Hospital Universitário participa de registro inédito de pacientes com Hipertensão Arterial Pulmonar

Roger Pirath, coordenador do Centro de Referência em Hipertensão Pulmonar do HU. Foto: Sinval Paulino.
A construção e a análise de uma inédita base de dados de pacientes com Hipertensão Arterial Pulmonar (HAP) no Brasil, mudanças de protocolos assistenciais e de ensino e a possibilidade de maior sobrevida desses pacientes são alguns dos benefícios do Registro Sul-Brasileiro de Hipertensão Pulmonar (RESPHIRAR), colaboração conjunta de nove centros especializados da região, incluindo o Hospital Universitário Professor Polydoro Ernani de São Thiago da Universidade Federal de Santa Catarina (HU-UFSC) e outros dois hospitais da Rede Ebserh, Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares, estatal vinculada ao MEC: o Complexo do Hospital de Clínicas da Universidade Federal do Paraná (CHC-UFPR) e o Hospital Universitário de Santa Maria (HUSM-UFSM).
“A Hipertensão Arterial Pulmonar é uma doença rara, grave e que necessita de uma maior atenção terapêutica. Esse registro de pacientes é o primeiro no Brasil e é resultado das análises de dados (demográficos, clínicos e laboratoriais) das pessoas acompanhadas por nove hospitais”, explica o pneumologista e coordenador do Centro de Referência em Hipertensão Pulmonar do HU-UFSC, Roger Pirath Rodrigues.
O especialista informa que a pessoa acometida pela HAP precisa ser acompanhada de perto em virtude da gravidade da doença, que é progressiva podendo evoluir para a insuficiência cardíaca e até a morte. “Avaliamos os pacientes colocando os seus dados em tabelas específicas (Reveal 2.0) que estratificam os riscos dessas pessoas e que são muito utilizadas na Europa e nos Estados Unidos. Percebemos no estudo que a evolução da doença nos pacientes brasileiros foi muito parecida com a de europeus e de norte-americanos”, pontua Roger Pirath.
A geração e análise de dados sobre as pessoas com HAP beneficia não só a assistência ao paciente, mas também o ensino e a pesquisa no ambiente do hospital-escola e da universidade. O estudo multicêntrico avaliou 602 pacientes entre 2007 e 2017 e foi coordenado pela Santa Casa de Misericórdia de Porto Alegre. O HU-UFSC foi o segundo maior centro em quantidade de pacientes avaliados.
“Um estudo como esse nos dá a noção do que é preciso melhorar no tratamento dos pacientes com o estabelecimento de protocolos de atendimento e avaliação das pessoas mais adequados. O RESPHIRAR já está gerando o terceiro trabalho de conclusão de curso de Medicina na UFSC. É preciso seguir e gerar dados de base nacional”, destaca Roger.
O RESPHIRAR gerou também o artigo “Validação da avaliação de risco em pacientes com hipertensão arterial: dados de um registro do Sul do Brasil (estudo RESPHIRAR)“, que foi publicado em janeiro deste ano, na revista científica Pulmonary Circulation. Além de Roger Pirath, assinaram a publicação Fernanda Spilimbergo, Marcelo Dias‐Pinto, Daniela Blanco, Gláucia Barbieri, Marina Andrade‐Lima, Ariovaldo Fagundes, Marcelo Gazzana, Gabriela Roncato, Marcelo Mello, Guilherme Watte, Taís Assmann, Cássia Caurio, Rogério Souza e Gisela Meyer.
Sobre a doença
A HAP afeta as artérias dos pulmões e do lado direito do coração e tem como seus principais sintomas a falta de ar, tonturas e pressão no peito. Quando não apresenta uma causa específica é chamada de idiopática, mas também pode ser causada por uma predisposição genética ou estar associada a outras doenças como as cardíacas congênitas, Aids, anemia falciforme e esquistossomose, por exemplo.
A condição piora com o tempo, mas os medicamentos e a terapia de oxigênio podem ajudar a diminuir os sintomas e melhorar a qualidade de vida. Alguns dos exames que a detectam são o ecocardiograma transtorácico e o teste de função pulmonar.
A Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia (SBPT) estima que 100 mil brasileiros tenham Hipertensão Arterial Pulmonar, doença que não tem relação com a Hipertensão Arterial Sistêmica (aferida pelo esfigmomanômetro nos membros superiores), esta bem mais comum na população, com mais de 38 milhões de pessoas, segundo o Ministério da Saúde.
Texto: Moisés de Holanda, com revisão de Felipe Monteiro – Coordenadoria de Comunicação Social da Rede Ebserh