‘1º Colóquio Itinerante: Educação e Interculturalidade’ discute aspectos do aprendizado
Durante o colóquio, um dos destaques foi a participação do doutor em Antropologia pela Universidade de Sorbonne, na França, José Marin. Colaborador da Rede Universitária Internacional de Genebra, assim como de outras instituições de ensino na Europa e América Latina, o palestrante explicou a influência do eurocentrismo e do ideal de colonização nos processos educacionais da sociedade ocidental.
Intitulada “Educação, interculturalidade e descolonização do saber”, Marin iniciou sua conferência com base na afirmação de que “ideias têm consequências”, e que assumir o processo ético de respeito pela existência como um todo é a única maneira de combater a colonização da natureza – processo final do “capitalismo selvagem com grandes impactos na existência humana”. Numa sociedade em que mídia, religião, nacionalismo e ideais monoculturais detêm responsabilidade pelo processo de educação, é fundamental que diferentes sistemas educativos não assumam a responsabilidade por uma verdade universal, mas sim por diferentes respostas para um mesmo problema.
“A educação é a resposta simples para uma pergunta universal, que percorre desde os grandes grupos de criminosos nos Estados Unidos até as pequenas aldeias nos interiores dos Andes: ‘Como transmitir informação?'”, explica. Marin exemplifica que, ao longo da história, o saber se demonstrou uma equivalência de poder, já que as instituições sociais detinham informações que o povo não compreendia. O processo de concentrar o conhecimento e determinar certo e errado sobre outras culturas foi denominado colonização educacional.
Por fim, Marin critica essa conduta, apontando que pensamentos etnocêntricos são perigosos e que, na raiz histórica da humanidade, todas as culturas são frutos de outras culturas. “As monoculturas constroem suas próprias enfermidades, problemas e crises sociais. A pluralidade cultural cria soluções”, aponta.
Gabriel Daros Lourenço/Estagiário de Jornalismo/Agecom/UFSC