Professoras da UFSC Araranguá orientam pessoas com doenças respiratórias crônicas
Um grupo de professoras do Departamento de Ciências da Saúde do campus de Araranguá da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) elaborou um documento voltado à orientação em relação à Covid-19 para pessoas com doenças respiratórias crônicas. O material reúne os sintomas a que esses indivíduos devem ficar atentos, medidas de prevenção para adultos e crianças e instruções sobre o que deve ser feito em caso de exacerbação da doença, além de detalhar as principais ações relacionadas ao tema desenvolvidas no Campus Araranguá. Duas cartilhas complementam o artigo, com um guia ilustrado de etiqueta respiratória e orientações para realização de exercícios domiciliares por indivíduos com doenças respiratórias crônicas.
Segundo as autoras, os cuidados descritos são especialmente importantes porque essas pessoas têm maior propensão a apresentar a forma mais grave da Covid-19. Elas alertam ainda que, apesar de, na média, a gravidade da doença em crianças ser de leve a moderada, “é sabido que nas crianças prematuras, os sistemas respiratório e imunológico são imaturos, levando a um aumento das chances de infecções do trato respiratório”.
Assinam o documento as professoras Livia Arcêncio do Amaral, Danielle Soares Rocha Vieira e Cristiane Aparecida Moran. Também colaboraram Talita Tuon, professora do Programa de Pós-graduação em Ciências da Reabilitação da UFSC, Gabriela Leopoldino, fisioterapeuta do Instituto de Cardiologia de Porto Alegre, e as estudantes Natália Consoni, Juliana Bastos de Oliveira e Niágeri Cioato, do curso de graduação em Fisioterapia da UFSC.
Prevenção
Além das estratégias relativas à etiqueta respiratória, as pesquisadoras apontam que outras recomendações importantes para pessoas com doenças respiratórias crônicas precisam ser consideradas:
- manter a utilização adequada das medicações prescritas pelo médico responsável;
- ficar atento se os sintomas respiratórios estão estáveis. Em caso de piora, se possível, entrar em contato com o médico responsável por telefone. Além disso, a maioria das cidades contam atualmente com centrais de atendimento e centros de triagem para pessoas com suspeita de infecção pela Covid-19;
- manter alimentação balanceada, hidratação, bons hábitos de sono e vacinar-se.
- cessar tabagismo: estudos têm mostrado que indivíduos que fumam apresentam maior chance de desenvolver a forma mais grave da doença;
- realizar exercícios e técnicas respiratórias para auxiliar no controle da sensação de falta de ar e na eliminação do catarro;
- manter-se fisicamente ativo por meio de exercícios que possam ser realizados em casa;
- respeitar o distanciamento social e sair de casa somente em caso extremamente necessário e, no retorno para casa, seguir as recomendações de higienização e desinfecção. É importante que os familiares que moram na mesma casa respeitem as orientações de isolamento e tenham boas condições de higiene;
- manter a casa ventilada e higienizá-la diariamente com água e sabão e em seguida usar álcool 70% ou desinfetante, tomando cuidado para não usar produtos que piorem os sintomas respiratório.

Cartilha reúne orientações de exercícios respiratórios, técnicas para remoção da secreção e exercícios para movimentação corporal
Exercícios respiratórios
A reabilitação pulmonar é considerada essencial na abordagem dos pacientes com doenças respiratórias crônicas. Em decorrência da pandemia de Covid-19 e da necessidade de distanciamento social, os pacientes não estão realizando a reabilitação em nível ambulatorial. Dessa forma, orientações relativas à continuidade do tratamento em casa são de grande importância. Com isso em vista, o grupo desenvolveu uma cartilha digital para adultos com orientações para realização de exercícios respiratórios para alívio da falta de ar, técnicas para auxiliar na remoção da secreção e exercícios para movimentação corporal que podem ser realizados no ambiente domiciliar.
Sintomas
Os sintomas respiratórios relacionados à Covid-19 são: tosse (geralmente seca); espirros (raro); coriza ou nariz entupido (raro); dor de garganta e falta de ar. Sintomas que devem ser considerados como sinais de alerta de emergência e que requerem necessidade de atendimento médico são: dificuldade em respirar; dor ou pressão persistente no peito; confusão mental ou incapacidade de despertar; lábios ou rosto azulados.
Outros sintomas não respiratórios que também podem ocorrer são: febre; cansaço, dores no corpo e mal-estar, diarreia (raro) e dor de cabeça. Em recém-nascidos, os sintomas mais frequentes são a instabilidade térmica, atividade diminuída, recusa alimentar e frequência respiratória aumentada.
Ações desenvolvidas pela UFSC Araranguá
As professoras Lívia Arcêncio do Amaral e Danielle Vieira, coordenadoras do Laboratório de Pesquisa em Fisioterapia Cardiovascular e Respiratória da UFSC (Lacor), têm tem dado suporte intelectual para o desenvolvimento do protocolo de atendimento fisioterapêutico de pacientes com Covid-19. Além disso, juntamente com alunas envolvidas no projeto, têm desenvolvido material de divulgação para pacientes com doenças respiratórias crônicas. O Lacor conta com páginas no Facebook e no Instagram.
O Grupo Prematuridade, coordenado pela professora Cristiane Moran, com colaboração do Lacor e da fisioterapeuta do Hospital Regional de Araranguá Susana da Costa Aguiar, elaborou um protocolo de atendimento para a população infantil, com estratégias hospitalares e domiciliares para os cuidados e prevenção da Covid-19. O material será disponibilizado em breve no site do Grupo Prematuridade e na página do Instagram.
O projeto de extensão “Atividade: grupo de atividade para idosos com doenças crônicas não transmissíveis”, coordenado pela professora Heloyse Uliam Kuriki, desenvolveu uma cartilha com orientações para manutenção de realização de exercícios domiciliares durante o período de distanciamento social.
O Grupo de Trabalho da UFSC Araranguá de Enfrentamento à Pandemia do Covid-19, coordenado pela professora Ione Schneider, foi criado com o intuito de o Campus Araranguá auxiliar a sociedade neste momento de crise. Já foram realizadas atividades de educação em saúde com abordagem a aproximadamente 3 mil pessoas em barreiras sanitárias. Também são prestados auxílios no monitoramento da pandemia e planejamento das ações na região, no setor de saúde da mulher da Secretaria Municipal de Saúde e no monitoramento de casos suspeitos nos município de Balneário Arroio do Silva e Araranguá. A equipe também trabalha na construção e na divulgação de boletins epidemiológicos e materiais informativos. Além disso, servidores e alunos voluntários desenvolvem diversas ações, como a produção de máscaras para serem utilizadas na proteção dos profissionais de saúde. As atividades e os boletins podem ser acessados no site do grupo de trabalho e no Instagram.
Notícia atualizada em 17 de abril de 2020, às 17h50.