Coperve divulga lista de obras literárias para o Vestibular 2020

20/03/2019 15:23

A Comissão Permanente do Vestibular (Coperve) da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) divulgou nesta quarta-feira, dia 20 de março, a lista das obras de literatura para o Vestibular UFSC 2020. Sugere-se que o candidato leia as obras na íntegra, uma vez que o conhecimento dessas obras supõe capacidade de análise e interpretação de textos, bem como o reconhecimento de aspectos próprios aos diferentes gêneros. Ainda, entende-se que é necessário conhecer também o contexto histórico, social, cultural e estético de cada obra. O Programa das Disciplinas para o Vestibular 2020 pode ser acessado neste link.

Confira as obras.

Por que ler as obras?

Capitães da areia, de Jorge Amad

Na década de 1930, uma série de escritores brasileiros, em especial no Nordeste do país, resolve imprimir maior engajamento social à literatura ao enfocar mazelas nacionais. Jorge Amado integra esse grupo ao lado de escritores como Rachel de Queiroz, Graciliano Ramos e José Lins do Rego. Publicado em 1937, Capitães da areia é uma narrativa sobre a vida de um grupo de meninos de rua que vive ao redor de um trapiche e perambula pela Salvador das primeiras décadas do século XX. O romance problematiza a infância abandonada e o descaso de autoridades públicas e de uma imprensa sensacionalista, que contribuem para a marginalização desses menores. Figura entre as obras mais influentes de um dos escritores brasileiros mais lidos no Brasil e no exterior.

Cemitério dos vivos, de Lima Barreto

Romance de fundo autobiográfico em que Lima Barreto relata sua experiência após ser internado compulsoriamente no Hospital Nacional de Alienados, em 1919, devido a problemas com o álcool. Texto inacabado, com elementos da crônica e componentes ficcionais, Cemitério dos vivos é um dos últimos projetos do autor. Por meio do protagonista Vicente Mascarenhas, o livro critica severamente tanto o ambiente manicomial, especialmente no que se refere ao uso de tratamentos agressivos como o choque elétrico, quanto o preconceito e a exclusão social vivenciados pelos internos, o que torna a obra um testemunho bastante atual. Romancista da Primeira República, torna-se conhecido pela publicação de Triste fim de Policarpo Quaresma, mas somente nas últimas décadas a crítica contemporânea vem reconhecendo sua originalidade em utilizar o “escrever brasileiro”, antecipando elementos estéticos e temáticas sociais de um modo absolutamente singular, conferindo-lhe papel da maior importância entre os grandes escritores da literatura nacional.

Melhores contos de Lygia Fagundes Telles, de Lygia Fagundes Telles

Os contos que integram a obra foram publicados entre a década de 60 e a de 80 do século XX e selecionados pelo professor e filósofo Eduardo Cortella, o qual destaca a perícia da escritora em “crescer por dentro”, ou seja, em criar uma estética própria, baseada na contenção e na precisão vocabular. Lygia Fagundes Telles começa a publicar em 1938, figurando ao lado de escritores como Clarice Lispector, João Guimarães Rosa, João Cabral de Melo Neto e Ariano Suassuna, e mantém-se ativa até hoje, tendo se tornado em 2016 a primeira mulher brasileira a ser indicada ao Nobel de Literatura. A autora explora sentimentos como o amor, o ciúme, o desamparo do ser humano e a melancolia diante do envelhecimento e da morte, com uma abordagem que favoreceu as adaptações para a televisão. Fugindo de lugares comuns, como estereótipos femininos e clichês da autoajuda, a escritora se pauta pela imaginação, pela intriga e pelo mistério.

Os milagres do cão Jerônimo, de Péricles Prade

O escritor catarinense integra o pequeno grupo de literatura fantástica praticado no cenário brasileiro, um espaço literário marcado por uma forte tradição realista. Os milagres do cão Jerônimo é uma coletânea de narrativas curtas entre as quais figuram traços do insólito, do absurdo, do fantástico, do maravilhoso e mesmo do surrealismo. Tendo publicado essa obra pela primeira vez em 1970, Prade é contemporâneo de outros expoentes do conto que exploram o fantástico brasileiro, tais como J. J. Veiga e Murilo Rubião.

Quarto de despejo, de Carolina Maria de Jesus

Publicado em 1960, Quarto de despejo é um forte relato biográfico de uma mulher negra e pobre, que sobrevive como catadora de lixo enquanto cria três filhos sozinha. Moradora da Favela do Canindé, à beira do Tietê, os diários relatam a luta pela subsistência na São Paulo de meados do século XX – tematizando a fome, a segregação social, o racismo estrutural, os dramas da convivência na favela e o oportunismo de políticos frente aos grupos marginalizados. Embora os diários sejam seu trabalho mais conhecido por conta do teor testemunhal, Carolina revelou-se uma escritora plural, autora de peças de teatro, romances e poemas, cujo tratamento estético da linguagem supera a leitura meramente antropológica, inserindo-a no cânone da literatura afro-brasileira.

Um útero é do tamanho de um punho, de Angélica Freitas

Publicada em 2012, a coletânea de poemas de Angélica Freitas possui contornos feministas, pois seu lirismo contrapõe questões de gênero fortemente delineadas por uma cultura patriarcal. Por meio de seus poemas, estimula o leitor a repensar estereótipos de beleza, comportamento e identidade naturalizados como regra em nossa sociedade. O livro é articulado ao redor de um eixo temático – a mulher –, o que favorece a construção de uma unidade de composição e o diálogo interno entre os textos. Ironia, humor e sarcasmo são traços marcantes dessa obra contemporânea, constituindo dispositivos de linguagem que estimulam uma reflexão sobre como as mulheres se percebem e sobre como são culturalmente percebidas na atualidade.

Mais informações sobre o Vestibular 2020 acesse o site da Coperve.

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