Grupo Engenho recorda uma história com a UFSC em show comemorativo
Durante o show comemorativo aos 55 anos da UFSC, na noite de quinta-feira, 17 de dezembro, os integrantes do Engenho referiram-se várias vezes ao passado e à história do grupo. Quase todas as lembranças citadas incluíam a expressão “aqui na UFSC”; foi onde essa história começou e onde boa parte dela continuou. Eles estavam em casa, entre amigos, e o ambiente combinava: logo no começo, quando entravam para o palco, o baixista Marcelo Muniz procurava seu instrumento. Alguém da plateia brincou: “coisas de Marcelo”.
Abriram com “Corre Menina”, do terceiro disco, Força Madrinheira, e a partir daí fizeram um resumo de sua carreira, incluindo canções que ficaram de fora do CD e DVD De Trés Ont’onte a Dijaôji, que lançavam no show. Também recordaram o ambiente político, durante a abertura democrática, mas ainda com repressão e censura, em que as músicas foram escritas. Antes de tocaram “Feijão com Caviar”, o vocalista e violonista Alisson Mota contou que ela foi tocada pela primeira vez em um show organizado pelo DCE da Universidade em beneficio a amigos que haviam sido presos durante a Novembrada, em 1979. Mais adiante, quando apresentava “Nó Cego”, lembrou que também era uma letra de combate à ditadura.
Em “Força Madrinheira”, incluíram elementos serranos na composição e arranjo para falar em sangue latino, derrubar muralhas e atravessar fronteiras. “Carro de Boi”, que não estava prevista no repertório, foi incluída para lembrar o encontro com Franklin Cascaes, também na Universidade. “Areia” foi apresentada com lembranças de quando os integrantes de conheceram. “Nos encontramos na UFSC e tocamos das onze até quatro, cinco horas da manhã, sem nunca termos ensaiado”, contou o baterista Chico Thives.
A certa altura do show, Alisson pediu desculpas por estar com a voz prejudicada e disse que passou a semana afônico, mas foi um detalhe que em momento nenhum prejudicou os arranjos vocais. Pelo contrário: a falha da garganta só ficou evidente em “Barra da Lagoa” e, ao invés de atrapalhar a execução, emprestou mais emoção ao relato do pescador que falava da perda do amigo que morreu de tanto trabalhar. “Vou Botá Meu Boi na Rua”, faixa título do disco de estreia, foi introduzida com Marcelo no orocongo.
Ao final de pouco mais de uma hora, em que apresentaram 15 músicas, atenderam aos pedidos de bis e tocaram novamente “Corre Menina”. A arrecadação do show foi de 516 quilos de alimentos e 23 litros de óleo e leite, que serão doados para a Ação Social da Trindade.
Fábio Bianchini/Jornalista da Agecom/DGC/UFSC
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