Projeto da UFSC busca combater prejuízos causados por furtos em dutos da Petrobras
Um grupo de professores, alunos, servidores e engenheiros do Instituto de Soldagem e Mecatrônica (LabSolda) e do Grupo de Análise de Tensões (Grante) do Departamento de Engenharia Mecânica da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) tem como objeto de pesquisa diferentes formas de reparos de dutos onshore (em terra) da Petrobras. A proposta do projeto é oferecer maior eficiência, confiabilidade e segurança aos reparos, reduzindo perdas de derivados de petróleo – como gasolina, óleo diesel, entre outros – na malha dutoviária da empresa petrolífera.
“O trabalho é orientado ao reparo de dutos perfurados clandestinamente para furto de produto, quando os indivíduos perfuram o duto em operação”, explica o professor Régis Henrique Gonçalves e Silva, coordenador do projeto. Financiado pela Petrobras, a iniciativa tem apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa e Extensão Universitária (Fapeu) e duração prevista de, pelo menos, três anos. “A Fapeu tem fundamental importância no gerenciamento administrativo e financeiro em toda a diversidade de ações acessórias ao projeto, como contratações, compras ou importações”, define o professor Régis Silva.
Para a Petrobras, os dutos representam a maneira mais eficiente de transporte e movimentação de petróleo e combustíveis, com a subsidiária Transpetro operando uma rede de mais de 14 mil quilômetros de oleodutos e gasodutos no território brasileiro. A companhia afirma que a prática ilegal do roubo de combustível a partir dos dutos, a chamada derivação clandestina, vem se tornando cada vez mais comum e gerando riscos reais de vazamentos, incêndios ou explosões. Ressalta ainda que a ação criminosa coloca em risco a vida das comunidades vizinhas às faixas de duto, além de causar impactos graves ao meio ambiente, contaminando solos e rios. Desde 2017, a média de ocorrências é superior a 200 casos/ano.
Os tipos de reparos adotados pela companhia são agrupados principalmente em quatro grupos: abraçadeiras aparafusadas; bujão/capote; patches; e overlay. O projeto desenvolvido na UFSC trata principalmente dos dois primeiros tipos. As abraçadeiras aparafusadas são consideradas um método ágil de executar um reparo de perfuração. No entanto, são consideradas temporárias. Para que se tornem um reparo permanente, a abraçadeira deve ser soldada no duto depois de ser instalada e aparafusada.
O projeto, coordenado pelo professor Régis, busca desenvolver tecnologias e procedimentos inovadores para soldagem da abraçadeira sobre o duto. Pretende criar um novo design de abraçadeira, que seja mais leve, portátil, orientada a ser soldada no duto, a resistir aos esforços do duto e a ser construída por soldagem. As abraçadeiras atuais são fabricadas por forjamento ou fundição, têm alto custo, são em sua maioria importadas, de grandes dimensões e baixa portabilidade. Além disso, não são dimensionadas para condições específicas, podendo resultar superdimensionadas. “O domínio tecnológico do projeto próprio de abraçadeira permitirá flexibilidade para sua customização”, compara o coordenador.
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