Evento propõe união entre universidade, governo e empresas para um caminho da inovação

20/08/2018 17:16

Universidade, governo e empresas unidas no fomento da inovação e do empreendedorismo no Brasil foi o discurso do 1° Caminhos da Inovação, evento realizado no auditório do Centro Socioeconômico da Universidade Federal de Santa Catarina (CSE/UFSC) na tarde de quarta-feira, 15 de agosto, e promovido pela Secretaria de Inovação (Sinova/UFSC).

Estudantes, pesquisadores e comunidade interna e externa estiveram presentes para conhecer sobre conceitos de inovação e empreendedorismo, ações na área desenvolvidas na UFSC e na da Universidade Nacional do Litoral (UNL/Argentina), experiências de sucesso e desafios e, também, orientações legais sobre os primeiros passos a seguir quando surge uma ideia.

Alexandre Moraes Ramos, secretário de Inovação, reforçou durante a palestra de abertura a necessidade de uma cultura de inovação envolvendo Instituições de Ensino Superior, Governo e empresas. “A história da UFSC está diretamente ligada com o desenvolvimento econômico e cultural de Santa Catarina, pois nós temos a capacidade de fazer acontecer”, disse Ramos, enfatizando aos estudantes que para ser empreendedor é preciso ter ‘brilho nos olhos’. “Não existe inovação dentro da sala de aula, é preciso sair, conversar, circular e difundir a ideia, pois ela não pertence a gente, ela está no ar e vai ser de quem tiver força para levar a ideia para frente.”

Em seguida, o professor da UFSC Rafael Pereira Ocampo Moré apresentou conceitos para introduzir os presentes ao mundo empresarial, alertando que empreender exige habilidades e características. “O que fazer para empreender? É preciso buscar conhecimento, saber negociar, ter liderança e despertar nos outros a vontade de fazer. Para fomentar a inovação é necessário possuir uma cultura de inovação, ter interesse de inovar, conhecer o mercado e ter infraestrutura de inovação.”

De acordo com o Manual de Oslo, inovação é “a implementação de um produto (bem ou serviço) novo ou significativamente melhorado, ou um processo, ou um novo método de marketing, ou um novo método organizacional nas práticas de negócios, na organização de trabalho ou nas relações externas”. Já empreender, segundo os economistas, “é essencial ao processo de desenvolvimento econômico. O bom empreendedor, ao agregar valor a produtos ou serviços, está permanentemente preocupado com a gestão de recursos com os conceitos de eficiência e eficácia”.

Mais uma vez, a participação do governo, da academia e os negócios é fundamental para o ambiente de inovação. “Porém, os caminhos da inovação e do empreendedorismo são repletos de obstáculos, para isso é necessário ser autoconfiante, ter disciplina, compartilhar, conhecer o mundo acadêmico, desenvolver oportunidades de negócio, superar forças competitivas e inovar na crise.”

A segunda palestra da tarde contou com a participação de Javier Lottersberger, secretário de Vinculação e Transferência Tecnológica da UNL, que apresentou a estrutura de inovação desenvolvida na instituição. Conforme Javier, foi desenvolvida numa política voltada à formação de empreendedores. “Buscamos construir um novo paradigma que estimule a capacidade empreendedora envolvendo universidade, governo e empresas.” O ecossistema empreendedor vai do estímulo aos estudantes, à participação efetiva do governo e o desenvolvimento de empresas.

Na UNL, de 2005 a 2015 era ofertada uma disciplina voltada à formação de empreendedores envolvendo 670 estudantes. Em 2016 essa ação foi ampliada para duas possibilidades: curso de competência de empreendedores (365 estudantes) e laboratório de empreendedores (68 estudantes). “Outras ações voltadas ao empreendedorismo também são fomentadas na UNL, tais como curso de verão para empreendedores, Jornada Internacional de Jovens Empreendedores (Jije 2018), curso de modelo e negócios, Feira de Ideias, Gabinetes para empreendedores que funcionam como pré-incubadoras, plataforma para a promoção do empreendedorismo, difusão do empreendedorismo nos meios de comunicação locais, ações interinstitucionais, programa de geração, incubação e desenvolvimento de empresas, Clube de Empreendedores de Santa Fé e Parque Tecnológico del Litoral Centro Sapem. Este último propõe a mobilidade, a integração e o processo de incubação (pré-incubadoras, incubadoras, pré-estabelecimento, estabelecimento)”, explica ele, mostrando que 34% do Parque é ocupado pela UNL, 33% pelo Estado e 33% pelas Empresas.

Com o encerramento do primeiro bloco de palestras que apresentou as visões acadêmicas sobre inovação e empreendedorismo, foi a vez de Marcelo Wolowski, fundador e diretor da BZPlan, abordar casos de sucesso de investimentos em startups de tecnologia. Fundada em 2002, a empresa passou por altos e baixos. Entre 2012/2013 contou com cinco investimentos realizados, em 2016 teve o primeiro desenvolvimento e em 2017/2018 foram seis investimentos. “A minha carreira no empreendedorismo veio, primeiro, de família devido à experiência do meu pai. Em segundo, inspirado nos Estados Unidos com Venture Capital. Em terceiro, com a fundação da BZPlan voltada ao financiamento de startups.

Marcelo mostrou aos presentes o primeiro case de sucesso, relatando a venda do empreendimento Axado ao Mercado Livre. “Investimos também em outras startups de tecnologia, como Prossegur, Clube de Autores, Mobble, EAD Box, Gofind Online, Rede Vistorias, Phone Track. O principal conselho que dou é considerar uma sociedade, pois ela viabiliza o negócio, segundo é ter resiliência. Lembrem-se que é preciso trabalhar em equipe, agregar valor e saber que errar é comum. Ser empreendedor não é fácil, para isso é necessário ter o caminho claro para desenvolver a startup”, alertou Wolowski, ressaltando que Florianópolis é um polo promissor para empreender em tecnologia.

A última palestra do evento contou com o advogado Roberto Luis de Figueiredo S. Junior que abordou os aspectos legais de uma startup. Para Roberto, o fundamental é o empreendedor saber o que quer. “Essa é a primeira pergunta que fazemos quando chega alguém no escritório, uso a técnica dos cinco por quês? No terceiro ‘por que’ a conversa começa a tomar uma estrutura adequada para um possível modelo de negócio.”

Segundo Roberto, após entender a ideia o assessoramento jurídico inicia o processo de entender os objetivos e possíveis riscos que eles podem sofrer. “Para você saber quais são seus objetivos você tem que estruturar a sua ideia e, para estruturá-la primeiro, tem que saber o que realmente você quer. Com os objetivos definidos é preciso traçar um planejamento para cada um deles e, a partir disso, teremos a interação ou o impacto de normas tributáveis, ou trabalhistas, ou um modelo societário”, explica ele, ressaltando que a gestão de riscos é definida ao saber em qual ambiente o negócio irá transitar. “Com base nisso a assessoria jurídica dirá quais as normas, as agências reguladoras, as implicações e as proibições para cada ambiente como forma de reduzir os riscos.”

Figueiredo ressalta que a socialização da ideia pode ajudar na sua proteção, como a publicação científica, apresentação da ideia em eventos ou congressos. Ainda, duas legislações básicas foram passadas: Lei de Direito Autoral e da Propriedade intelectual. “Primeiro passo: socialização; segundo passo: a ideia clara está estruturada? Termo de Sigilo e Confidencialidade; terceiro passo: parceiros interessados no negócio? Memorando de Intenções. Ou seja, sair da informalidade e trazer regras claras e definidas sobre o papel de cada ator para que, lá na frente, não seja necessário perder um amigo”, finaliza ele.

Mais informações nas páginas do evento 1° Caminhos da Inovação e da Secretaria de Inovação, na Lei de Inovação n° 10.973/2004

Nicole Trevisol / Jornalista da Agecom / UFSC

Fotos: Marcus Vinícius / Estagiário de Jornalismo do Gabinete do Reitor / UFSC

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