UFSC na mídia: catarinenses recebem prêmio que incentiva mulheres na ciência
Duas pesquisadoras catarinenses receberam nesta quarta-feira, em evento no Rio de Janeiro, o prêmio “Para Mulheres na Ciência”, uma parceria da L’Oréal com a Unesco no Brasil e a Academia Brasileira de Ciências (ABC). Em sua nona edição, o programa reconheceu o projeto de sete pesquisadoras, concedendo uma bolsa-auxílio no valor de US$ 20 mil para cada.
As pesquisadoras Manuella Pinto Kaster e Patricia de Souza Brocardo, da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), foram comtempladas e ressaltaram a importância da premiação. Para Patricia, o prêmio vem coroar o trabalho de pesquisa:
— Demonstra que estamos no caminho certo e que dá para fazer pesquisa no Brasil.
Já Manuella reforçou que o prêmio é fundamental para dar início à pesquisa:
— É importante para tirar o projeto do papel. As pessoas precisam saber e conhecer como se faz ciência no Brasil.
No evento, Didier Tisserand, presidente da L’Oréal Brasil, lembrou que no mundo as mulheres representam cerca de 15% dos pesquisadores.
— Estamos cada vez criando mais programas. Neste ano, estamos lançando o International Rising Talents para incentivar cientistas ainda mais jovens, afinal a ciência precisa de mais mulheres.
O novo prêmio irá reconhecer 15 jovens cientistas em cinco regiões do mundo e que irão receber uma bolsa de 15 mil euros.
Jacob Palis Junior, presidente da Academia Brasileira de Ciência (ABC), afirma que na ABC a porcentagem de membros mulheres é superior a países como França e Estados Unidos, porém ainda está “muito longe do ideal”. Já o coordenador de Ciências Naturais da Unesco Brasil, Ary Mergulhao Filho, considera a participação feminina na ciência brasileira muito significativa.
— Desde 2007, formam-se mais doutoras que doutores no país, porém há sempre desafios, como dar continuidade à qualidade do trabalho — afirmou.
Programa já beneficiou mais de 60 cientistas brasileiras
O Para Mulheres na Ciência já beneficiou 61 jovens cientistas no país, incluindo as sete vencedoras de 2014, e distribuiu US$ 1,2 milhão em bolsas-auxílio (aproximadamente R$ 3 milhões).
>>> Conheça o trabalho das catarinenses
Manuella Pinto Kaster
Pesquisa: A avaliação de parâmetros bioquímicos pode facilitar o diagnóstico de uma série de doenças. Nos transtornos psiquiátricos, como a depressão, o diagnóstico é feito apenas com base na observação dos sintomas relatados pelos pacientes e muito pouco se sabe sobre as causas biológicas da doença. A pesquisa irá verificar, por exemplo, níveis de alguns hormônios ligados ao estresse e outros alterações bioquímicas periféricas em pacientes com depressão, o que poderá auxiliar no diagnósticos e tratamento da doença. Pesquisa deve levar dois anos para ser concluída e deve ser realizada inicialmente em cerca de 200 pacientes com depressão atendidos no Ambulatório de Psiquiatria do Hospital Universitário da UFSC.
Patricia de Souza Brocardo
Pesquisa: Tema central da pesquisa é a neuroplasticidade. Ou seja como o cérebro reage e se adapta perante desafios. O objetivo geral do projeto é estudar os efeitos benéficos da atividade física em neurônios expostos durante a gestação aos efeitos nocivos do etanol em roedores. O consumo de álcool durante a gestação causa danos no desenvolvimento da criança e pode ocasionar alterações anatômicas, anormalidades cognitivas e comportamentais. Desde a descoberta de que novos neurônios nascem (neurogênese) em cérebros de adultos cada vez mais cientistas buscam intervenções que possam estimular o nascimento destas novas células. A atividade física é uma das intervenções que tem sido usadas com sucesso para estimular a neurogênese hipocampal.
Texto: Karine Wenzel