UFSC celebra os 20 anos da maternidade do Hospital Universitário
O evento em comemoração aos 20 anos da maternidade do Hospital Universitário Professor Polydoro Ernani de São Thiago (HU) da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) lotou o auditório do hospital, na manhã desta quinta-feira, 12 de novembro, em Florianópolis. A trajetória da maternidade, os desafios e mudanças no nascimento no Brasil e dados nacionais sobre parto e natalidade foram os enfoques das três palestras realizadas.
A professora do Programa de Pós-Graduação em Enfermagem da UFSC, Odálea Maria Bruggemann, participou no processo de implantação da maternidade e fez uma apresentação sobre os serviços prestados. “Idealizamos um modelo de atenção ao parto e nascimento com humanização no cuidado e interdisciplinaridade. A filosofia assistencial da maternidade foi elaborada na década de 80 e é utilizada até hoje”, informou.
Gravidez como processo, não como evento; rotinas da maternidade flexíveis; internação da mulher por tempo suficiente para educação à saúde e integração entre profissionais e serviços são alguns dos princípios que norteiam as atividades de ensino, pesquisa e extensão, destacou Odálea. “A nossa maternidade cumpre, na íntegra, sua função como maternidade-escola. Nesses 20 anos, não só apresentou resultados assistenciais, como produziu artigos, formou pessoas, ajudou a criar leis e tem influenciado a assistência a mulheres e crianças, tanto em políticas no estado como no Brasil”, disse o diretor-geral do HU, Carlos Alberto Justo da Silva.
Os pais têm acesso 24h à Unidade de Internação, também chamada de Unidade Neonatal, o que, de acordo com Odálea, é importante para a formação de vínculos. São permitidas visitas de avós e irmãos do bebê. Os direitos a atendimento personalizado, ao sistema de Alojamento Conjunto – não há berçário no HU, mãe e bebê permanecem juntos no mesmo quarto – e a um acompanhante no parto (regulamentado pela Lei do Acompanhante, aprovada na esfera federal em 2005) são assegurados pela maternidade do HU desde a década de 90.

A trajetória da Maternidade, os desafios e mudanças no nascimento no Brasil e dados nacionais sobre parto e nascimento foram os enfoques das três palestras realizadas durante o evento em comemorativo. Foto: Pipo Quint/Agecom/UFSC
“Sempre ouço as melhores referências da maternidade e dos que trabalham aqui pelo carinho e dedicação. Hoje só posso agradecer e parabenizar por todo esse esforço na luta pela instituição para que ela possa se desenvolver cada dia mais”, afirmou a vice-reitora, Lúcia Helena Martins Pacheco. A representante do Ministério da Saúde que atua na área de Saúde das Mulheres, Renata de Souza Reis, ministrou a palestra “Desafios para a mudança no modo de parir e nascer no Brasil”. “Inquérito nacional sobre parto e nascimento” foi o tema da apresentação da professora do Departamento de Epidemiologia e Métodos Quantitativos em Saúde da Fundação Oswaldo Cruz, Maria do Carmo Leal.
A chefe do Departamento de Enfermagem do Centro de Ciências da Saúde (CCS) da UFSC, Itayra Padilha; a coordenadora da Enfermagem do HU e integrante da Comater, Lígia Silveira Dutra; a presidente da Associação Amigos do HU, Ana Maria Dutra; e a representante da Secretaria de Estado da Saúde de Santa Catarina e do programa Rede Cegonha, Maria Cecília Heckrath, participaram da mesa de abertura.
Números
Os dados apresentados pela professora do Programa de Pós-Graduação em Enfermagem da UFSC apontam que em 2014 foram realizados 1.896 partos no HU – 1.305 normais e 591 cesarianas. “A maioria dessas mulheres tinha menos de 35 anos, são brancas, possuem companheiro, completaram o ensino médio, não planejaram a gestação e fizeram seis ou mais consultas pré-natais”, afirmou. Com relação à preferência de parto, 62,3% gostariam de que fosse normal, 15,1% cesariana, e 22,6% não manifestaram opinião.
O parto na posição vertical é realizado no HU desde a abertura da maternidade. “No início, o número era muito reduzido. Hoje, implementamos uma rotina. A parturiente é orientada sobre as vantagens desse tipo de parto, que atualmente corresponde a mais de 80% dos realizados”, contabilizou Odálea.
A professora informa que o contato na sala de parto, o aleitamento materno, o corte tardio do cordão umbilical e a participação do pai no procedimento estão entre as chamadas boas práticas adotadas durante o parto. “Mais de 90% das mulheres saem do centro obstétrico para o alojamento conjunto. Apenas 7,8% são transferidos para a UTI Neonatal”, relatou, orgulhosa. Em 2014, apenas 3,5% das mulheres não tiveram um acompanhante.
De acordo com o coordenador de Apoio Administrativo do HU, Célio José Coelho, a estrutura da maternidade é composta, atualmente, de 30 médicos, 35 enfermeiros, 66 técnicos de enfermagem, 41 auxiliares de enfermagem, uma psicóloga, uma fonoaudiologista e duas nutricionistas. Há cinco leitos no Centro Obstétrico; 22 no Alojamento Conjunto, dos quais 20 estão ativos; e 19 na UTI Neonatal – 8 ativos.
Histórico
Em 1984, quatro anos após a fundação do HU, foi criada uma comissão para implantação da maternidade. “Entre 1992 e 1994, trabalhamos de forma intensa para elaborar todas as rotinas, as listas de material, as diretrizes”, explicou Odálea. Em 1994, foi realizado concurso público para admissão de profissionais. No ano seguinte, em 24 de outubro, a maternidade foi ativada. Após a inauguração, a comissão de implantação se transformou no Grupo Interdisciplinar de Assessoria à Maternidade (Geam), com o propósito de assegurar a manutenção da filosofia do atendimento humanizado. Com o passar do tempo, o Geam deu lugar à Comissão Interdisciplinar de Assessoria à Maternidade (Comater).
No mês seguinte à inauguração, foi realizado na maternidade o “1º Encontro de Gestantes do 1º Trimestre”, para que os familiares pudessem conhecer o funcionamento da unidade. Em 1996, teve início o projeto de extensão “Grupo de Gestantes e Casais Grávidos”. No mesmo ano, nasceu o milésimo bebê no HU, que, em 1997, recebeu o título de Hospital Amigo da Criança, devido ao incentivo dado ao aleitamento materno. A equipe da Central de Aleitamento Materno (Ciam) desenvolve atividades na comunidade e no Alojamento Conjunto.
Em 2000, o Prêmio Galba Araújo coroou a assistência humanizada no parto e nascimento praticada na maternidade do HU. No mesmo ano, o hospital foi indicado como Centro de Referência Nacional para Expansão do Método Canguru na Região Sul. Em 2012, recebeu certificação como referência nacional para atenção humanizada no Método Canguru.
A residência em Ginecologia e Obstetrícia foi criada em 2006. Em 2013, começaram as aulas da primeira turma da Residência Multiprofissional em Saúde da Mulher. A maternidade mantém pactuação com o programa Rede Cegonha, do governo federal, que tem como objetivo estruturar a atenção à saúde materno-infantil no Brasil.
Bruna Bertoldi Gonçalves /Jornalista/Diretoria-Geral de Comunicação/UFSC
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Revisão: Claudio Borrelli/Revisor de Textos da Agecom/Diretoria-Geral de Comunicação/UFSC