Observação do eclipse lunar reúne mais de 100 pessoas no Observatório Astronômico da UFSC
A noite fria e o céu nublado não foram obstáculos para as mais de 100 pessoas que compareceram ao Observatório Astronômico da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), na noite da última sexta-feira, 27 de julho. A razão da multidão foi o eclipse lunar, o maior em duração do século 21. O fenômeno, que durou 3 horas e 55 minutos, ficou visível para a América do Sul, Europa, África, Ásia e Austrália.
Infelizmente, em Florianópolis, só foi possível observar parcialmente o acontecimento, por conta da nebulosidade. Mas o fato não desanimou o público presente, que contava com crianças, jovens, adultos e idosos. Com telescópios espalhados pelo pátio, as pessoas se reuniam em grupos em volta dos objetos, empolgados pela chance de enxergar a lua mais de perto. A noite também presenteou os amantes do universo com a aparição do planeta Marte, que brilhava com sua luz vermelha, devido à oposição ao sol e por estar em seu período mais próximo da Terra. O astro, cultuado na cultura romana como o deus da guerra e agricultura, estava visível próximo à lua, porém com um tamanho muito menor, devido a sua distância de quase 60 milhões de quilômetros da Terra.
Além da observação, o Planetário, localizado no mesmo terreno do Observatório, contemplou os presentes com palestras sobre o eclipse. Em sessões com sala cheia e duração aproximada de 30 minutos, os ouvintes, de várias idades, viraram colegas de classe. Ministradas com bom humor por Adolfo Stotz Neto, presidente do Grupo de Estudos de Astronomia (GEA) da UFSC, as aulas explicavam o fenômeno, além de trazer uma revelação intrigante: segundo Adolfo, a lua não é um satélite natural da Terra. Devido a ser apenas três vezes menor que nosso planeta, e estar se afastando 2,85 centímetros por ano, a Terra e a Lua formam um sistema planetário duplo, divergindo do que muitos livros apontam.
Caio Portela, de 20 anos, é estudante de Engenharia Química e participou de uma das palestras. Segundo ele, a astronomia é um assunto de seu interesse. “Venho acompanhando a área desde a primeira vez que anunciaram presença de água em Marte. Então resolvi vir aqui hoje para conhecer mais sobre o assunto”, explica.
João Carlos, de 71 anos, revela que foi ao Observatório pois são raras as oportunidades de observação de eclipses: “Moro em Florianópolis há 40 anos, e esta é a primeira vez que consigo ver algo, pois o clima da cidade interfere em muitos fenômenos como esse. Nunca dá pra enxergar muita coisa”.
Mesmo sem uma observação total do eclipse, a noite trouxe muito conhecimento para público. Afinal, como lembra Adolfo, nossos átomos já estiveram presentes em estrelas em um passado distante. Os astros, existentes há bilhões de anos na imensidão do universo, não são muito diferentes de nós. De acordo com estudo da universidade Northwestern, dos Estados Unidos, compartilhamos cerca de 50% do mesmo material atômico. Então por que não deveríamos nos interessar em conhecer mais sobre nossos ancestrais estelares?
Alan Christian /estagiário de Jornalismo da Agecom/UFSC