Em audiência com estudantes, Administração Central encaminha reativação do Fórum de Segurança

Hall da Reitoria recebeu audiência entre estudantes e Administração Central. (Foto: Henrique Almeida/Agecom/UFSC)
“Na sessão ordinária [do Conselho Universitário da UFSC] de 27 de novembro entrarão em pauta duas questões: a composição de um Fórum de Segurança e a solicitação de manifestação do CUn quanto aos eventos que aconteceram entre os dias 1º e 2 de novembro”. Com essas palavras, o chefe de Gabinete da Reitoria da UFSC, Áureo de Moraes, firmou o consenso entre os participantes da audiência pública entre a Administração Central e seus estudantes de graduação.
A audiência, realizada na tarde de quarta-feira, 14 de novembro, a partir das 13h no hall do prédio da Reitoria, foi um pedido do Conselho de Entidades de Base (CEB) da UFSC, que reúne todos os Centros Acadêmicos. A solicitação se deu após diversas denúncias de estudantes quanto à ação da Polícia Militar (PM) no campus central, na madrugada do último 2 de novembro. Na ocasião, os presentes relataram intimidação, ameaças, violência física, tiros de bala de borracha, contra os estudantes. A reitoria da UFSC informou que aguarda relatório da PM para se manifestar sobre o incidente.
Audiência teve encaminhamentos consensuais
Por meio de documento formalmente encaminhado à Reitoria, o CEB solicitou que a autoridade máxima da instituição justificasse a ausência de uma manifestação que os estudantes considerariam mais contundente. Ademais, foram requeridas informações sobre as formas de atuação da PM no campus e quais seus limites, além de explicações quanto à informação de que a Reitoria havia dado plenos poderes à atuação da PM em suas dependências.
Os pedidos formalmente entregues foram reforçados por cerca de 70 estudantes presentes. A Administração Central – representada pelo reitor, Ubaldo Balthazar, o chefe de Gabinete, Áureo Moraes, o pró-reitor de Assuntos Estudantis, Pedro Manique, e o secretário de Segurança Institucional, Leandro de Oliveira. Segundo Áureo: “a expectativa é que essa Universidade se posicione a partir de sua principal instância, que é o Conselho Universitário”. Os alunos se manifestaram favoráveis a este entendimento.
Tendo em vista as muitas dúvidas e solicitações dos acadêmicos, a Administração Central acordou de que na sessão ordinária do Conselho Universitário (CUn) do dia 27 de novembro será colocada em pauta a reativação do Fórum de Segurança da UFSC e a manifestação do CUn quanto aos fatos relatados nas primeiras horas do dia 2 de novembro.
Além dos representantes da Administração Central, a Reitoria convidou todos os diretores de Centros de Ensino, dos quais quatro se fizeram presentes: Miriam Hartung (Centro de Filosofia e Ciências Humanas – CFH), Irineu de Souza (Centro Socioeconômico – CSE), Antônio Brunetta (Centro de Ciências da Educação – CED) e Lício Bezerra (Centro de Ciências Físicas e Matemáticas – CFM).
O que dizem os estudantes

Miriam Hartung, diretora do CFH também participou da audiência. (Foto: Henrique Almeida/Agecom/UFSC)
Segundo Luca, estudante de Geografia e representante do Diretório Central dos Estudantes da UFSC (DCE), “a audiência foi chamada pelo CEB frente à repressão da PM no campus. O objetivo da audiência não era somente a de cobrar a Reitoria, mas também, ter entendimento quanto aos termos para as atividades no campus e a perspectiva para a política de segurança na UFSC. Foi encaminhado documento solicitando manifestação sobre os eventos, mas também sobre política de segurança, inclusive quanto à iluminação no campus. O resultado foi positivo”.
Luca ainda sintetizou muitas das falas durante as quase três horas de audiência. O representante do DCE manifestou que o objetivo de buscar soluções para a segurança na Universidade não pode significar repressão às ações culturais e de integração da comunidade universitária. Diante dos atuais impasses, o envolvimento da comunidade, por meio de fóruns democráticos, é a opção mais viável, segundo os atuais debates estudantis.

Estudantes debateram soluções para segurança na UFSC com Administração Central durante a tarde do dia 14 de novembro. (Foto: Henrique Almeida/Agecom/UFSC)
Ainda segundo os estudantes presentes à audiência, uma medida para assegurar os espaços de integração estudantil sem perturbação dos moradores do entorno do campus central e sem a necessidade de ações ostensivas é a reforma do Centro de Convivência. Localizado no centro do campus Trindade, o prédio se constituiu historicamente como um espaço de integração e possui dois pavimentos bastante amplos, com grandes banheiros, amplas salas e um auditório.
Luca afirma que o DCE tem a “[…] convicção de que trazer a PM para o campus não é a solução. Nunca foi em nenhuma universidade. Desde 2016 sua atuação tem se intensificado na UFSC e não surte efeito contra a violência, só traz repressão aos estudantes. O que foi encaminhado, de buscar soluções democráticas para a segurança e para as festas, é uma opção de diálogo amplo entre toda a comunidade universitária. Os debates em pequenos grupos, ou só das reitorias, já mostrou que não surte efeito. A audiência foi positiva e a reforma do Centro de Convivência é uma opção para organizar as festas com segurança”.
Quanto ao Centro de Convivência, a representação estudantil assim resumiu o atual estágio da edificação: “Desde a última gestão tem-se buscado retomar aquele espaço. Sabemos que é uma área nobre e que tem muitos interesses naquela área. Há quatro anos os estudantes haviam conseguido iniciar uma reforma, mas, posteriormente, foi abandonada pelas gestões que se seguiram no DCE. Desde a gestão passada do DCE os estudantes têm tomado a iniciativa de reutilização, com limpeza da área. Recentemente, o acesso ao segundo pavimento foi bloqueado e esperamos que seja dada uma explicação para isso. Já foi afirmado que o prédio estaria condenado a desabamento, a partir de um laudo técnico. Após muita procura, não encontramos nenhum laudo e tomamos a iniciativa de realizar uma avaliação técnica. Nessa avaliação, que é a única realmente existente, está demonstrado que o Centro de Convivência está em perfeito estado estrutural, com necessidade de pequenas reformas, mas sem oferecer qualquer risco. Estamos lutando para tornar este um espaço democrático, com 50% de gestão da Reitoria e 50% dos estudantes”.
Gabriel Martins/Agecom/UFSC