Le Breton e a antropologia da dor
O antropólogo francês David Le Breton (1953 – ), especialista em antropologia do corpo e temas relacionados às sociedades contemporâneas, veio à UFSC como examinador da banca de doutorado de Aniele Fischer Brand, orientanda da professora Suzana da Rosa Tolfo, do Programa de Pós-Graduação em Psicologia. Aproveitando a oportunidade, o pesquisador ministrou palestra com o tema “A Antropologia da dor”, no dia 11 de março, em mesa coordenada por Suzana. A palestra teve como base seu livro Antropologia da Dor (Fap-Unifesp – 2013). Destacam-se aqui os tópicos principais da palestra e alguns temas de perguntas da plateia.
Simpático, sorridente e se esforçando para falar em português, Le Breton iniciou dizendo que dor e morte são experiências humanas que levam à metamorfose. Para ele, a dor é significação, é sempre sentido, e o sofrimento está ligado a esta significação; não é um fato da anatomia ou da biologia. O sofrimento provém da mistura corpo e significação, passando pela subjetividade da pessoa num contexto particular, cultural e de história. Não é o corpo que sofre, é o indivíduo. De uma condição social e cultural para outra, o homem não reage da mesma forma a um ferimento, a uma infecção; e a anatomia e a fisiologia não dão conta de explicar essas diferenças. Um exemplo é como os profissionais de serviços de saúde sabem que uma palavra amiga, uma presença na cabeceira, um toque, são às vezes mais efetivos para a melhora do paciente que um medicamento.