Pesquisa da UFSC indicará informações estatísticas sobre mudanças climáticas para a Petrobras

20/07/2023 15:00

Plataforma de petróleo, P-67, ancorada na Baía de Guanabara (Foto: Tania Rêgo/Agência Brasil)

Uma pesquisa dos laboratórios de Dinâmica dos Oceanos e de Oceanografia Costeira da Universidade Federal de Santa Catarina vai indicar dados sobre mudanças climáticas que poderão contribuir com as operações da Petrobras. Informações sobre variáveis como as temperaturas da camada superficial do oceano e a intensidade de correntes, obtidas a partir dos modelos do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC), serão reunidas em um software a ser desenvolvido por uma empresa de Balneário Camboriú. As atividades começaram em maio deste ano e devem durar pelo menos 30 meses. A equipe do estudo é coordenada pelo professor Antonio Fernando Harter Fetter Filho.

As análises serão focadas na Bacia de Santos, Campos e Espírito Santo, uma área estratégica pela existência de pré-sal, rochas de acúmulo de petróleo e gás. “Existe uma necessidade de se incorporar nos processos de decisão informações sobre mudanças climáticas. Em todas as instâncias, cada uma com necessidades específicas, é necessário se apropriar desses dados”, comenta o professor.

Ele exemplifica a importância desses dados usando a variável da intensidade da corrente marítima, que é influenciada pelas mudanças climáticas. Como a empresa opera com equipamentos no fundo do mar, saber como essas correntes podem influenciar é um dado essencial para manter a operação.

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Na COP-27, pesquisadora da UFSC fala sobre lacunas nas informações climáticas para tomada de decisões

09/11/2022 07:00

A incerteza nos dados científicos, a ausência deles em parte do Sul Global e a necessidade imediata de se tomar decisões que não estejam concentradas em um modelo “de cima para baixo” foram alguns dos temas da fala da professora da Universidade Federal de Santa Catarina, Regina Rodrigues, na sessão da Organização Mundial de Meteorologia (WMO) na conferência do clima da Organização das Nações Unidas, a COP 27. O evento ocorre no Egito e reúne os principais pesquisadores, líderes e ativistas mundiais em discussões sobre clima e sustentabilidade. A participação ocorreu remotamente na madrugada desta quarta-feira, 9 de novembro, e reuniu o que a WMO chamou de “uma delegação de alto nível”.

Regina Rodrigues foi a única pesquisadora brasileira no painel, que contou com debates sobre como trazer a sociedade para a ciência; observação e modelos climáticos; avaliações de risco e ações de adaptação e temperaturas médias e calor extremo. Além disso, a sessão ainda trouxe discussões sobre os limites do sistema terrestre seguros e justos para o planeta; avanços no desenvolvimento de informações do clima físico para a tomada de decisões e sobre mudanças passadas e projetadas no clima e extremos climáticos.

Evento reúne pesquisadores, ativistas e lideranças do mundo todo

A professora da UFSC falou sobre a lacuna entre a produção e o uso de informações climáticas, em palestra intitulada Inverting the construction on climate information for local-to-regional climate risk. Ela lembrou que, ao longo de décadas, há uma convocação para o uso de informações climáticas, mas que existe um gap entre a produção e uso. “A lacuna resulta em parte no foco em melhores dados, ao invés de em melhores tomadas de decisões”, pontuou.

Ela também destacou a existência de uma abordagem “de cima para baixo” que pode comprometer a efetiva tomada de decisões. “Essa abordagem adota medidas de qualidade científica inevitavelmente conduzidas pelos próprios cientistas climáticos. Viola, assim, os princípios fundamentais da coprodução, que tem um rico legado nos estudos de sustentabilidade”, disse. Segundo ela, para ser útil, a ciência da mudança climática precisa romper com o paradigma tradicional e criar uma comunidade de usuários.

O desafio seria lidar com essa complexidade, mantendo a simplicidade e o esforço de empoderar as comunidades locais para conhecerem sua situação com dados concretos e transparência. No artigo Small is beautiful: climate-change science as if people mattered, recentemente publicado e citado por ela na apresentação, a professora aponta que, nas comunidades, a mudança climática é apenas um fator entre muitos a serem considerados.

Professora foi a única brasileira no painel da WMO na COP-27

No texto, fala sobre a importância de se investir na “simplicidade ao lidar com incertezas” e também sobre a ideia de capacitar as comunidades locais para entender sua própria situação, que pode ser abordada desenvolvendo tecnologias intermediárias. “Acreditamos que a própria ciência pode ser reconfigurada para ser mais adequada ao propósito, ou seja, tornar a pesquisa útil no contexto da adaptação climática e do risco climático local”, alertou, no painel da COP 27.

Sobre os sistemas de dados disponíveis, a pesquisadora listou como desafios a limitação dos indicadores a longo prazo, já que modelos climáticos também podem, de certo modo, deturpar importantes variáveis físicas, além de terem certa incapacidade em simular determinados fenômenos de modo mais realista.
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