Livro de Cruz e Sousa com textos sobre negritude será lançado dia 12, na UFSC

10/09/2019 10:21

Negro – Cruz e Sousa”: o título já nos dá uma ideia sobre a abordagem do livro, organizado pela professora e pesquisadora Zilma Gesser Nunes, do Departamento de Língua e Literatura Vernáculas (DLLV/UFSC). A obra, que será lançada na próxima quinta-feira, 12 de setembro, é um conjunto de textos nos quais o poeta simbolista exprime sua condição de negro e a consciência da negritude.  Nas palavras de Zilma, o livro “configura uma mostra da forma como o poeta tratou o negro em sua produção, seja em sua condição de escravo, em cenas de dor e humilhação, seja na condição de poeta emparedado por uma sociedade preconceituosa, seja em textos que evocam a sensualidade africana, a beleza e a volúpia dos prazeres carnais”.

Na apresentação da obra, o professor e pesquisador da UFSC Jair Tadeu da Fonseca destaca a contribuição de Cruz e Sousa para a negritude, antecipando-se ao político e poeta senegalês Leopold Senghor, que criou esse conceito. “O rigor e o apuro formais dos poemas e outros textos de Cruz e Sousa são inseparáveis do trato que deu à sua condição afro-brasileira”, afirma Jair. O lançamento será no Espaço Zahidé Muzart, localizado no hall do Centro de Comunicação e Expressão (CCE/UFSC), a partir das 17h30.


Quem foi Cruz e Souza

Apesar de ser filho de escravos, Cruz e Souza pôde receber educação de qualidade graças à proteção que teve do casal Clarinda Fagundes e Guilherme Xavier de Sousa, militar herói da Guerra do Paraguai. Em reconhecimento, João da Cruz adotou o nome pelo qual é mundialmente conhecido.

João da Cruz nasceu em 1961 na Ilha de Nossa Senhora do Desterro, atual Florianópolis. Ainda jovem, iniciou sua atividade literária e jornalística, engajando-se também na campanha abolicionista. Na Província, integrou um grupo chamado de Ideia Nova, que defendia a estética realista. Em 1889 transferiu-se definitivamente para o Rio de Janeiro. Nesta cidade conheceu Gavita Rosa Gonçalves, imortalizada em um de seus poemas como “Rosa Negra”. No Rio de Janeiro, através do editor Domingos de Magalhães, lançou os livros Missal, em prosa, e Broquéis, de poesia, ambos em 1893. A crítica literária aponta Broquéis como o livro que inaugura o Simbolismo no Brasil.

A obra mais importante de Cruz e Sousa, no entanto, somente veio a público após a sua morte, através dos amigos Saturnino de Meireles e Nestor Victor. Destacam-se os livros Evocações (1898), Faróis (1900) e Últimos sonetos (1905).

Em 1924, por iniciativa de Nestor Victor, surgiu a primeira Obra completa. No centenário de nascimento, veio a público a segunda Obra completa, organizada por Andrade Murici. Anos mais tarde, a mesma foi atualizada por Alexei Bueno. Enfim, a reunião mais completa da obra de Cruz e Sousa foi publicada em 2008 por Lauro Junkes. A par disso, livros de crítica literária e de História aclamam o poeta negro como expressão máxima do Simbolismo no Brasil, fazendo páreo com mestres universais como Mallarmé e Baudelaire.

No Rio de Janeiro, Cruz e Sousa lutou para sobreviver, trabalhando como arquivista da Estrada de Ferro Central do Brasil. Em 1898, com 36 anos, despediu-se de Gavita, grávida do quarto filho, para tratar-se de uma tuberculose em Barbacena, Minas Gerais. Mas não resistiu à doença. Seu corpo retornou ao Rio num vagão de trem destinado ao transporte de animais.

Em julho deste ano, foi inaugurado um mural de 30 metros pintado em sua homenagem, no centro de Florianópolis.

 

 

Serviço

Lançamento do livro “Negro – Cruz e Sousa”

Quando: 12 de setembro, a partir das 17h30

Local: Espaço Zahidé Muzart – Hall do Centro de Comunicação e Expressão – CCE/UFSC

Organização e introdução: Zilma Gesser Nunes

Editora: Caminho de Dentro Edições

Páginas: 192

Preço: R$ 41,00

 

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