Projeto internacional de aquicultura lança primeiros protótipos

08/05/2020 18:19

Foto: divulgação

Mais de 100 novos protótipos para cadeias de valor da aquicultura foram apresentados entre os dias 27 e 30 de março, quando pesquisadores e produtores do setor aquícola ao redor do Atlântico se reuniram online para compartilhar os resultados do primeiro ano do projeto AquaVitae, financiado pela União Europeia. A Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) atua em três subprojetos desta iniciativa que desenvolve soluções sustentáveis à aquicultura de países banhados pelo oceano Atlântico.

Os protótipos são os primeiros resultados da colaboração realizada entre empresas e pesquisadores do setor aquícola no projeto. Pesquisadores participantes do projeto estão trabalhando para desenvolver novas soluções na produção de espécies de baixo nível trófico, incluindo macroalgas, moluscos, equinodermos, camarões e peixes. Os protótipos incluem desde novos métodos de produção de algas a novas combinações de Aquicultura Multitrófica Integrada (AMTI).

“Essas soluções serão desenvolvidas mais ainda ao longo do projeto, mas esse é um ponto de partida excelente,” diz Philip James, coordenador do projeto e cientista sênior no centro de pesquisa norueguês Norwegian Institute of Food, Fisheries and Aquaculture Research (Nofima).

Participação da UFSC

A Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) atua em três subprojetos: i) aquicultura multitrófica integrada (AMTI) em bioflocos e tanques, ii) novas espécies e macroalgas e iii) desenvolvimento de rações com ingredientes de baixo nível trófico para aquicultura.

Foto: divulgação

A UFSC coordena o subprojeto de AMTI em bioflocos e tanques, que tem ainda participação da Universidade Federal de Rio Grande (FURG), Universidade Estadual Paulista (UNESP) e Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) e a Primar Aquicultura. A UFSC em conjunto com a FURG está desenvolvendo um sistema AMTI em bioflocos integrando o cultivo do camarão-branco-do-pacífico (Litopenaeus vannamei), tainha (Mugil lisa) e macroalga (Ulva sp.).

No subprojeto “novas espécies de macroalgas” a UFSC está trabalhando em um pacote tecnológico para reprodução e cultivo de espécies do gênero Ulva. Estas macroalgas têm potencial para uso na culinária, extração de compostos bioativos e uso como aditivo alimentar para espécies aquáticas.

Já no subprojeto 3, desenvolvimento de rações com ingredientes de baixo nível trófico para aquicultura, a UFSC está avaliando a substituição de óleo de peixe na dieta de camarões por uma farinha de microalga. Estão sendo avaliadas duas microalgas Aurantiochytrium (rica em DHA) e Nannochloropsis (rica em EPA) como substituto ao óleo de peixe.

Inovação na aquicultura

A missão do projeto AquaVitae é introduzir novas espécies de baixo nível trófico, além de novos produtos e processos nas cadeias de valor da aquicultura marinha nos países banhados pelo oceano Atlântico.

35 parceiros da indústria e da pesquisa de 15 diferentes países espalhados por 4 continentes fazem parte do projeto. Além de países europeus, protótipos para a indústria estão sendo desenvolvidos em outros países, como Brasil e África do Sul.

“Ao longo dos próximos 24 meses, os protótipos serão avaliados quanto a sua capacidade de satisfazer as necessidades, demandas e segurança dos consumidores, além de critérios como sustentabilidade ambiental e viabilidade econômica,” diz Philip James, coordenador geral do projeto.

Ele acredita que este processo ajudará a garantir a viabilidade e sucesso de novas espécies, processos e produtos que constituirão os resultados do projeto.

Uma conferência virtual ao redor do Atlântico

A reunião anual iria ocorrer originalmente em Florianópolis, Brasil. Contudo, devido à pandemia do Covid-19, os 80 participantes tiveram que se reunir virtualmente.

A conferência durou 3 dias e incluiu um workshop com stakeholders brasileiros, cujo objetivo era apoiar um aumento nas colaborações de pesquisa entre Europa e Brasil.

“Tivemos uma excelente discussão e destacamos tópicos importantes para serem tomados como base para desenvolver relações mais próximas entre as indústrias aquícolas do Brasil e da Europa,” disse Eric Routledge, Chefe de Pesquisa na Embrapa Pesca e Aquicultura.

Outros participantes incluíram a Associação Brasileira de Piscicultura (PeixeBR), a Associação Brasileira de Criadores de Camarão (ABCC), o Ministério da Agricultura, a Comissão Nacional de Agricultura, a Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (FIESP) e produtores aquícolas.

A partir da Europa, tomadores de decisão, membros do projeto e das plataformas DG Research and Innovation, European Aquaculture Technology and Innovation Platform (EATiP), AANChOR, BlueEco Net e Innovation Norway forneceram diferentes soluções para apoiar a colaboração transatlântica.

A reunião também contou com representantes do setor aquícola da África do Sul.

Cooperação brasileira e estudos de caso

O AquaVitae possui três estudos de caso conduzidos no Brasil, incluindo AMTI em sistema de bioflocos, espécies de água doce (pirarucu e tambaqui) e espécies marinhas (linguado). Além disso, outros estudos de caso utilizando ostras, rações e algas também têm parte de suas etapas realizadas no Brasil. A colaboração é apoiada pelos centros de pesquisa brasileiros, universidades e empresas participantes do consórcio AquaVitae listados a seguir: Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), Universidade Federal do Rio Grande (FURG), Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (UNESP) e a empresa de aquicultura orgânica Primar Aquacultura Ltda.

Texto:  Felipe do Nascimento Vieira/LCM/UFSC

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