Prematuridade: HU debate a sensibilização e os cuidados com recém-nascido e familiares
Uma semana para sensibilizar. No Brasil, 12% dos bebês nascem pré-maturos e é o dobro do percentual da Europa. Esse fator é a principal causa da mortalidade no primeiro ano de vida. Foi pensando nessa vida que o Hospital Universitário (HU) da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), um dos cinco centros de Referência Nacional para o Método Canguru, promove até domingo, 19 de novembro, ações de conscientização sobre a prematuridade.
Na manhã desta terça-feira, 14 de novembro, cerca de 40 profissionais de saúde estiveram reunidos para participar do curso de ‘Sensibilização da atenção humanizada ao recém-nascido de baixo peso – método Canguru’.
Segundo Zaira Custódio, psicóloga na maternidade e coordenadora do Centro de Referência Nacional do HU, o método foi lançado no Brasil em 2000 e busca provocar uma mudança de paradigma na maneira de cuidar dos bebês que nascem prematuros ou de baixo peso. “Por meio de diversas ações e com o envolvimento dos profissionais, atuamos no desenvolvimento de uma qualidade psicoafetiva, nutricional e neurológica nesse bebê”, explica ela.
A sensibilização, a empatia e o acolhimento movem o método Canguru. São três pilares que transformam o ambiente gélido de uma UTI em um espaço de respeito às individualidades do bebê e da família, ambiente adaptado e o estímulo ao contato pele a pele. “Quando falamos e pensamos a UTI, queremos que esse bebê sobreviva tendo a família inserida nesse cuidado com ele. O objetivo é fortalecer o vínculo familiar e que esse bebê sobreviva com qualidade e com o mínimo de sequelas possíveis por ter passado pela UTI”, salienta Patrícia Klock, professora do Departamento de Enfermagem da UFSC e enfermeira, atuando por 13 anos na UTI Neonatal do HU.
Os pais têm acesso 24 horas na unidade, uma das marcas do método. Isso para que os cuidados e o contato pele a pele com o bebê sejam constates, em conjunto com a equipe profissional.
É através da capacitação com os profissionais que atuam diretamente com esse público que o método Canguru segue em constante aperfeiçoamento no Hospital Universitário. Profissionais internos e externos passam por sensibilização diária, capacitação, cursos, oficinas e rodas de conversas que são organizadas a cada semestre. “Neste processo estamos agregando a tecnologia leve (método Canguru) à tecnologia dura (equipamento, tecnologia, medicação)”, relata Zaira.
Bianca Viana, estudante da sétima fase do curso de Psicologia da UFSC, realiza o seu estágio desde julho na maternidade do HU e buscou no curso conhecer mais sobre o método Canguru. “A Zaira sempre nos sensibiliza sobre o método e queria conhecer mais porque tenho o interesse em continuar trabalhando nessa área. Para mim, o método é uma excelente política pública de saúde porque envolve a família, os cuidados com o bebê e a observação do que se passa ao nosso entorno. O recém-nascido precisa da atenção mais humanizada possível, ele não fala e precisa de toda nossa atenção para sofrer o menor impacto possível”, reflete.
De acordo com as palestrantes, os estágios realizados pelos estudantes da UFSC no HU abrem espaço para práticas de tecnologia leve e abordagem mais humanizada. “Eles se tornam capacitados para disseminar o método em diversos campos de atuação, em outras maternidades, com um olhar diferenciado, semeando a sensibilização no seu local de trabalho”, finaliza Patrícia.
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As atividades da Semana de Conscientização sobre a prematuridade continuam no HU e o encerramento com a Caminhada da Prematuridade neste domingo, 19 de novembro, às 10h, no Trapiche da Avenida Beira Mar Norte.
“Essas ações são uma possibilidade de sensibilizar para a causa da prematuridade, sobretudo para o pré-natal de alto risco e o nascimento pré-maturo. Essa semana abarca duas vertentes: o pré-natal para evitar parto pré-maturo e os cuidados com os que nasceram pré-maturos e suas famílias”, diz Zaira.
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Nicole Trevisol / Jornalista da Agecom/UFSC