Palestra sobre história da Química aborda também ética científica
Como parte da 10ª Semana de Ensino, Pesquisa e Extensão, o professor da UFSC e membro da Academia Brasileira de Ciências Faruk José
Aguilera ministrou na quinta-feira (20 de outubro) palestra sobre a história da química e sua evolução. A fala foi orientada pela visão do filósofo dinamarquês Soren Kierkegaard de que “A vida só é entendida olhando para trás, mas só pode ser vivida olhando para frente”. A primeira parte tratou da gênese da Química e suas aplicações entre povos antigos, e a segunda foi sobre o futuro dessa ciência, abordando a ética científica.
O professor começou a palestra ratificando que o homem desenvolveu a Química para melhorar sua vida, mas no início conhecia somente os quatro elementos da natureza. A partir de diversas ilustrações e diferentes culturas, mostrou o potencial de desenvolvimento da humanidade. Exibiu cerâmicas primitivas encontradas na região da Mesopotâmia, com formas sofisticadas e adornadas com pigmentos naturais. “Eram inovações na pré-história”, disse o pesquisador. Ele falou sobre o uso de metais na antiguidade, como o ouro (usado há 6 mil anos antes de Cristo) e a prata (4 mil anos antes de a.C.).
A história nos ensinando
“Em 3.000 antes de Cristo os antigos metalúrgicos conseguiam misturar intencionalmente bronze, em processo semelhante ao empregado hoje em dia”, exemplificou, lembrando que na Idade do Bronze eram realizadas experimentações intensivas de alta qualidade, que resultavam na produção de utensílio para combate e sobrevivência. “É a história nos ensinando”.
Da América Latina Aguilera mostrou artefatos cerâmicos encontrados no Brasil há 6.000 a.C., e chamou atenção para a cultura Chavín em 1.500 a.C., no Peru, que dominava a metalurgia. O avanço das habilidades propiciou a produção de peças mais sofisticadas, como as moedas (exemplo ilustrado com a moeda da Turquia Reis da Lídia, feita de prata em 600 a.C., e o Drenário Romano, de aproximadamente 150 a.C.).
O palestrante também chamou atenção para o desenvolvimento dos tecidos: em 4.000 a.C. os egípcios utilizavam o linho (múmias foram encontradas cobertas com esse tecido); em 2.700 a.C. os chineses trabalhavam com seda; em 3.000 a.C. os peruanos dominavam a arte de tecer a lã com fibras de alpaca.
Ápices e declínios
Foi a partir de 1.700, explicou o professor, que a química passou por um avanço intenso, com a descoberta de novos materiais. Mas os avanço do conhecimento e o uso intensivo de recursos naturais trazem novos dilemas. “Podemos no futuro ter petróleo e não ter água”, alertou o pesquisador.
Sobre o futuro da Química, demonstrou a teoria das Ondas de Kondratiev. Segundo Nikolai Kondratiev, um economista russo, a humanidade passa ciclicamente por ápices e declínios, em uma sequência de prosperidade, recessão, depressão e melhoria. Para Kondratiev, estes períodos são relacionados ao desenvolvimento da ciência e tecnologia. Atualmente, levando em conta essa teoria, estamos em um processo de depressão e a Química é uma ciência fundamental para melhoria desse cenário.
“O futuro depende da Química”, frisou o professor, e logo depois mostrou os desafios para essa ciência: estudo de materiais biodegradáveis; combustíveis não-poluentes (ou no mínimo menos poluentes); medicamentos mais eficazes; menor contaminação das cidades; utilização de resíduos; geração de novas fontes de energia, entre outros.
Ainda nessa linha, destacou a importância da ética e citou recomendações para formação de cientistas de qualidade, como a visão de que os recursos são esgotáveis, a necessidade de trabalhar interdisciplinarmente, a responsabilidade social e o desafio de produzir sem degradar o ambiente. De acordo com o professor, a visão atual é de que é preciso renovar, ação relacionada aos princípios da chamada Química Verde, às ideias de substituir, reduzir volumes, refinar tecnologias.
Desafios globais
“Precisamos também insistir na excelência e no desenvolvimento de programas educacionais que busquem qualidade de vida e alto nível de conhecimento, atrair a juventude para fortalecer a nossa ciência e ter consciência da importância da cooperação científica internacional”, defendeu o pesquisador, lembrando que os impactos provocados pela humanidade e seus desafios são globais.
Ele falou sobre as habilidades do cientista na sociedade atual (conhecimento indutivo, criatividade, flexibilidade) e ressaltou que educação e ética são fundamentais na formação de novos pesquisadores. “O rigor científico é fundamental, mas sem a combinação com a ética corre-se o risco de formar jovens emocionalmente empobrecidos, que perdem a visão de mudar a sociedade”, alertou.
Segundo Aguilera, há discussões no meio acadêmico sobre a importância de que os estudantes tenham uma formação humanística não apenas fazendo disciplinas nas Ciências Humanas, mas tornando diário o debate sobre ética.
Por José Wilson Fontenele (Bolsista de Jornalismo na Agecom) e Arley Reis (jornalista da Agecom)
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