Pesquisadora da UFSC aprova projeto de R$699 mil para monitorar regeneração na Amazônia

05/12/2025 09:03

A professora da Universidade Federal de Santa Catarina Ana Catarina Jakovac foi uma das nove cientistas contempladas no país com recursos do edital Centro de Síntese em Biodiversidade, o SinBiose. A pesquisa liderada pela professora alcançou a terceira colocação entre 146 propostas. Os recursos de R$699 mil possibilitam que a equipe dê continuidade a um projeto sobre regeneração de florestas.

O edital no qual a pesquisa da UFSC foi contemplada tem o objetivo de apoiar projetos que  sintetizem o conhecimento científico para aplicação em políticas públicas. Catarina propõe uma continuidade do Regenera-Amazônia, que criou indicadores para monitorar a regeneração natural de florestas na Amazônia.

“O objetivo principal desta continuidade da síntese é quantificar a previsibilidade e a estabilidade das trajetórias sucessionais na Amazônia e identificar os principais fatores que as determinam, a fim de estimar a incerteza da regeneração natural em diferentes contextos sócio-ecológicos”, explica a professora.

A sucessão ecológica é um processo de mudanças em atributos do ecossistema, como diversidade, composição de espécies e estrutura da vegetação, ao longo do tempo, após uma perturbação. Ela é descrita como um processo direcional, mas pode seguir trajetórias de maior ou menor sucesso. Isso gera incertezas sobre o processo de restauração, riscos de investimento econômico e de esforço.

Estudo vai envolver universidades do país, do exterior e instituições ligadas ao meio ambiente

O estudo tem um viés aplicado. A proposta é, em conjunto com gestores e tomadores de decisão, abordar três questões com relevância direta para as políticas públicas de restauração. A ideia é entender qual é a chance de sucesso da regeneração natural em diferentes contextos socioecológicos, monitorar se a regeneração natural restrita aos estágios iniciais é suficiente para predizer a restauração ecológica efetiva ao longo do tempo e classificar os estágios sucessionais na Amazônia.

Faz parte da pesquisa, ainda, a proposta de  formalização da rede e do banco de dados Regenara-Amazônia como um repositório estruturado de dados e uma plataforma de disseminação de informações sobre a biodiversidade associada à regeneração natural no bioma amazônico.

O projeto terá colaboração com cinco instituições de pesquisa brasileiras e três universidades internacionais, além de contar com a participação de órgãos públicos como Ministério do Meio Ambiente, o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (Icmbio) e Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama).

Regenera-Amazônia

No Regenera-Amazônia, uma equipe de cientistas compilou o maior conjunto de dados de florestas secundárias, reunindo 450 parcelas de florestas secundárias em terra-firme distribuídas em 24 localidades na Amazônia Brasileira  e cobrindo idades de 1 a 70 anos. Cerca de 88% das parcelas têm menos de 30 anos e apenas 13% (59 parcelas) representam florestas com entre 1 e 5 anos de idade. Agora, a proposta é agregar novas parcelas, principalmente de regiões sub-representadas da Amazônia.

Os indicadores ecológicos e valores de referência para avaliar a efetividade da regeneração natural como forma de restaurar florestas na Amazônia foram divulgados pelo grupo em 2024, em uma publicação na Communications Earth & Environment, do grupo Nature.

O estudo representa uma ponte importante entre a ciência, as práticas de restauração ecológica e a implementação das políticas públicas de recuperação da vegetação nativa no Brasil. “Projetos de síntese científica com apoio, que integram gestores públicos, como este, são essenciais para a definição de melhores políticas públicas e para informar a tomada de decisão”, explicou a professora, em reportagem veiculada no portal do CNPq.

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