Covid-19: UFSC coordena projeto em rede nacional que avaliará o cuidado de enfermagem

10/07/2020 11:42

Por meio de levantamentos documentais, questionários e entrevistas, uma rede de pesquisa multicêntrica nacional irá avaliar o cuidado de enfermagem a pacientes com Covid-19 em hospitais universitários brasileiros. Sob coordenação dos professores do Departamento de Enfermagem da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) Alacoque Lorenzini Erdmann, também vice-reitora da instituição, e José Luís Guedes dos Santos, o projeto teve seu financiamento aprovado na categoria Atenção à Saúde da chamada Pesquisas para enfrentamento da Covid-19, suas consequências e outras síndromes respiratórias agudas graves, do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) em parceria com o Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC) e o Ministério da Saúde (MS). A aprovação foi anunciada na última terça-feira, 7 de julho.

O trabalho envolve dez instituições (duas de cada região do país): além da UFSC, fazem parte as universidades federais de Santa Maria (UFSM), de São Paulo (Unifesp), do Rio de Janeiro (UFRJ), do Rio Grande do Norte (UFRN), da Bahia (UFBA), do Pará (UFPA), do Amazonas (UFAM), de Mato Grosso (UFMT) e de Mato Grosso do Sul (UFMS). Está prevista, ainda, uma parceria com a University of British Columbia, no Canadá.

No âmbito da UFSC, o estudo será conduzido por professores e alunos de pós-graduação vinculados ao Laboratório de Pesquisa, Tecnologia e Inovação em Políticas e Gestão do Cuidado e da Educação em Enfermagem e Saúde (Gepades), que tem mais de 30 anos de experiência na produção de conhecimento e na formação de pesquisadores na área de políticas, gestão e avaliação do cuidado em saúde e enfermagem. “A gestão do cuidado de enfermagem é vital para o atendimento adequado e seguro às pessoas numa pandemia como essa que o mundo vem enfrentando”, afirma Alacoque. Nesse sentido, explica José Luís, a iniciativa surgiu do interesse em entender como os hospitais universitários e, mais especificamente, seus enfermeiros estão organizando e gerenciando o cuidado de pacientes infectados pelo novo coronavírus e propor boas práticas de cuidado diante dos desafios demandados. 

O grupo trabalhará em três frentes de atuação. A primeira consiste em conhecer o ambiente de trabalho da enfermagem e envolverá aspectos como a caracterização da organização dos hospitais para receber pacientes de Covid-19, o suporte organizacional e os recursos disponíveis para a realização do cuidado ao paciente e a proteção dos profissionais. A segunda dimensão se refere ao processo de preparação do paciente para a alta hospitalar e à continuidade do cuidado. Por fim, o terceiro foco da pesquisa compreende a experiência dos pacientes recuperados e de seus familiares e suas percepções sobre a atuação da equipe de enfermagem durante a internação. 

O trabalho envolve métodos quantitativos e qualitativos. Estudos documentais irão abranger relatórios dos hospitais e consultas às informações processadas pelo Sistema de Informações Hospitalares do SUS. Também serão realizadas entrevistas com profissionais da saúde. A partir de seus relatos, os pesquisadores elaborarão um questionário que será aplicado em maior escala. As experiências de pacientes e seus familiares, por sua vez, será avaliada por meio da aplicação de instrumentos de satisfação e de entrevistas. 

Padrões de qualidade e boas práticas 

O projeto prevê uma série de contribuições. A primeira delas é o desenvolvimento de um repositório digital para compartilhamento de padrões de qualidade e boas práticas para o enfrentamento da Covid-19 e o aprimoramento da atenção à saúde. Também estão previstos webinários para disseminação dos resultados parciais e a elaboração de um e-book para divulgar as boas práticas e os resultados exitosos que têm sido obtidos nos hospitais universitários em relação às experiências de cuidado de enfermagem. 

José Luís ressalta a relevância da disseminação das boas práticas para a continuidade do combate à Covid-19: “Não temos ainda clareza de como vai ser a evolução da pandemia, fala-se na possibilidade de uma segunda onda de infecções por coronavírus. A perspectiva para médio e longo prazo é de que seja uma doença endêmica, ou seja, vamos ter casos contínuos ao longo dos próximos anos. Então, é importante que esse conhecimento que será produzido de boas práticas e padrões de qualidade do cuidado de enfermagem possa ser aprimorado à medida que novos casos surjam”. Ele salienta que esses conhecimentos poderão ser úteis para enfrentar outras epidemias ou pandemias que eventualmente possam ocorrer. “É importante que, caso haja no futuro outra experiência como essa, não se parta do zero, já se tenha uma experiência prévia de como organizar o serviço hospitalar e a equipe de enfermagem para essa atuação em um contexto tão específico de prática assistencial”, complementa o professor. 

Também participam do estudo, no âmbito da UFSC, as professoras Ana Lucia Schaefer Ferreira de Mello, Diovane Ghignatti da Costa, Elisiane Lorenzini, Gabriela Marcellino de Melo Lanzoni e Maria Fernanda Baeta Neves Alonso da Costa. Com duração prevista de dois anos, o projeto possibilita, ainda, a vinculação de estudantes de mestrado e doutorado e de doutores em estágio pós-doutoral.

 

Camila Raposo/Jornalista da Agecom/UFSC

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