Grupo multidisciplinar da UFSC investiga coloração vermelha anômala na Lagoa do Peri
A coloração avermelhada da Lagoa do Peri será alvo de uma investigação realizada por uma equipe multidisciplinar, com pesquisadores nas áreas de biologia, ecologia, microbiologia, biotecnologia e saneamento da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). O objetivo é diagnosticar os motivos da anormalidade da cor e, a partir disto, propor ações de gestão a serem adotadas. Chamado de “Caracterização biogeoquímica emergencial da Lagoa do Peri (SOS-Peri)”, o projeto conta com apoio e financiamento institucional da UFSC – envolvendo o Gabinete da Reitoria, Pró-Reitoria de Pesquisa e Pró-Reitoria de Extensão.
A Lagoa do Peri é responsável pelo abastecimento de água para 100 mil pessoas no sul da Ilha de Santa Catarina e o estudo é uma demanda de setores da sociedade e instituições locais para diferentes grupos de pesquisa e laboratórios da UFSC. A caracterização do estado da lagoa irá observar prováveis desdobramentos ambientais e sanitários no local. Os resultados serão compartilhados com a Fundação Municipal do Meio Ambiente de Florianópolis (Floram) e com a Casan. “O grupo de pesquisa é da UFSC, mas vamos discutir publicamente com Floram e Casan seus desdobramentos”, diz Paulo Horta, integrante do grupo multidisciplinar.

Pesquisa busca descobrir origem da coloração avermelhada anômala da Lagoa do Peri. Foto: Carolina Ferreira Peccini/Secretaria do Meio Ambiente da Associação de Moradores da Lagoa do Peri (Asmope)
De acordo com Paulo Horta, a urbanização crescente, sem o devido saneamento básico, juntamente com a intensificação das mudanças climáticas, pode ter provocado os problemas na Lagoa. “Hoje estamos experimentando fenômenos que não têm documentação na história recente. É fundamental um diagnóstico detalhado das causas e de suas consequências para termos políticas públicas efetivas que assegurem as condições saudáveis e ecologicamente equilibradas desse ambiente maravilhoso que é a Lagoa do Peri, assim como a contribuição desse ecossistema para a nossa sociedade, com o indispensável fornecimento de água. Entre outros desdobramentos, esperamos que estes estudos nos ajudem na construção de planos de contingência, para assegurar o abastecimento de água de qualidade em eventuais condições de comprometimento ambiental e sanitário, quali/quantitativo, do manancial”.
Uma análise inicial foi realizada no final de maio pelo Laboratório de Ficologia (Lafic) da UFSC. As conclusões preliminares não evidenciaram a presença de microalgas e cianobactérias, problemas já surgidos no local. “Possivelmente sejam pertencentes a grupos de bactérias heterotróficas ou algum grupo incomum de bactérias fotossintetizantes. Há uma possibilidade de que essas células ou estruturas, não observadas anteriormente na Lagoa do Peri, sejam responsáveis pela coloração anômala”, aponta nota do professor e pesquisador do Lafic, Leonardo Rörig, integrante da equipe multidisciplinar. O documento informa a possibilidade remota “de que esse material fosse de origem mineral, como cristais ou mesmo incrustações de sais oriundas de decomposição da vegetação”. Uma nova coleta deve ocorrer nesta quinta-feira, 10 de agosto, caso as condições climáticas e operacionais sejam favoráveis.
A nota de Rörig recomendava análises toxicológicas e cultivo de amostras com técnicas microbiológicas direcionadas a bactérias heterotróficas, bem como uma análise metagenômica das amostras para trazer mais informações sobre a composição microbiana do ambiente, “podendo o resultado sugerir a origem do material preliminarmente analisado em microscopia. Ainda, uma análise cristalográfica (microscopia) do material concentrado seria interessante para verificar se pode se tratar de material mineral. Outras técnicas microscópicas com marcadores específicos para RNA podem também ser providenciadas a fim de verificar a origem biológica ou não do material suspeito”. Rörig também sugeriu a “colaboração com a Floram e Casan, uma vez que estes entes públicos da região podem juntos viabilizar um melhor entendimento do fenômeno e da saúde dos nossos ambientes”.
- Foto: Carolina Ferreira Peccini/Secretaria do Meio Ambiente da Associação de Moradores da Lagoa do Peri (Asmope)
- Foto: Carolina Ferreira Peccini/Secretaria do Meio Ambiente da Associação de Moradores da Lagoa do Peri (Asmope)
- Foto: Carolina Ferreira Peccini/Secretaria do Meio Ambiente da Associação de Moradores da Lagoa do Peri (Asmope)
- Foto: Carolina Ferreira Peccini/Secretaria do Meio Ambiente da Associação de Moradores da Lagoa do Peri (Asmope)