Duas pesquisas do Programa de Pós-Graduação em Agroecossistemas foram selecionadas para receber o prêmio Animal Welfare Student Scholarship, da Federação de Universidades para o Bem-Estar Animal (UFAW). O prêmio de £2.400 irá possibilitar a realização dos estudos propostos pela mestranda Bianca Vandresen e pelo doutorando Giuliano Pereira de Barros. Os estudantes apresentarão os resultados dos seus projetos de pesquisa no encontro anual dos bolsistas a UFAW.
A UFAW é uma instituição de caridade sediada no Reino Unido que trabalha com a comunidade científica em todo o mundo para desenvolver e promover melhorias no bem-estar dos animais por meio de atividades científicas e educacionais. Com bolsas de estudo, a UFAW visa incentivar os alunos a desenvolverem seus interesses no bem-estar animal e fornecer-lhes a oportunidade de conduzir pesquisas relevantes ou outros projetos (por exemplo, educacionais).
O projeto de Bianca, Influence of human-animal interactions and cognitive bias on dairy heifers’ fear of humans (Influência de interações humano-animal e viés cognitivo no medo de novilhas à humanos), é realizado com a supervisão da professora Maria José Hötzel. Ele pretende compreender melhor como animais percebem e interpretam interações com humanos. “Na produção de leite os produtores interagem diariamente com as vacas, mas nós ainda não sabemos exatamente como as vacas percebem essas interações e como elas influenciam na relação humano-animal”, conta Bianca, integrante do Laboratório de Etologia Aplicada e Bem-Estar Animal (LETA).

Bianca, do Laboratório de Etologia Aplicada e Bem-Estar Animal. Foto: CCA/UFSC
A pesquisadora explica que irá investigar como a distância de fuga das vacas em relação a pessoas varia de acordo com a qualidade das interações humano-animal. “Vamos ter duas formas de interação ao longo do tempo: positiva – falar calmamente e manejá-las em silêncio, e aversiva – fazendo barulhos e falando alto”.
A ideia inicial é dividir os animais em dois grupos de doze; serão novilhas que ainda não foram ordenhadas para evitar influência nos resultados. Num deles, as interações serão positivas pelas primeiras duas semanas e, depois, a mesma pessoa muda para interações aversivas pelo mesmo período; o segundo grupo terá a ordem contrária, primeiro aversivo e depois positivo, pelo mesmo período de tempo. Os testes de distância de fuga serão feitos antes das interações começarem e no fim de cada tratamento.
Outro aspecto da pesquisa será apurar como o viés cognitivo dos animais pode influenciar nas percepções das interações humano-animal. “Animais como as vacas leiteiras têm traços individuais. Um desses traços se refere ao viés cognitivo, em que alguns animais se mostram mais ‘pessimistas’ e outros mais ‘otimistas’”, frisa Bianca. “Testes de viés cognitivo mostram que alguns eventos podem influenciar nisso, como após procedimentos dolorosos os animais se apresentam mais pessimistas quando apresentados a uma situação ambígua. Porém, outros estudos apontam que esses traços também podem ser características individuais do animal e que não se sabe ao certo como e porque se desenvolvem. No nosso estudo vamos investigar se, além da qualidade das interações humano-animal, essa característica de viés cognitivo também influencia em como as novilhas interpretam as relações com pessoas”, afirma a mestranda.
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