Alunos do Colégio de Aplicação participam da 1ª Olimpíada Brasileira de Satélites
Uma equipe formada por quatro alunos do Ensino Fundamental do Colégio de Aplicação da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), sob a tutoria de um graduando do curso de Física da Universidade, vai participar da 1ª Olimpíada Brasileira de Satélites (Obsat). O time, chamado Sagittarius A, elaborou um projeto de um nanossatélite que pretende monitorar os níveis de gás carbônico (CO2) na estratosfera localizada acima das florestas de mangue do País.
A equipe é formada pelos estudantes Isabella de Freitas Gonçalves, João Vitor Caetano da Rosa, Marcos Inácio Bueno e Rosa Maria Pereira Miranda, todos da turma do 8º A do Colégio de Aplicação, e pelo graduando João Batista Vieira Sousa, do curso de Física-Licenciatura da UFSC.
A iniciativa de participar da Olimpíada partiu da estudante Rosa Maria, que já cultiva uma ligação com o “mundo astronômico” há algum tempo – ela fez aulas de Astronomia, Astronáutica e Astrofísica Geral no curso de extensão da UFSC Astrofísica para Todos. “Sempre gostei de olimpíadas, e tento participar de todas que posso. Fiquei sabendo da olimpíada de satélites em uma live do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações, e fui correndo montar uma equipe e procurar um mentor”, conta a estudante.
O próximo passo foi partir em busca de apoio técnico para o projeto. Através do professor Reginaldo Manoel Teixeira, que leciona Física no Colégio de Aplicação, chegaram ao universitário João Batista Vieira de Sousa, que faz o curso de Licenciatura em Física na UFSC e é bolsista do Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência (Pibid). Ele aceitou ser o mentor do grupo. “O nome do nosso grupo vem de um buraco negro supermassivo que está localizado no centro da Via Láctea e não da constelação de mesmo nome”, esclarece Rosa Maria.
Manguezais
Os estudantes passaram então a trabalhar no projeto a ser apresentado na Obsat. Partiram da ideia de um satélite para monitorar áreas desmatadas de manguezais. Porém, constataram que não haveria câmeras entre os sensores que seriam disponibilizados para a construção do satélite na categoria que eles poderiam disputar, a N1 – Ensino Fundamental II. Com isso, o grupo resolveu utilizar sensor de CO2 para medir os níveis de gás carbônico em áreas da estratosfera localizadas acima de florestas de mangue. A estratosfera é segunda camada da atmosfera a partir da superfície terrestre (acima da troposfera), se estende até cerca de 50 quilômetros de altitude e nela fica localizada a camada de ozônio.
Os manguezais são reconhecidos como grandes capturadores de gás carbônico e a hipótese a ser testada na pesquisa é de que os níveis deste gás na estratosfera, sobre áreas de florestas bem preservadas, é menor do que em áreas desmatadas ou de outros tipos de floresta. Os manguezais ocupam uma grande área do território brasileiro mas sofrem pressão da expansão imobiliária nas grandes cidades litorâneas. Os objetivos da pesquisa são mostrar a importância dos mangues na absorção deste gás do “efeito estufa” e identificar áreas em desmatamento, contribuindo para a consciência da necessidade de preservação.
O projeto dos alunos do Colégio de Aplicação foi selecionado em segundo lugar na categoria de Ensino Fundamental II, entre seis projetos aprovados em todo o Estado de Santa Catarina. Nos próximos dias, eles devem receber do MCIT um kit com componentes e equipamentos para a construção do nanossatélite, além de material didático sobre os subsistemas, explica João Batista.
Nas etapas seguintes da competição, eles deverão desenvolver e testar um satélite CanSat (modelo cilíndrico com o tamanho aproximado de uma lata de refrigerante), chamado de CanSat de Estudos e Pesquisas de Mangues (CEPM). Se os testes forem bem-sucedidos, o satélite será depois lançado ao espaço por um balão estratosférico, na fase regional da olimpíada. Depois, os dados coletados pelo satélite serão analisados para conclusão da pesquisa.
O tutor do grupo enaltece o esforço e a dedicação da equipe na elaboração do projeto. “São alunos do Ensino Fundamental e não tiveram ainda nenhum contato com a física aplicada”, diz João Batista, mencionando que os estudantes se dedicaram a pesquisar sobre eletrônica, gravitação e assuntos de física avançada, além de reunir informações sobre o ecossistema dos manguezais.
Outras categorias
Além da equipe Sagittarius A, a UFSC também tem diversos representantes classificados em outras categorias da Olimpíada Brasileira de Satélites. A equipe Trio 03 tem dois alunos do Ensino Médio do Colégio de Aplicação e um estudante do Instituto Federal de Santa Catarina (IFSC). Na categoria de ensino superior, as equipes PetroSat 1, Emissat e GAD-V são formadas por estudantes da universidade.
A Olimpíada Brasileira de Satélites é uma olimpíada científica de abrangência nacional, concebida pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações (MCTI), e organizada pela Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) em conjunto com a Agência Espacial Brasileira (AEB/MCTI), o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE/MCTI) e a Escola de Engenharia de São Carlos (EESC), da Universidade de São Paulo (USP).
Veja todas as equipes classificadas nas três categorias da Obsat em https://www.obsat.org.br/inscricoes/resultado.html
Luís Carlos Ferrari – Agecom/UFSC