Projeto do Colégio de Aplicação forma docentes e técnicos para ensino remoto
Uma das primeiras unidades a retomar as atividades presenciais na Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) foi o Colégio de Aplicação (CA), em Florianópolis, em setembro de 2021. A data encerrou um período de afastamento de professores e alunos das tradicionais salas de aulas, embora de muito trabalho fora delas. E não pense que o ensino e o conhecimento foram interrompidos desde o início da pandemia e da adoção de medidas sanitárias de isolamento. Muito pelo contrário.
Um dos tantos trabalhos desenvolvidos – e adaptados ao novo momento surgido com a covid-19 – foi o Formação CA: Educação na Pandemia, deflagrado em 2020 no Colégio de Aplicação para atender a demanda de formação de docentes e técnicos-administrativos em assuntos educacionais (TAEs) para as atividades de ensino não presencial devido às medidas restritivas impostas pela pandemia.
O projeto contou com o apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa e Extensão Universitária (Fapeu). “A participação da Fapeu foi na administração de recursos que vieram da própria universidade. Esse foi um projeto financiado pela própria UFSC, então houve uma destinação orçamentária do Gabinete da Reitoria para que a gente estendesse, ou incluísse no nosso projeto de pesquisa, a ação para formação dos professores e técnicos do colégio”, explica a professora Andrea Brandão Lapa, coordenadora do projeto.
O trabalho estava vinculado ao projeto de pesquisa e extensão “Conexão Escola Mundo: espaços inovadores para a formação cidadã”, realizado no Colégio de Aplicação da UFSC desde 2017 pelo grupo de pesquisa Comunic. O grupo, que é liderado por Andrea Lapa, atua na inter-relação entre educação e comunicação através da pesquisa de temas relacionados à integração das tecnologias aos processos educacionais.
“Durante a pandemia, a gente não ia mais fazer ação na escola com crianças e jovens, a gente ia trabalhar só em cima de dados da pesquisa. Aí aconteceu a pandemia e a direção da escola entrou em contato conosco para que a gente estendesse a formação – que estava acontecendo com os integrantes dentro do projeto – para todos os professores da escola, que a gente se comprometesse com a formação dos docentes e profissionais da escola para o ensino remoto durante a pandemia”, lembra a professora Andrea.
Metodologia
A partir de metodologia de ação hacker criada e experimentada no Colégio de Aplicação nos anos 2018 e 2019, que era voltada para a integração crítica e criativa de Tecnologias da Informação e Comunicação (TIC) ao ensino presencial, foi elaborada uma proposta para todos os professores e técnicos da escola voltada ao atendimento remoto de estudantes de três divisões escolares: anos iniciais (1º ao 5º ano), anos finais (6º ao 9º ano) e ensino médio (1º ao 3º ano). Todo o trabalho ocorreu de forma remota, sem nenhum encontro presencial.
O projeto foi dividido em dois ciclos, e toda a proposta pedagógica foi baseada no levantamento e na reflexão dos professores e técnicos, daquilo que eles apresentavam como demanda de formação. “Não existia um curso pronto aplicado lá dentro. Existia uma proposta de construir isso junto com a escola”, lembra Andrea. Entre o primeiro ciclo (de junho a agosto de 2020) e o segundo (de outubro e dezembro), houve uma reflexão dentro da escola, com seminário de avaliação dos professores e técnicos com a direção da escola sobre os desafios enfrentados e, a partir dali, foram levantadas as demandas para o segundo ciclo.
“Existe dentro do Colégio de Aplicação o acolhimento de muitas crianças deficientes e essas crianças têm professores e técnicos de ensino especial, e eles queriam então pensar o ensino remoto pra essas crianças”, conta Andrea. E assim também foi feito. Se o primeiro ciclo trouxe pautas como “Formação crítica na educação não presencial”, “Planejamento pedagógico no ensino não presencial” ou “Atividades para acolhimento e integração na escola não presencial”, o segundo abordou temas como direitos humanos, educação hacker, literacia midiática e metodologias colaborativas.
“Tenho certeza de que o material produzido continua sendo utilizado por muitas pessoas, em especial professores do próprio CA, de outras escolas públicas e, também, de instituições privadas”, observa a coordenadora do projeto. Os vídeos estão disponíveis na página do YouTube do Colégio de Aplicação, e o site do projeto é https://comunic.paginas.ufsc.br/formacao-ca-na-pandemia/.
* Esta reportagem integra a edição nº 13 da Revista da Fapeu, disponível neste link.