Projeto da UFSC apresenta resultados prévios no RS para tornar pesca com botos patrimônio nacional

11/07/2025 15:08

A equipe do projeto de extensão Saberes e práticas tradicionais associados à pesca artesanal com auxílio de botos em Laguna (SC) e demais ocorrências no Sul do Brasil apresentará segunda-feira, 14 de julho, em Imbé (RS), os primeiros resultados parciais da instrução técnica do trabalho. Coordenado pelo professor Caetano Sordi, da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), o projeto trabalha na proposta que busca junto ao Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) o reconhecimento da pesca colaborativa entre humanos e cetáceos como patrimônio cultural imaterial brasileiro.

A apresentação, na sede do Centro de Estudos Costeiros, Limnológicos e Marinhos (Ceclimar), da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), contará com a presença de representantes do Iphan e ocorrerá a partir das 15h.

Iniciado no segundo semestre de 2023, o trabalho foi realizado em estuários de Laguna, no Sul de Santa Catarina, e no Rio Tramandaí, entre os municípios gaúchos de Imbé e Tramandaí. Com a participação de pesquisadores do Coletivo de Estudos sobre Ambientes, Percepções e Práticas (Canoa), vinculado ao Programa de Pós-Graduação em Antropologia Social da UFSC, e do Projeto Botos da Barra, da UFRGS, a iniciativa conta com apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa e Extensão Universitária (Fapeu).

“A Fapeu exerce um papel importante no projeto ao executar a gestão administrativa e financeira, orientando e assessorando a coordenação e os demais pesquisadores da área finalística quanto às demandas e processos relativos ao seu bom funcionamento”, disse o professor Caetano Sordi em reportagem publicada na Revista da Fapeu número 15.

Proposta foi encaminhada ao Iphan

A proposta de reconhecimento da pesca colaborativa com botos como bem imaterial foi encaminhado ao Iphan em dois momentos: em 2017, pela Pastoral da Pesca de Laguna, vinculada à Diocese de Tubarão, e em 2019, pela Associação Comunitária de Imbé – Braço Morto, sediada em Imbé (RS). O projeto realizado pela UFSC agora vai elaborar o dossiê do Registro que será encaminhado para votação do Conselho Nacional do Patrimônio Cultural. Esse dossiê é composto por pesquisas, documentos e material fotográfico e audiovisual etnográfico. A pesca artesanal com botos já é reconhecida como patrimônio imaterial do Estado de Santa Catarina desde 2018.

Muito conhecida nos litorais sul catarinense e norte gaúcho, a pesca artesanal com botos é considerada um tipo único de interação e comunicação entre humanos e cetáceos. Registros apontam que a atividade é praticada há mais de um século por pescadores artesanais e populações de golfinhos do gênero Tursiops em Laguna e no Rio Tramandaí.

Os botos – ou golfinhos – do gênero Tursiops são cosmopolitas, com significativa presença ao redor do planeta. No entanto, as populações que cooperam com humanos no Sul do Brasil possuem algumas singularidades, como sua circulação mais restrita às águas próximas e internas da costa, como os complexos lagunares sul catarinense e do Rio Tramandaí, e seu pequeno número. Em 2022, estimava-se em Laguna a presença de 60 botos, mas somente a metade realizaria a interação com os pescadores. Já na região de Tramandaí seriam 10.

Com informações da Fapeu.

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