Estudo pode levar a novos tratamentos contra o câncer e doenças autoimunes
Uma descoberta realizada por equipe de pesquisa internacional, com a participação de pesquisadoras da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), pode sugerir novos caminhos para o tratamento de câncer e de doenças autoimunes. O estudo que foi publicado no final de 2018 na revista Nature (2018), revela que a atividade de células imunes, em particular das células T, pode ser manipulada para aumentar a imunidade contra o câncer ou bloquear doenças autoimunes, como alergia ou colite.
A publicação na Nature tem coautoria da professora Alexandra Latini, do Departamento de Bioquímica do Centro de Ciências Biológicas, da pós-doutoranda Débora da Luz Scheffer e da doutoranda Bruna Lenfers Turnes, todas vinculadas ao Laboratório de Bioenergética e Estresse Oxidativo (LABOX) da UFSC.

Pesquisadoras do LABOX Alexandra Latini, Bruna Turnes e Débora Scheffer. Foto: Jair Quint/Fotógrafo da Agecom/UFSC
As células T participam na resposta imune e detectam proteínas estranhas presentes, por exemplo, em patógenos – assim que as encontram, as células T proliferam para combater as ameaças ao organismo. Porém, um problema comum é que as células T podem ser direcionadas contra as próprias proteínas do corpo, levando a reações alérgicas e doenças autoimunes. “Em contrapartida, um câncer consegue se desenvolver porque nossas células imunológicas normais não o reconhecem como inimigo”, afirma a professora Alexandra Latini.
No estudo da Nature, os pesquisadores mostram que a BH4 (molécula solúvel sintetizada por todas as células do organismo) controla a proliferação das células T, e que, se a produção de BH4 é bloqueada, a atividade delas é diminuída, “fato que seria necessário em doenças que cursam com processos inflamatórios crônicos, como a colite”, diz Latini. Por outro lado, se a produção de BH4 na célula T é estimulada, a atividade antitumoral também é impulsionada. “O trabalho mostrou, que o bloqueio genético ou farmacológico da síntese de BH4 limita a proliferação e infiltração de células T maduras em condições inflamatórias. As modificações na biologia da célula T induzidas pelo bloqueio na síntese de BH4 envolveram alterações na função mitocondrial e no metabolismo do ferro. No entanto, um aumento na agressividade das células T foi observado quando a via metabólica da BH4 foi ativada geneticamente, provocando um aumento de atividade antitumoral”, explica a professora.
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