David Harvey na UFSC: conferência e lançamento da edição brasileira de ‘Os limites do capital’

A conferência com o geógrafo britânico David Harvey lotou o auditório Garapuvu da UFSC. Foto: Henrique Almeida/Agecom/UFSC
O geógrafo britânico David Harvey, considerado “um dos pensadores mais influentes da atualidade”, chegou ao Brasil no dia 22 deste mês para um ciclo de conferências no Rio de Janeiro, Florianópolis e São Paulo. Sua passagem pela capital catarinense lotou o auditório Garapuvu, do Centro de Cultura e Eventos, da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), nesta segunda-feira, 25 de novembro.
Com tradução simultânea, Harvey palestrou sobre “Os Limites do Capital e o Direito à Cidade”, respondeu aos questionamentos e lançou a primeira edição brasileira de “Os limites do capital” – pela Editora Boitempo -. As diversas mudanças geográficas, históricas e sociais ocorridas no mundo tornam a obra, escrita na década de 1970, segundo o autor, “mais relevante hoje do que à época”.
Harvey também divulgou a coletânea “Cidades rebeldes: Passe livre e as manifestações que tomaram as ruas do Brasil”, na qual possui um artigo publicado sobre urbanismo e o direito à cidade. Segundo a Editora, este é o primeiro livro impresso inspirado nas “Jornadas de Junho” – protestos reivindicatórios que ocorreram no país neste ano. “Além de ser o principal esforço intelectual, até o momento, de analisar as causas e consequências desse acontecimento marcante para a democracia brasileira”. O estudioso adiantou que o seu próximo livro “Para Entender o Capital 2” já está pronto e, lançará no Brasil, ano que vem.
Harvey é professor de Antropologia na Universidade da Cidade de Nova York e autor de diversos livros sobre o desenvolvimento da geografia moderna. Foi um dos principais formuladores do conceito de direito à cidade. Recupera o marxismo e o conceito de classes sociais como crítica ao capitalismo global.
O evento superou as expectativas dos organizadores e contou com a participação de estudantes, professores, pesquisadores, representantes de sindicatos e movimentos sociais, e comunidade. Houve a presença marcante dos jovens que puderam conferir uma análise crítica sobre vários aspectos da problemática urbana, fundamentada na teoria marxista e marcada pelo acelerado processo de modificação das cidades.
Abordou temas atuais como o neoliberalismo, a crise econômica, o capitalismo, as manifestações. Retornou ao início de sua trajetória, na década de 1960, quando chegou aos Estados Unidos em meio a uma crise urbana. Como um dos responsáveis pelos estudos dos problemas existentes, sentiu a necessidade de escrever um livro sobre o assunto, daí o surgimento de “Os limites do capital”. “Karl Marx foi muito útil me ajudando a entender a dinâmica da organização”. Este livro lhe exigiu muito estudo, até mesmo de assuntos que não foram desenvolvidos na obra de Marx. “Eu precisava entender como funcionava o capital financeiro, o capital de desenvolvimento”.
A sessão de autógrafos foi a última parte do evento. Nesta terça-feira, 26 de novembro, Harvey estará em São Paulo, para sua última conferência no Brasil.
Organização: Programa de Pós-Graduação em Educação/CED; Programa de Pós-Graduação em Sociologia Política/CFH; Programa de Pós-Graduação em Geografia/CFH; Núcleo de Estudos sobre as Transformações no Mundo do Trabalho (TMT); Núcleo de Pesquisas sobre o Trabalho e Políticas Sociais na América Latina (NTPSAL); Núcleo de Estudos e Pesquisas em Ensino de Geografia (NEPEGeo); Laboratório de Sociologia do Trabalho (Lastro); Grupo de Estudos em Desenvolvimento Regional e Infraestruturas (Gedri); Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência (Pibid/UFSC/ Ciências Sociais); Núcleo de Estudos Sociopolíticos do Sistema Financeiro (Nesfi).
Apoio: Pró-Reitoria de Pós-Graduação (PROPG); Centro de Ciências da Educação (CED); Centro de Filosofia e Ciências Humanas (CFH); Sindicato dos Trabalhadores no Serviço Público Municipal de Florianópolis/SC (Sintrasem).
Mais informações: boitempoeditorial.com.br.
Rosiani Bion de Almeida/Equipe Agecom/UFSC
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Fotos: Henrique Almeida/Agecom/UFSC