Estudo investiga associação entre ingestão de ácidos graxos e síndrome metabólica em adolescentes

12/05/2022 09:29

Uma pesquisa realizada no Programa de Pós-Graduação em Nutrição (PPGN) da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) verificou a associação entre a ingestão alimentar de ácidos graxos (AGs) ômega-3 e 6 com síndrome metabólica (SM) em adolescentes brasileiros de 12 a 17 anos de idade. A síndrome apresenta como características: circunferência da cintura elevada, hipertensão arterial, glicemia de jejum elevada, baixa quantidade de HDL-c ou o “bom colesterol”, e alta quantidade de triglicerídeos no sangue.

A SM abrange um conjunto de desordens no organismo que aumentam o risco para o desenvolvimento de diabetes mellitus do tipo 2 e doenças cardiovasculares. As causas ainda precisam ser totalmente esclarecidas, mas acredita-se que a ingestão alimentar de ômega-3 e 6 pode estar associada com a síndrome e seus componentes.

A literatura mostra possíveis efeitos benéficos do ômega-3, que pode ser encontrados em peixes, óleo de soja, óleo de canola e óleo e farinha de linhaça. Já os efeitos do ômega-6, encontrado em maior concentração em óleos vegetais, ainda não estão claros.

A pesquisa foi realizada com os dados do Estudo de Riscos Cardiovasculares em Adolescentes (Erica), realizado entre 2013 e 2014 em 124 municípios brasileiros com mais de 100 mil habitantes, incluindo Florianópolis. O estudo abrangeu escolas públicas e privadas com alunos entre 12 a 17 anos de idade. Foram coletadas informações sociodemográficas (sexo, idade, tipo de escola, área urbana/rural e região do país), consumo alimentar por meio de um recordatório dos alimentos consumidos no dia anterior, bem como dados de peso, altura, circunferência da cintura, pressão arterial e exames de sangue.

Os resultados de 36.751 adolescentes brasileiros mostraram que a síndrome metabólica esteve presente em 2,6% desta população. Além disso, constatou-se nos adolescentes investigados a ingestão média diária de 1,71g de AGs ômega-3, e de 13,56g de AGs ômega-6. A proporção entre esses dois ácidos graxos está adequada, segundo recomendações internacionais. Observou-se que na área rural ingeriu-se mais AGs ômega-3 e 6 em relação à área urbana, e a ingestão destes dois diferiu entre as regiões brasileiras.

Os resultados também mostraram que, em meninas entre 15 e 17 anos, a maior ingestão de ômega-3 foi associada à menor chance de SM. Para o ômega-6, os resultados foram conflitantes, pois em meninos entre 12 e 14 anos a maior ingestão deste ácido graxo foi associada à maior chance da síndrome e à menor chance de “colesterol bom” baixo. Portanto, essa pesquisa concluiu que os achados sugerem efeitos benéficos dos AGs ômega-3 na SM em meninas entre 15 e 17 anos, e que são necessários mais estudos para verificar os efeitos dos AGs ômega-6.

O estudo faz parte da dissertação de mestrado de Camila Tureck, orientada pelo professor Francisco de Assis Guedes de Vasconcelos e coorientada pela professora Anabelle Retondario. A mestranda recebeu bolsa de estudos da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes).

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