Professora da UFSC é homenageada por aluno que descreveu novo gênero de fungo

03/05/2022 09:17

Fungo do gênero Nevesoporus teve suas primeiras amostras coletadas em 2009

O pesquisador Altielys Casale Magnagoo, egresso da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), descreveu um novo gênero de fungo e o nomeou em homenagem à sua professora, orientadora de mestrado e coorientadora de doutorado, Maria Alice Neves, do Departamento de Botânica, do Centro de Ciências Biológicas (CCB). O artigo científico com a descoberta foi publicado na revista internacional Mycologia no último dia 22 de abril, e está disponível no site Taylor & Francis Online. 

O nome dado ao novo gênero de fungo, Nevesoporus, combina o sobrenome da professora, Neves, com porus, proveniente do latim, termo relacionado ao himenóforo poróide do cogumelo. As primeiras amostras foram coletadas em companhia da professora Maria Alice em 2009, quando Altielys ainda era graduando do curso de biologia da Universidade Federal da Paraíba (UFPB) e estagiário da professora Maria Alice na disciplina de Biologia de Fungos, Algas e Briófitas. Apesar da descoberta, Altielys só decidiu sugerir uma nova espécie para o fungo quando já era mestrando na UFSC. 

No entanto, somente após um longo período de pesquisas, apenas durante seu doutorado em Botânica, na Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), o pesquisador conseguiu oficialmente propor a nova espécie, Nevesoporus nigrostipitatus, espécie única pertencente ao gênero já registrada no Brasil. No decorrer deste processo, dificuldades financeiras para exploração de novas áreas onde possivelmente ocorra a espécie, além da escassez de recursos para todos os procedimentos de extração de DNA e processamento das análises moleculares, foram adversidades enfrentadas pelo pesquisador até a publicação. Embora a espécie tenha sido registrada na Paraíba e no Espírito Santo, possivelmente pode ser encontrada ao longo de toda a Mata Atlântica. 

Altielys e a professora Maria Alice (à direita) em uma das expedições de campo

A partir destas novas pesquisas, Altielys, juntamente com os coautores do artigo, resolveu homenagear a professora Maria Alice Neves, que o acompanhou desde o início da sua graduação, em 2008, durante seu mestrado na UFSC como orientadora e em seu doutorado na UFRGS. Além das atividades realizadas no campo acadêmico, os dois mantiveram uma relação de amizade durante todos esses anos. O pesquisador ainda relata como o contato com a professora foi essencial para o seu desenvolvimento na área da micologia.

“Foi ali que tive o meu primeiro contato com esse mundo de organismos incríveis. Logo ela abriu uma vaga para estagiários voluntários em seu laboratório. E, a partir de então, começamos nossa caminhada em desvendar a funga brasileira. Foram muitas expedições de campo, muitas horas de microscópio, mas também muito divertimento”, afirma Altielys.

Atualmente, o pesquisador mora na Itália e atua como professor no curso de Licenciatura em Ciências Biológicas – Ensino a Distância (EaD) da Universidade Federal do Espírito Santo (UFES). Ele ainda mantém contato com a professora Maria Alice, que diz ter ficado muito contente quando contou sobre a homenagem, em ser imortalizada no mundo científico através de um nome de gênero de fungo.

“Pessoalmente, fazer essa homenagem foi uma maneira de agradecer à professora Maria Alice por ter me apresentado os fungos de forma tão incrível e por todos os ensinamentos que recebi e ainda recebo através dessa grande amizade que cultivamos. Ao mesmo tempo, reconhecer toda a sua importância para a ciência brasileira, com a qual contribui ativamente para difundir o conhecimento da diversidade de fungos no Brasil”, finaliza. 

A professora Maria Alice conta que ficou emocionada. “Não tem honra maior que ser imortalizada em um gênero, em uma homenagem linda dessas feita pelo meu primeiro aluno de graduação! Eu estou nas nuvens, é o suprassumo da minha carreira, nada mais supera isso!”

Texto: Matheus Alves/Estagiário de Jornalismo/Agecom/UFSC
Fotos: Acervo pessoal

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