UFSC Explica: Amamentação

03/08/2016 16:30

AMAMENTAÇÃO1_facebookA partir do momento que sabe que está grávida, a mãe faz planos sobre como receberá seu bebê. Muitas expressam o desejo de amamentar, e buscam orientações. Conversamos com Evanguelia Kotzias Atherino dos Santos, professora do Departamento de Enfermagem sobre o panorama da amamentação no Brasil e no mundo, os principais mitos da amamentação e dicas gerais. Confira.
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Semana Mundial do Aleitamento Materno aborda temática sustentável

01/08/2016 08:03
Josiane Tschucambang, estudante de Licenciatura Indígena, amamenta o filho Mõgjãg, de 1 ano e 7 meses, no Bosque do CFH. (Foto: Henrique Almeida/Agecom/UFSC)

Josiane Tschucambang, estudante de Licenciatura Indígena, amamenta o filho Mõgjãg, de 1 ano e 7 meses, no Bosque do CFH. (Foto: Henrique Almeida/Agecom/UFSC)

Todo ano, a Semana Mundial do Aleitamento Materno é celebrada de 1º a 7 de agosto em todo o mundo, com um tema central pertinente à prática da amamentação. Em 2016, a campanha internacional traz o tema “Objetivos do desenvolvimento sustentável e o aleitamento materno”, com eventos de capacitação planejados para profissionais da Saúde e mobilização social.

Em Santa Catarina, a programação da Semana inclui eventos de atualização para profissionais da Saúde, dos quais um será realizado no Hospital Universitário (HU) da UFSC, no dia 3 de agosto, quarta-feira, e uma série de “mamaços”, em várias cidades do estado, no dia 6 de agosto, sábado. A lista com as cidades e “mamaços” confirmados pode ser acessada aqui.

Em Florianópolis, “A Hora do Mamaço” acontece no Parque de Coqueiros, das 14h às 16h. Uma das organizadoras do evento, a consultora em amamentação, Caroline Scheuer, destaca que a proposta é reunir mães amamentando ao ar livre, reforçando, assim, a importância do aleitamento materno, em qualquer lugar. “O mamaço vem como forma de mostrar pra sociedade, de forma impactante, que as mães querem poder amamentar em público. É naturalizar a amamentação, que culturalmente é mostrada como algo reservado, mas que é muito natural. Vamos trazer o tema da sustentabilidade e programação variada para as mães, com roda de conversa, dança materna entre outras atividades”, ressalta Caroline. O evento e mais informações podem ser acessados no Facebook.

Amamentar em qualquer lugar é um direito assegurado por lei. Está em vigor desde junho deste ano a legislação estadual que pune com multa os estabelecimentos comerciais de Santa Catarina que impedirem mães de amamentar os filhos em suas dependências. Segundo a lei, se o estabelecimento descumprir a determinação, poderá ser penalizado com multas de R$ 2 mil a R$ 40 mil. Outro projeto de lei semelhante tramita no Congresso Nacional.

Amamentação e sustentabilidade

Renata Fontanella Sander, ex-aluna da UFSC, amamenta Maria Clara, de 1 ano e 2 meses. (Foto: Pipo Quint/Agecom/UFSC)

Renata Fontanella Sander, ex-aluna da UFSC, grávida de oito meses, amamenta Maria Clara, de 1 ano e 2 meses. (Foto: Pipo Quint/Agecom/UFSC)

A organização da Semana Mundial do Aleitamento Materno é de responsabilidade da Rede Internacional em Defesa do Direito de Amamentar (Ibfan). A Ibfan aponta que, embora a amamentação não esteja entre os 17 Objetivos do Desenvolvimento Sustentável estabelecidos pela Organização das Nações Unidas (ONU), é impossível pensar no cumprimento de muitos deles sem o aleitamento materno.

Segundo o Ibfan, “o leite materno é o alimento mais acessível, seguro, completo e oportuno para bebês e crianças pequenas em qualquer situação socioeconômica, em qualquer lugar do mundo. Dessa forma, o aleitamento materno cabe praticamente em cada um dos objetivos, de forma direta ou indireta, pois, para que haja a erradicação da pobreza, é crucial a garantia do direito humano à alimentação adequada”.

“A amamentação tem inúmeras vantagens relacionadas ao tema sustentabilidade”, explica Marcia Del Castanhel, coordenadora do Comitê Municipal de Aleitamento Materno de Florianópolis, sobre o tema da Semana em 2016. “A amamentação é ecológica, pois ajuda a reduzir o consumo do leite de vaca, uso de plásticos e embalagens, prevenção e erradicação da fome e da violência. São muitos os benefícios para a sociedade que apoia a amamentação”, salienta.

A coordenadora destaca o papel do Brasil nas pesquisas e políticas públicas referentes ao apoio à amamentação. Ela indica dados levantados pelo pesquisador da Universidade Federal de Pelotas (UFPEL), Cesar Gomes Victora, que  publicou, em janeiro deste ano, dois artigos na revista britânica The Lancet sobre as tendências de indicadores de amamentação no mundo, os benefícios da amamentação, a importância das intervenções para estimular sua realização e duração, bem como os desafios para a promoção desse comportamento saudável.

Victora compara o leite materno a um “medicamento personalizado”, com diversas vantagens nutricionais, imunológicas, econômicas e ambientais. Em seus estudos, descobriu que as mortes de 823 mil crianças e 20 mil mães poderiam ser evitadas a cada ano com a universalização da amamentação, tendo como benefício adicional uma economia de 300 bilhões de dólares. Os artigos traduzidos para o português foram publicados pela revista A Epidemiologia e Serviços de Saúde, do Sistema Único de Saúde (SUS), e podem ser acessados aqui e aqui.

Amamentação na UFSC

Flávia Genovez Scoz, mestranda em Literatura, amamenta a filha Ana Liz, de 11 meses, na feirinha da UFSC. (Foto: Pipo Quint/Agecom/UFSC)

Flávia Genovez Scoz, mestranda em Literatura, amamenta a filha Ana Liz, de 11 meses, na feirinha da UFSC. (Foto: Pipo Quint/Agecom/UFSC)

A secretária de Ações Afirmativas e Diversidades (Saad), Francis Tourinho, destaca que a UFSC, por meio do HU e do Centro de Ciências da Saúde (CCS), já atua fortemente no apoio ao aleitamento, e esse incentivo deve aumentar em breve, com a criação de uma sala de amamentação na UFSC. “Neste ano, em novembro, acontece o Encontro Nacional de Aleitamento Materno na UFSC, e queremos lançar, durante o evento, a primeira sala de amamentação da Universidade. Estamos buscando informações para montar esse espaço e para que ele seja de acolhimento às mães da UFSC. Existem normas e melhores práticas sobre isso, e estamos consultando especialistas de dentro e fora da Universidade para que seja um espaço ideal”, salienta a secretária.

Segundo Evanguelia Kotzias Atherino dos Santos, professora do Departamento de Enfermagem e presidente do Encontro Nacional de Aleitamento Materno, a sala de apoio à mulher trabalhadora e estudante que amamenta já é realidade em algumas universidades. Em Santa Catarina, foram implantadas na Eletrosul e na Maternidade Darci Vargas de Joinville. “Não é uma sala para a mulher amamentar privativamente. A mãe pode amamentar onde quiser. É um espaço para a mulher fazer a coleta do leite materno depois que volta ao trabalho ou aos estudos. Muitas mulheres fazem isso no banheiro, e não é apropriado e nem confortável”, explica Evanguelia.

A pesquisa de Vanessa Martinhago Borges Fernandes, que concluiu seu mestrado em 2015 na UFSC, aponta que a visão dos gestores em relação às salas e às políticas de apoio à amamentação são limitadas. Foram entrevistados 20 gestores de empresas públicas e privadas sobre o tema. A dissertação está disponível aqui.

A UFSC também conta com a Central de Incentivo ao Aleitamento Materno (Ciam), localizada na Maternidade do HU. A Ciam é um dos centros de referência em amamentação de Santa Catarina e oferece cursos e atendimento individual, de segunda a sexta-feira, das 7h às 19h. Entre os serviços disponíveis estão orientações quanto à pega correta, saúde do seio, cuidados e ordenha. A Ciam também promove anualmente um curso de Manejo e Promoção do Aleitamento Materno para os estudantes e profissionais da UFSC que atendem a mulher e o bebê. Esse curso também é extensível às unidades básicas de saúde da Prefeitura de Florianópolis e do Estado de Santa Catarina.

 

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Mayra Cajueiro Warren
Jornalista da Agecom/UFSC
(48) 3721-9601
mayra.cajueiro@ufsc.br

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