Aula inaugural relembra trajetória do Programa de Pós-Graduação em Educação
Os momentos marcantes da trajetória dos 40 anos do Programa de Pós-Graduação em Educação (PPGE) da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) foram lembrados por alguns dos responsáveis pela sua implantação – Gaudêncio Frigotto, Maria da Graça Bollmann, Leda Scheibe e Lucídio Bianchetti – na aula inaugural desta terça-feira, 28 de abril, no auditório Henrique Fontes do Centro de Comunicação e Expressão (CCE).
A coordenadora do programa, Ione Ribeiro Valle, se disse sensibilizada e emocionada ao abrir o evento. “Estou sucedendo a um grupo de peso no PPGE, que foi muito importante na minha vida e na carreira profissional.” O diretor do Centro de Ciências da Educação (CED), Nestor Manoel Habkost, parabenizou o programa. “Quarenta anos não é pouco tempo; a história do PPGE é quase a mesma da Universidade.”
De acordo com Lucídio, o PPGE “foi, durante muito tempo, o único com mestrado e doutorado em Educação de Santa Catarina no sistema Capes. Os outros eram vinculados ao Conselho Estadual de Educação, e tínhamos uma característica nacional, com responsabilidade na formação de professores e pesquisadores no estado”.
“Quem está aqui hoje participou dos primórdios da implantação do programa, da fase heroica até sua consolidação e expansão”, afirmou Lucídio Bianchetti, citando artigo de Demerval Saviani. O embrião do programa foi o curso, lato sensu, Metodologia de Ensino, de 1974. Em 1984, o mestrado foi implantado com três linhas de pesquisa (hoje são sete), seguido pelo doutorado em 1994. Em 2002, houve o início do estágio pós-doutoral, “um reconhecimento como qualificação desafiadora para os pesquisadores”, conforme Lucídio.
A transição da ditadura militar para uma sociedade democrática no Brasil possibilitou uma abertura nos estudos em Educação. “A área estava em ebulição na década de 1980, com grandes conferências brasileiras de Educação. Incorporamos autores proibidos pela ditadura, como Gramsci e Marx, e tivemos uma forte influência da Pontifícia Universidade Católica (PUC) de São Paulo para organizar o programa”, relata Gaudêncio Frigotto. Nos anos 1990, “o doutorado pega a herança sedimentada de um excelente programa de mestrado”.
Gaudêncio afirma que universidade e programas de pós-graduação chegaram a um impasse atualmente. “Fomos conduzidos a um produtivismo insuportável, que penetrou na alma dos pesquisadores. O resultado é a repetição em série, com muita produção e pouco conhecimento.”
Maria da Graça Bollmann coordenou a comissão que elaborou o projeto de criação do mestrado em 1983. “Foi uma ousadia da gente, avançado em termos teóricos para a época. Estávamos saindo de um estado de total embargo pela ditadura para uma abertura que possibilitou entrar nas características dialéticas da produção do conhecimento, que não tem limites.”
O início do mestrado não foi fácil: “O modelo de financiamento na Educação era voltado para as áreas científicas e tecnológicas; havia menos verbas, que iam para as ciências exatas. Demoramos dez anos para concluir o processo de criação”.
O programa conta hoje com 236 alunos – 955 pessoas concluíram o mestrado e 165 o doutorado. Além disso, 40 pesquisadores fizeram estágio pós-doutoral no PPGE.
Mais informações: PPGE.
Caetano Machado/Jornalista da Agecom/DGC/UFSC
Revisão:Claudio Borrelli/Revisor de Textos da Agecom/DGC/UFSC
Foto: Henrique Almeida /Agecom/DGC/UFSC