Estudo analisa como ocorre a regeneração de florestas tropicais e indica diretrizes para restauração

29/11/2021 17:20

Espécie do gênero Cecropia em Tefé, Amazonas. Com folhas grandes e crescimento rápido, é um típico exemplar de florestas secundárias úmidas das Américas. Foto: Catarina Jakovac

O grupo 2ndFOR, rede que envolve mais de 100 pesquisadores de 18 países, publicou nesta segunda-feira, 29 de novembro, um estudo de âmbito continental sobre a regeneração de florestas tropicais. A pesquisa envolveu a análise da recuperação de características funcionais de florestas americanas, do México ao sul do Brasil, e dados de mais de mil parcelas – áreas delimitados para estudo, com uma média de mil metros quadrados cada – e 127 mil árvores. O artigo, disponibilizado na revista científica Proceedings of the National Academy of Sciences (PNAS), também fornece diretrizes sobre quais tipos de espécies de árvores devem ser selecionadas para plantios de restauração em florestas úmidas e secas.

O foco da equipe de cientistas são as florestas secundárias – aquelas que regeneram naturalmente após a remoção da vegetação original para uso humano, normalmente cultivos agrícolas, pastagens e agricultura de corte e queima. Atualmente, mais da metade das florestas tropicais do mundo são secundárias em processo de regeneração. Na América Latina, elas cobrem 28% da zona tropical.

O que o novo estudo mostra é que as florestas tropicais em regeneração são bastante diversas em sua recuperação. Florestas secas e úmidas diferem fortemente em sua composição funcional em estágios iniciais de sucessão – como é chamado o processo de regeneração – e seguem distintos caminhos ao longo do tempo. À medida que as florestas envelhecem, contudo, tornam-se mais semelhantes em relação às características funcionais. Compreender esse processo auxilia na elaboração de melhores estratégias de restauração florestal. 
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Palestra aborda as florestas subtropicais brasileiras

05/07/2021 18:14

O Programa de Pós-Graduação em Biologia de Fungos, Algas e Plantas (PPG FAP) da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) promove, nesta sexta-feira, 9 de julho, às 13h, a palestra Florestas subtropicais brasileiras: história, padrões de diversidade e conservação. Ministrada pela bióloga Márcia Cristina Mendes Marques, da Universidade Federal do Paraná (UFPR), a atividade será transmitida pelo canal do PPG FAP no Youtube.

Embora tradicionalmente tratadas como florestas tropicais, as florestas subtropicais da porção mais meridional da América do Sul abrigam uma flora rica e com características particulares. Enquanto as diferenças latitudinais afetam a distribuição de espécies de origens distintas, o gradiente longitudinal imprime diferenças estruturais relevantes e uma diversidade que é mantida por processos locais e amplos. A palestrante irá explorar fatores que afetam a diferenciação das florestas ombrófilas (densa e mista) e estacionais do sul do Brasil. Serão abordados fatores que afetam a distribuição das espécies em diferentes escalas e exploradas algumas possíveis alterações em cenários futuros.

Mais informações no Instagram e no Facebook do PPG FAP.

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Pesquisa da Pós-Graduação em Recursos Genéticos Vegetais ganha Prêmio Valorização da Biodiversidade de Santa Catarina

03/12/2010 10:56

Agricultores do oeste catarinense estão perdendo o conhecimento tradicional sobre as espécies nativas da região. Esse é um dos alertas de uma pesquisa que será reconhecida na próxima terça-feira, 7 de dezembro, com o Prêmio Valorização da Biodiversidade de Santa Catarina, promovido pela Fundação de Apoio à Pesquisa Científica e Tecnológica do Estado de Santa Catarina (Fapesc).

O estudo foi desenvolvido por Elaine Zuchiwschi durante seu mestrado junto ao Programa de Pós-Graduação em Recursos Genéticos Vegetais da UFSC. Elaine é a vencedora na categoria Roberto Miguel Klein, como estudante de pós-graduação, e receberá o prêmio na abertura do I Seminário de Valorização da Biodiversidade Vegetal de Santa Catarina. O encontro inicia nesta terça-feira, 7 de dezembro, às 9h, no auditório da Epagri.

No trabalho Elaine avaliou o conhecimento e o uso efetivo, atual e passado de espécies vegetais das florestas Estacional Decidual e Ombrófila Mista por agricultores familiares da região Oeste de Santa Catarina. Com a participação de 42 produtores rurais da cidade de  Anchieta, o estudo levantou o conhecimento e o uso de plantas nativas da região. Além de realizar entrevistas, Elaine foi a campo com os agricultores, identificando espécies e seus usos.

A pesquisadora percebeu que os participantes acima de 40 anos têm um maior conhecimento das espécies do que os mais jovens. “Os dados sugerem que existe um processo gradual de perda das condições de transmissão do conhecimento tradicional, com risco de erosão do conhecimento acumulado”, chama atenção Elaine. Segundo ela, esse cenário está relacionado ao abandono do uso das espécies nativas. As causas são os custos elevados e a burocracia para utilização legal da vegetação.

Legislação em Santa Catarina
Para retirar 20 árvores nativas da floresta, ou 15m³ de galhada de árvore para obter lenha, o agricultor catarinense com até 30 hectares de terra precisa apresentar, entre outros documentos, um projeto elaborado por um técnico, uma averbação de Reserva Legal na escritura do imóvel e uma planta topográfica que mostre a localização desse imóvel. O estudo premiado ressalta que estas obrigações fazem com que as comunidades substituam o uso de árvores nativas pelo plantio e utilização de espécies florestais exóticas.

O trabalho de Elaine reforça o que outras pesquisas sobre as florestais secundárias no estado já haviam diagnosticado: a limitação ao uso e manejo dos recursos naturais como estratégia para a preservação ambiental tem resultados contrários ao pretendido. Isso porque a restrição passa a ser vista como inconveniente pelos agricultores, comprometendo a transmissão oral dos conhecimentos sobre as espécies.

Consequências
O uso da madeira em construção e de lenha como combustível são as atividades mais atingidas com a redução do uso das 132 espécies nativas identificadas na região. Entre os agricultores entrevistados, apenas sete utilizam madeiras de espécies nativas em construções e 21 deles estão substituindo estas plantas por exóticas. “O resultado contrário à preservação é visível nesses casos. As árvores exóticas são plantadas em áreas abandonadas de agricultura para evitar a regeneração da floresta nativa, que traz aos agricultores restrições para o futuro uso da terra e dos recursos”, descreve a pesquisadora em relatos de seu estudo.

Segundo ela, os entrevistados continuam usando plantas nativas para lenha, ainda que a variedade dessas espécies seja menor. Em Anchieta, o fogão a base de lenha é usado por 92% dos entrevistados, que empregam nele madeira nativa.

Para que o conhecimento e o uso das espécies tradicionais da região não se percam, Eliane sugere uma revisão das políticas ambientais, para simplificar o acesso legalizado às espécies nativas mais utilizadas no dia a dia dos agricultores. Recomenda também o desenvolvimento de estratégias de conservação e uso das florestas a partir da união entre conhecimento científico, tradicional e local. “O envolvimento das comunidades rurais é fundamental nas etapas de planejamento e implementação dos projetos”, salienta a pesquisadora, engenheira da Fundação do Meio Ambiente (Fatma).

Mais informações sobre o trabalho com Elaine Zuchiwschi, telefone (48) 3232-5450 / (48) 3232-4067, e-mail: elainez@fatma.sc.gov.br

Por  Claudia Mebs Nunes / Bolsista de Jornalismo na Agecom

Saiba Mais:

– O trabalho premiado tem como título ´Limitações ao uso de espécies Florestais nativas pode contribuir com a erosão do conhecimento ecológico tradicional e local de agricultores familiares`.

– Resultado do mestrado desenvolvido junto ao Programa de Pós-Graduação em recursos Genéticos Vetais, o artigo foi publicado na revista científica Acta Botanica Brasilica, editada pela Sociedade Botânica do Brasil

– Tem como co-autores os professores do Centro de Ciências Agrárias da UFSC Alfredo Celso Fantini, Antônio Carlos Alves e Nivaldo Peroni, que orientaram o estudo

– Outras premiações na UFSC: Arley Reis (categoria Roberto Miguel Klein – jornalista), Karine Louise dos Santos (Categoria Roberto M. Klein – pesquisadora)

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