Três eventos discutem saberes da terra e direito ao território
“Vamos criar um espaço para que os alunos socializem seus conhecimentos, seja do uso da terra a partir dos saberes dos antepassados ou ainda saberes que cada um julgar importante compartilhar com os acadêmicos do seu curso e de outros cursos da UFSC, bem como com o público em geral”, explica a professora Maria Dorothea Post Darella, que faz parte da equipe de coordenação da Licenciatura e antropóloga do Museu de Arqueologia e Etnologia da UFSC. As três realizações buscam fortalecer o eixo temático do curso que é Territórios indígenas: a questão fundiária e ambiental no Bioma Mata Atlântica, explica Dorothea, que apóia o curso como integrante da Comissão Interinstitucional para Educação Superior Indígena
“Vivências com Povos Indígenas”, o segundo evento, será conduzido pelo professor, linguista e antropólogo Bartomeu Melià (Assunção – Paraguai), no auditório do CFH da UFSC, no dia 1º de junho, às 18h30. Docente do curso de Licenciatura Intercultural, na disciplina Laboratório de Língua Guarani, Bartomeu foi convidado a expor suas vivências com povos indígenas a fim de trocar sua vasta experiência com os alunos e docentes do curso e participantes do evento. Melià vai abordar as especificidades sócio-culturais e os direitos constitucionais das populações indígenas. Padre jesuíta espanhol (1932), mora em Assunção/Paraguai há quase cinco décadas, dedicando-se à pesquisa e à defesa dos direitos dos povos indígenas. Viveu no Brasil, também como estudioso e militante dessa causa, devido à dissidência com o governo do ditador paraguaio Alfredo Stroessner. No Brasil, atuou com os povos Guarani e Kaingang (Terra Indígena Guarita/RS), Kaiowá (MS), Enauenê-nauê (MT).
O professor do Programa de Pós-Graduação em Antropologia Social do Museu Nacional da UFRJ, João Pacheco de Oliveira, é o conferencista do terceiro evento, que ocorre no dia 4 de junho, às 18h30, no Auditório da Reitoria /UFSC, numa promoção conjunta com o Núcleo de Estudos sobre Populações Indígenas (NEPI)/CFH. Autor de volumosa obra, entre livros e artigos publicados, incluindo a “Nota técnica de juízes para a democracia”, Oliveira vai proferir a aula aberta “A PEC 215 contra os direitos indígenas, quilombolas e ambientais”. Com a emenda, o direito que era antes aferido por um processo administrativo passa a exigir aprovação pelo Congresso Nacional.
Defensor de uma ampla mobilização social contra essa medida, que chama de ataque aos direitos conquistados pelas minorias, discutirá a pressão de latifundiários e empresários para aprovação da Proposta de Emenda à Constituição, que dificulta o reconhecimento dos territórios quilombolas. Presidente da Associação Brasileira de Antropologia (ABA) entre 1994 e 1996, exerce a função de coordenador da Comissão de Assuntos Indígenas. Atua ao lado dos índios Ticuna desde a década de 1970, dedicando-se há muitos anos também aos povos indígenas no nordeste brasileiro.
Implantado em fevereiro de 2011 pelo Departamento de História da UFSC, o Curso Licenciatura Intercultural Indígena do Sul da Mata Atlântica é o primeiro curso superior do Brasil especializado nas três etnias. Sob a coordenação geral do professor Valmir Francisco Muraro, entra em sua sexta etapa concentrada de aulas. São 104 alunos, grande parte professores nas escolas indígenas que alternam o tempo na universidade com o tempo na comunidade, quando aplicam nas aldeias os conhecimentos desenvolvidos.
SERVIÇO:
Evento 1: I Seminário Temático de Sábios Indígenas Guarani, Kaingáng e Xokleng: Saberes sobre a Terra
Horário: 8h30
Local: Auditório do CFH/UFSCEvento 2: Palestra: Vivências com Povos Indígenas
Palestrante: Prof. Bartomeu Melià (Assunção – Paraguai)
Local: Auditório do CFH/UFSC
Data: 1º de junho
Horário: 18h30minEvento 3: Aula aberta: A PEC 215 CONTRA OS DIREITOS INDÍGENAS, QUILOMBOLAS E AMBIENTAIS
Com o Professor e Antropólogo João Pacheco de Oliveira (UFRJ)
Local: Auditório da Reitoria / UFSC
Por Raquel Wandelli/ Assessora de Imprensa da Secretaria de Cultura/UFSC