Pesquisadores da UFSC denunciam degradação dos campos de altitude em nota na ‘Science’

11/07/2025 14:19

Ecossistemas protegidos por legislação federal e integrantes do bioma da Mata Atlântica, os campos de altitude de Santa Catarina estão sendo ameaçados por conta de legislação estadual que restringe a proteção dessas áreas a regiões com mais de 1,5 mil metros de altitude. O alerta foi publicado na revista Science nesta quinta-feira, 10 de julho, assinado por um grupo de pesquisadores de instituições catarinenses e gaúchas, entre eles os professores João de Deus Medeiros e Fernando Joner, da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC).

De acordo com a nota publicada na Science, os campos de altitude têm 1.620 espécies de flora catalogadas, das quais pelo menos 25% são endêmicas, o que revela grande biodiversidade. A região é hábitat de 13 espécies de aves global e nacionalmente ameaçadas de extinção, além de espécies igualmente em risco como o lagarto Contomastix vacariensis e o veado-campeiro.

Leia a carta publicada na Science (em inglês)

A destruição dos campos de altitude em território catarinense, segundo a nota, é capitaneada por empresas florestais que se promovem como sustentáveis. Entre 2008 e 2023, cerca de 50 mil hectares de vegetação nativa foram substituídos por plantações de pínus, pois as empresas se valem do conceito estabelecido no Código Estadual do Meio Ambiente que determina a proteção para as áreas acima de 1,5 mil metros. Para os pesquisadores signatários da nota, os dispositivos estaduais que colocam esse ecossistema em risco deveriam ser considerados ilegais, já que se contrapõem à Constituição de 1988 e efetivamente vêm permitindo o processo de degradação.

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