Pesquisadores da UFSC realizam estudo inédito sobre reprodução vegetal

Pesquisador Eduardo Nery, aluno de pós-doutorado da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). Foto: Rosângela Matos/Agecom/UFSC
Uma pesquisa pioneira realizada como parte do doutorado do pesquisador Eduardo Nery, pós-doutorando do Departamento de Botânica da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), em parceria com a professora Mayara Caddah, demonstrou que espécies de Miconia apresentam uma limitação evolutiva relacionada ao crescimento durante o processo reprodutivo.
No artigo An evolutionary constraint between reproduction and growth in a clade of Miconia (Melastomataceae), publicado neste ano na Botanical Journal of the Linnean Society, os autores mostram que as plantas-mãe, ao direcionarem energia para a produção de sementes, apresentam redução no crescimento, revelando um conflito entre crescimento e reprodução. Este trabalho é pioneiro por testar diretamente este efeito em plantas brasileiras.

Espécime de planta do grupo Miconia, conhecida popularmente como Pixirica. Foto: Rosângela Matos/Agecom/UFSC
O estudo envolveu 66 espécies do grupo de plantas Miconia, que constituem o sexto maior grupo de plantas do Brasil e são conhecidas popularmente como Pixiricas. A análise comparativa entre as espécies permitiu identificar padrões evolutivos de alocação de recursos, contribuindo para o entendimento da história natural do grupo e da biodiversidade brasileira. Foi observada uma diferença significativa entre plantas de ambientes secos, como cerrado e caatinga, e plantas de regiões de floresta, em que o custo reprodutivo é maior devido à escassez de água.
Para a realização do estudo, os pesquisadores utilizaram diferentes herbários. O Herbário FLOR da UFSC, em Florianópolis, abriga cerca de 70 mil espécies. Também foram utilizados herbários do Paraná, o Jardim Botânico de Nova York e o Museu Paraense Emílio Goeldi, que forneceram acesso a espécies amazônicas mais raras.

Espaço atual do Herbário FLOR da UFSC, banco de dados utilizado para a coleta de informação científica. Foto: Rosângela Matos/Agecom/UFSC
A participação dos professores foi fundamental para a contribuição do resultado da pesquisa. A professora Mayara Caddah, especialista em taxonomia, auxiliou na identificação das espécies, nas coletas de campo e no acesso ao acervo do Herbário FLOR. O professor Fabian A. Michelangeli colaborou na identificação botânica e na seleção de amostras amazônicas no herbário do Jardim Botânico de Nova York, contribuindo diretamente para a análise das espécies estudadas.



