Mutirão Verde na ilha de Araçatuba marca retomada de sítios históricos

21/08/2015 10:14

Um grupo de 120 voluntários ocupou a Fortaleza de Nossa Senhora da Conceição de Araçatuba para limpeza e conservação do sítio histórico, na quinta-feira, 20 de agosto. Parte das comemorações do Dia do Soldado, o “Mutirão Verde” integrou militares da Brigada Silva Paes, integrantes e bolsistas do projeto Fortalezas, da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), e interessados em ecologia, belas imagens, turismo e conservação histórica.

O evento também marcou a retomada, pelo Exército Brasileiro, dos sítios históricos da ilha de Araçatuba e do forte Marechal Moura de Naufragados, no sul da Ilha de Santa Catarina, para serem revitalizados e utilizados como centros culturais e históricos do Exército Brasileiro. Uma placa com instruções de visitação ao local (somente com autorização expressa do Exército) foi inaugurada durante a atividade. De acordo com o comandante da Brigada, general Richard Fernandez Nunes, é necessária “uma série de recomendações para impedir que a área seja degradada por uso indevido”.

O general afirmou que o Exército faz o planejamento para “preservação e criação de melhores condições de visitação nos dois locais a longo prazo, para que os turistas possam se aproximar. Queremos fazer o mesmo que outras fortificações históricas. Uma parceria como a de hoje é um bom sinal”.

Arquiteto do projeto Fortalezas, ligado à Secretaria de Cultura da UFSC, Roberto Tonera explica que é preciso reconstruir atracadouros nos dois locais. “Serão duas novas opções de turismo cultural e ecológico, e – o mais importante – recuperar as duas últimas fortificações da Ilha de Santa Catarina.” Tonera explica que Nossa Senhora da Conceição de Araçatuba é uma das quatro fortalezas idealizadas pelo brigadeiro José da Silva Paes no século XVIII para proteção da Ilha de Santa Catarina, a única ao sul. As demais – Santa Cruz de Anhatomirim, Santo Antônio de Ratones e São José da Ponta Grossa – são administradas pela UFSC.

A fortaleza de Araçatuba está incluída no Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) das Cidades Históricas com projetos de paisagismo, comunicação visual e consolidação de ruínas. “Como o Exército pretende transformar os locais, haverá a demanda de outros projetos de restauração para dar suporte à visitação, como sanitários, locais para administração, exposições, e se possível, uma cafeteria”, conta Tonera.

A principal dificuldade encontrada pelos participantes foi o desembarque e retorno para as embarcações da Marinha do Brasil e da empresa Scuna Sul (cedida em parceria com a Associação das Empresas de Transporte Náutico de Canasvieiras para transporte de voluntários). Um bote inflável do Corpo de Bombeiros e um pescador da região auxiliaram no transporte à ilha, através de uma piscina natural, que funcionou como atracadouro.

O lixo deixado por visitantes sem autorização continha colchões, materiais usados em churrasco, cadeiras. Tudo foi recolhido pelos voluntários e carregado para as embarcações para o descarte ambientalmente correto. Junto com a limpeza, militares e civis puderam desfrutar da paisagem e da história do local, com um tour apresentado pelo arquiteto da UFSC, autor do livro As defesas da Ilha de Santa Catarina e do Rio Grande de São Pedro em 1786.

Araçatuba chegou a integrar o projeto Fortalezas de 2001 a 2003, mas retornou para a jurisdição do Exército. “A UFSC iniciou o processo de restauro da área, com diversas pesquisas, levantamento histórico e cadastros físico e arquitetônico. Há projetos de atracadouro, para a ilha receber energia elétrica por cabo submarino, e até para dessalinização da água, pelo Departamento de Engenharia Sanitária.”

Os futuros projetos de reabilitação de Araçatuba serão definidos seguindo recomendações internacionais. “Para haver uma restauração completa, deve haver informação suficiente para isto. O edifício, mesmo em ruínas, conta coisas.” Em Araçatuba, algumas construções, como o paiol da pólvora estão em boas condições, incluindo até a cobertura. Em outras, há apenas indícios. “Os restauradores devem montar um quebra-cabeça com as informações, basearem-se em informações fidedignas, iconografias e fotos antigas que mostram detalhes.” Ele lembrou que há propostas polêmicas, como a de incorporar as ruínas em projetos contemporâneos. “As ruínas ficam como anexos de uma estrutura autônoma.”

 

Caetano Machado/Jornalista da Agecom/DGC/UFSC

caetano.machado@ufsc.br

Fotos: Caetano Machado e Poliana Dallabrida Wisentainer/Estagiária de Jornalismo do Projeto Fortalezas/UFSC

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