UFSC na mídia: portal da Alemanha destaca ameaça a indígenas de SC em barragem
A Deutsche Welle, empresa pública de comunicação da Alemanha que realiza coberturas no Brasil, destacou, em seu portal, as ameaças aos indígenas do município de José Boiteux por conta das cheias e da situação da barragem há 10 anos sem manutenção na Terra Indígena Ibirama La Klanõ. A terra está inundada por conta das fortes chuvas no Estado e houve confronto nas negociações para o fechamento das comportas. Em nota, a UFSC expressou sua solidariedade à comunidade.
A reportagem traz um histórico das negociações em torno da barragem e pontua a situação vivida pela comunidade. Segundo fontes ouvidas pela DW, famílias vivem muito próximas às regiões de alagamento e se sentem em risco. “Abarreira provoca alagamento rio acima (montante) — justamente onde moram os indígenas”, explica o texto.
Juliana Salles Machado, professora do Departamento de História Indigena da UFSC, foi entrevistada pela reportagem. Ela disse que os indígenas da localidade jamais foram indenizados ou consultados. “Nunca foram informados sobre o alagamento que a barragem provocaria no território deles. A estrutura foi feita para preservar as cidades de migração europeia, rio abaixo. Os laklanõ, rio acima, sofrem”, explicou em entrevista à DW.
O texto reforça que o risco de inundação na região continua e que o Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden) prevê como muito alta a possibilidade de enchentes no Vale do Itajaí devido aos altos acumulados de chuva na bacia hidrográfica. O estudante de jornalismo da UFSC, Jucelino Senei Filho, também manifestou sua preocupação à reportagem.
Pedro Chaffe, professor do Laboratório de Hidrologia da UFSC, concluiu que as cheias no estado de Santa Catarina ficaram mais frequentes nos últimos 40 anos e disse à reportagem que é preciso pensar sobre suas implicações. “Analisando os dados em todo o estado, a frequência e magnitude das cheias estão aumentando. Já tem que se pensar sobre as possíveis implicações, como a gente pode operar as estruturas que foram projetadas no passado e não consideram as mudanças que estamos vendo”. O professor lembrou ainda que toda a estrutura da barragem teria que ser fiscalizada por órgãos competentes, revisada periodicamente e ter um plano de ação emergencial.