Rede Nacional de Pesquisa em Biodiversidade Marinha comprova redução de peixes no litoral

16/04/2012 08:30

Nos censos visuais os pesquisadores estimam a quantidade e o tamanho dos peixes em áreas demarcadas. Fotos: Rede Sisbiota-Mar

Resultados preliminares da Rede Nacional de Pesquisa em Biodiversidade Marinha (Sisbiota Mar) confirmam cientificamente cenário conhecido na prática por pescadores e comunidades litorâneas brasileiras: a quantidade de peixes na costa está muito menor do que em ambientes mais protegidos, como as ilhas oceânicas. Nestas ilhas, a biomassa marinha chega a ser quatro vezes maior do que nas localizadas próximo ao litoral.

Os dados que resultam de censos visuais subaquáticos realizados em expedições marinhas serão apresentados na Austrália, no mês de julho, em um dos mais importantes eventos científicos na área de pesquisa marinha, o 12th International Coral Reef Symposium (ICRS 2012).

“As ilhas oceânicas estão muito mais preservadas do que as da costa, pois no litoral a pressão é muito maior. Era um dado já esperado e agora documentado”, informa o professor do Departamento de Ecologia e Zoologia da UFSC, Sergio Floeter, coordenador da Rede Nacional.

O apoio financeiro direcionado ao Sisbiota-Mar pela Fundação de Amparo à Pesquisa e Inovação do Estado de Santa Catarina (Fapesc) e CNPq já permitiu a realização de expedições ao Atol das Rocas, Barreirinhas e Maracajaú (no estado do Rio Grande do Norte); a Tamandaré e ao arquipélago de Fernando de Noronha (Pernambuco); a Maragogi (Alagoas); a Ilhas de Guarapari (Espírito Santo) e Baía de Todos os Santos (Bahia).

Em cada uma das saídas de campo, censos visuais possibilitaram a mensuração da biomassa. Esse dado representa a média de peixes em quilogramas, em áreas demarcadas de 40 metros quadrados. As informações são registradas pelos pesquisadores em mergulhos, com estimativas, além de quantidade, do tamanho dos peixes. De acordo com Floeter, essa é uma metodologia adotada por pesquisadores da vida marinha há mais de 20 anos. A Rede já realizou levantamentos de cerca de 100 amostras de 40 metros quadrados em cada ilha ou local da costa (o que representam aproximadamente quatro quilômetros quadrados investigados em baixo d’água em cada expedição).

Dados que já haviam sido obtidos em estudos anteriores e sua comparação com os atuais revelam grandes diferenças entre os ambientes. Em relação a ilhas de Santa Catarina, por exemplo, o ambiente oceânico de Atol das Rocas (também uma Reserva Biológicas Marinhas, assim como a Reserva Biológica Marinha do Arvoredo) tem biomassa quatro vezes maior (12.9 kg/40m² documentados no Atol e 3,3 kg/40m² em ilhas de Santa Catarina).

De acordo com Floeter, a Ilha da Trindade, localizada cerca de 1.200 quilômetros a leste de Vitória, é outro local em que foi documentada grande biomassa . “Não é um parque ou reserva, mas é muito distante, por este motivo fica mais preservada”, avalia o biólogo que integra o Programa de Pós-Graduação em Ecologia da UFSC e já orientou diversos trabalhos de graduação e pós-graduação sobre as comunidades de peixes no litoral catarinense.

No caso das ilhas de Santa Catarina, com estudos realizados pela equipe de Floeter desde 2006 e que incluem ambientes da Reserva Biológica Marinha do Arvoredo, os dados não são bons. “Mas a biomassa dentro da Reserva é ainda assim bem melhor do que fora dela”, ressalta o pesquisador, otimista com o trabalho proporcionado pela  pesquisa em rede, que integra estudiosos de oito universidades brasileiras (UFSC, UFRGS, USP, UFF, UFRJ, UFES, UFC e UFRPE), envolve 15 programas de pós-graduação, 15 Pesquisadores de Produtividade do CNPq e jovens pesquisadores.

Todas as equipes têm laboratórios, equipamentos de mergulho e coleta que serão direcionados a gerar  suporte científico para estratégias de conservação da biodiversidade marinha nacional

Segundo ele, a rede consolida esforços regionais iniciados há mais de uma década, permitindo que grupos de pesquisa atuem de forma harmônica e padronizada. Ela é constituída por três núcleos principais – Sul (nucleado na UFSC), Sudeste (nucleado na UFES) e Nordeste (nucleado na UFRPE). Todas as equipes têm laboratórios, equipamentos de mergulho e coleta, muitos deles comprados com recursos do edital Sistema Nacional de Pesquisa em Biodiversidade (Sisbiota), lançado pela Fapesc em parceria com o Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação, por meio do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq).

Ao longo de três anos, devem ser aplicados quase R$3 milhões em pesquisas que vão gerar suporte científico para estratégias de conservação da biodiversidade marinha nacional e conhecimento sobre o potencial farmacológico dos biomas marinhos. Nos dias 26 e 27 de março, pesquisadores da Rede se reuniram em Vitória (ES), para integração e compartilhamento dos estudos. De acordo com Floeter, a equipe já processa também resultados promissores sobre espécies marinhas que podem contribuir com o desenvolvimento futuro de fármacos, mas que levarão ainda algum tempo para serem divulgados.

Mais informações com o professor Sergio R. Floeter, (48) 3721-5521 / e-mail floeter@ccb.ufsc.br

Por Arley Reis / Jornalista na Agecom

Saiba Mais:

O Sisbiota-Mar envolve a integração de mais de 25 projetos de pesquisa e extensão vigentes sintetizados em três frentes:

– Projeto 1 Ecologia – enfoque nos padrões e processos ecológicos da biodiversidade marinha brasileira

– Projeto 2 Evolução – lida com os padrões e processos evolutivos de formação da biodiversidade marinha brasileira no espaço e no tempo, em um contexto histórico

– Projeto 3 Química Marinha – tem como objetivo investigar do ponto de vista químico as relações ecológicas e aplicar o conhecimento

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Parques e Reservas Marinhas: o caso da REBIO do Arvoredo

12/03/2012 12:07
Acontece nesta segunda-feira, 12 de março, mais uma edição dos Seminarios em Ecologia. O tema “Parques e Reservas Marinhas: o caso da REBIO do Arvoredo” será abordado por Daniele Alves Vila Nova (UFPR). O encontro será na Sala de Vídeo do Departamento de Ecologia e Zoologia, Edfício Fritz Müller, Bloco B, 1° Andar, a partir de 16h. Mais informações: alindner@ccb.ufsc.br



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Mestrado em Ecologia

06/01/2012 08:56

Estarão abertas de 16 a 31 desse mês as inscrições para o processo de seleção e admissão ao Programa de Pós-Graduação em Ecologia da UFSC, nível de Mestrado. O ingresso dos candidatos selecionados pelo Edital nº 5 do PPGECO em 2012 será de 10 alunos, correspondendo aos primeiros classificados no Processo de Seleção, obedecendo a disponibilidade de vagas oferecidas por professor orientador e a capacidade potencial do programa, que se reserva ao direito de não completar o número máximo de vagas. Informações http://www.poseco.ufsc.br/, fone 3721-6418.

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UFSC abre inscrições para cursos de ecologia nas férias de inverno

29/06/2011 14:16

O Programa de Pós-Graduação em Ecologia da UFSC organiza duas capacitações durante as férias de inverno: I Curso de Inverno em Ecologia e Curso de Ecologia de Campo. A programação é independente, sendo possível fazer um curso ou ambos.

O I Curso de Inverno em Ecologia é voltado a estudantes de graduação de Ciências Biológicas e áreas afins que tenham interesse em ampliar o conhecimento teórico na área. Os temas abordados serão Ecologia de Organismos e Populações, Comunidades e Ecossistemas. As aulas acontecem nos dias 18, 19 e 20 de julho, entre 8h e 18h30min, na sala MIP 07, prédio novo do Centro de Ciências Biológicas. Informações: asiegloch@gmail.com

O Curso de Ecologia de Campo é também direcionado a estudantes de graduação em Ciências Biológicas, preferencialmente de fases iniciais. Será realizado no período de 21 a 26 de julho.

O trabalho de campo acontecerá nos dias 22 e 24 de julho, nos Areais da Ribanceira, no município de Imbituba, em uma área em que está sendo proposta uma unidade de conservação. Os participantes serão divididos em grupos e em cada dia terão oportunidade de experimentar e vivenciar temas como vegetação de restinga, espécies exóticas vegetais, mastofauna, avifauna, herpetofauna, invertebrados aquáticos, qualidade de água e butiazais. Mais informações: mdechoum@gmail.com.

As inscrições para as duas capacitações devem ser feitas até 11 de julho, na secretaria da Pós-Graduação em Ecologia. A divulgação dos selecionados será no dia 11 de julho, por e-mail. A taxa de inscrição para os selecionados para o curso de campo é de R$ 45,00. As capacitações são organizados e ministrados por mestrandos e doutorandos do Programa de Pós-Graduação em Ecologia e professores convidados.

Por Arley Reis / Jornalista da Agecom

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