Pesquisadores da UFSC acompanham dieta de pacientes com câncer de mama
Estimativas do Instituto Nacional do Câncer (INCA) apontam que é possível evitar 28% dos casos de câncer de mama por meio de atividade física, alimentação saudável e controle do peso corporal. Esses fatores – em especial a alimentação – incentivaram alunos e docentes do curso de Nutrição da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) a pesquisar como a qualidade da dieta pode influenciar o desenvolvimento do câncer e o bem-estar do paciente durante o tratamento.
A pesquisa, liderada pelas professoras Patrícia Faria Di Pietro e Francilene Kunradi, é realizada desde 2006, com portadoras de câncer de mama em tratamento no Hospital Carmela Dutra, em Florianópolis. Os estudos envolvem membros do Grupo de Estudos em Nutrição e Estresse Oxidativo (GENEO) e já deram origem a várias publicações acadêmicas, inclusive seis dissertações de mestrado.
Além de levantar dados, os pesquisadores acompanham as pacientes antes e depois do início do tratamento, com questionários e orientações. Um dos artigos produzidos pelo grupo detalha os resultados do acompanhamento de 133 pacientes – entre outubro de 2006 e junho de 2010 – e foi publicado no ano passado, na revista internacional Nutrición Hospitalaria.
O fator nutricional foi determinante para a identificação de hábitos considerados nocivos à saúde e que podem conduzir a formação de câncer. Os resultados demonstram que 89% das pacientes declararam ter uma dieta altamente calórica (mais de 125 calorias por 100g de alimento); 51% consomem menos vegetais do que a quantidade recomendada e 47% declararam ingerir carne e embutidos acima do limite aconselhado.
Kunradi afirma que seguir algumas recomendações alimentares pode ajudar a efetividade do tratamento de câncer, e manter uma alimentação saudável após a cura pode contribuir para diminuir as chances de a doença voltar. “Ter uma alimentação saudável durante o tratamento oncológico – consumir, pelo menos, 400g/dia de frutas, verduras e legumes, e limitar o consumo de carne vermelha a um máximo de 500g/semana – pode auxiliar a redução do aumento do peso corporal e da concentração de radicais livres no sangue”, recomenda.
O estudo também identificou sedentarismo e obesidade entre as pacientes. A maioria – 80% das mulheres entrevistadas – não praticava atividade física, e 35% eram obesas. O risco de desenvolver câncer é maior se a mulher tiver excesso de peso durante a menopausa; nessa fase, segundo informações do guia para a prevenção do câncer de mama publicado pelo Instituto Arte de Viver Bem, o tecido gorduroso passa a produzir hormônios, o que incita uma multiplicação acelerada das células mamárias.
A publicação também aponta que hábitos como o tabagismo e a ingestão frequente de bebidas alcoólicas podem influenciar a formação de lesões nas mamas. A recomendação é limitar o consumo de álcool a uma única dose, três dias por semana, e eliminar de vez o vício do cigarro, inclusive permanecendo longe de pessoas que estejam fumando, uma vez que pesquisas também apontam risco para o fumante passivo.
Garra e determinação
As impressões do grupo de pesquisa da UFSC que vem trabalhando com as pacientes com câncer de mama são muito positivas. Kunradi diz que a adesão das participantes foi imediata. “Elas se dispuseram a fazer tudo o que pudesse ajudar a combater o câncer e diminuir a chance de os tumores voltarem”, enfatiza a pesquisadora.
“Foi muito gratificante ter tido a oportunidade de participar desta pesquisa, em função, principalmente, da garra e força destas mulheres durante o tratamento. Embora acometidas pela doença e pelos efeitos colaterais da quimioterapia, a maioria enfrenta o processo com muita motivação pela expectativa da cura”, complementa Kunradi.
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Mais informações:
Artigo com a pesquisa realizada pelos alunos e docentes da UFSC (em inglês).
Site do Relatório sobre nutrição e câncer do Fundo Mundial para Pesquisas de Câncer (World Cancer Research Fund).
Site do Instituto Arte de Viver Bem.
Mayra Cajueiro Warren
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