitas falas a respeito das dificuldades orçamentárias e esforços envidados para que espaços como esses sejam preservados e modernizados.

Projeção na cúpula do Planetário mostra uma faixa mais iluminada, que é uma porção de nossa galáxia, a Via Láctea. Constelações estão espalhadas pela cena, como a de Touro e de Órion, assim como o aglomerado das Plêiades visível à esquerda. (Foto: Ariéll Cristóvão/Agecom/UFSC)

Programe-se

As visitas abertas ao público no Observatório Astronômico ocorrem às quartas-feiras, das 18h30 às 21h30, dependendo das condições climáticas. No mesmo dia, todas as quartas-feiras a partir das 18h30, o Planetário da UFSC está aberto para receber o público em sessões com horários definidos.

O Planetário oferece uma sessão infantil às 18h30, com conteúdo especialmente elaborado para crianças e uma sessão para todas as idades às 19h que apresenta o céu da noite. O Planetário tem limite de ocupação de 39 pessoas, por ordem de chegada, e uma vez que a exibição começa, não é permitida a entrada para não atrapalhar a experiência imersiva na escuridão.

Além da programação noturna, a equipe do Observatório Astronômico oferece às quartas-feiras, das 11h30 às 12h30, a observação solar aberta ao público, com telescópio instalado em frente à Reitoria da UFSC. Para essa observação é necessário ter céu limpo.

Escolas e grupos organizados com 10 pessoas ou mais podem agendar visitas guiadas enviando um e-mail para observatorio@contato.ufsc.br. 

A UFSC, por meio do Planetário, também oferece o espaço físico para palestras e iniciativas do Grupo de Estudos de Astronomia (GEA), que é uma associação de astrônomos amadores, sem fins lucrativos, que mantém cooperação com a Universidade com atividades de divulgação da astronomia e ciências afins. Confira o calendário de atividades do GEA para este semestre.

Informe-se

Para saber se o Observatório estará aberto em uma quarta-feira específica, devido às condições climáticas, a comunidade pode consultar o site oficial, com as atualizações feitas em tempo real pela equipe. Além disso, a programação e outras informações são divulgadas no Instagram do Observatório.

Mayra Cajueiro Warren | Jornalista da Agecom
Ariéll Cristóvão | Estagiário da Agecom
agecom@contato.ufsc.br