Literatura e política no Estado Novo: EdUFSC disponibiliza gratuitamente livro digital
Um concurso literário promovido pelo Estado, voltado ao enaltecimento de valores como bondade, energia, inteligência e idealismo dos trabalhadores a agraciar escritores com reconhecimento e um consideravelmente elevado prêmio financeiro. O que parece algo grandioso, entretanto, mostra-se muito mais próximo de uma distopia do que de uma utopia. E ocorreu no Brasil, durante o governo de Getúlio Vargas.
Foram duas edições, uma em 1942 e outra em 1944 – na segunda metade do Estado Novo. Os premiados foram escritores que não prosperaram na carreira literária. O contexto, histórico, conjuntura e a íntegra das três obras vencedoras – sendo dois romances e uma peça teatral – constam no livro “Literatura e política no Estado Novo: os concursos literários promovidos pelo Ministério do Trabalho, Indústria e Comércio em 1942 e 1944”, lançado pela Editora da Universidade Federal de Santa Catarina (EdUFSC) e organizado por Adriano Luiz Duarte, professor do Departamento de História na instituição. A obra está disponível gratuitamente na página da EdUFSC.
Contexto
Enaltecer a classe trabalhadora brasileira naquele período era vital aos intentos do governo federal que, se por um lado cedia em direitos sociais, por outro lado, restringia os direitos políticos. A portaria ministerial que cria os concursos faz alusão ao risco de disseminação de “ideias desorientadoras” junto ao operariado no país. Diante disso, competia à arte exaltar os valores almejados à nova classe trabalhadora que encontraria espaço para extravasar seus sonhos e angústias em um cenário nacional propício à prosperidade dos trabalhadores, conforme buscava propagandear o Ministério do Trabalho, Indústria e Comércio (MTIC).
Aos trabalhadores desse período de industrialização crescente, a ameaça que representava a organização influenciada pelas ideias comunistas e anarquistas demandaram medidas de perseguição e controle dos sindicatos por parte do Estado, mas também exigiram alternativas brandas de construção de um novo operariado, orientado pelos valores do Estado Novo. Os concursos marcaram, assim, o início a uma série de promoções culturais e esportivas voltadas aos trabalhadores que desaguaram na criação do Serviço de Recreação Operária, em 1943.
Em 1942 foram vencedores um romance e uma peça teatral: “Pedro Maneta” e “Julho, 10!”, respectivamente. Em 1944, o romance “Fundição” ficou com o primeiro prêmio. Os textos, na íntegra, fazem parte do livro organizado por Adriano Luiz Duarte, que ainda agracia os leitores com uma elucidativa contextualização dos concursos e seus vencedores.
Serviço
O quê: Literatura e política no Estado Novo: os concursos literários promovidos pelo Ministério do Trabalho, Indústria e Comércio em 1942 e 1944, 466 páginas
Organizador: Adriano Luiz Duarte
Quanto: E-book gratuito
Mais informações na página da EdUFSC
Gabriel Martins/Agecom
gabriel.martins@ufsc.br