UFSC na mídia: Curso de Cinedebate da UFSC reúne alunos com mais de 50 anos
Um curto silêncio toma conta da sala, logo que o filme termina. Sempre acontece isso quando acaba a exibição. É como se de repente todos pensassem a mesma coisa: “Que ensinamentos posso tirar para a minha vida?”. E inevitavelmente há algo a aprender, a comentar, a refletir, a acrescentar, a socializar. As discussões se prolongam e são bem-vindas.
Afinal, justamente com essa finalidade, foi criado há 14 anos o curso de Cinedebate em Gerontologia do Núcleo de Estudos da Terceira Idade (Neti) da UFSC, em Florianópolis. São duas turmas, uma nas terças e outra nas quartas-feiras. O único requisito para frequentá-las é ter 50 anos ou mais. É importante gostar de cinema também, claro.
Numa semana os alunos assistem a um filme – com temática ligada a envelhecimento, família, relacionamentos afetivos, finitude da vida, entre outros – e recebem material teórico sobre o assunto que está sendo proposto. Na semana seguinte, discutem em sala suas impressões e conclusões com o grupo todo, sob a coordenação das professoras Mônica Siedler e Eloá Vahl. Há ainda uma lição de casa: cada um deve escrever uma resenha e um texto opinativo sobre a obra exibida.
O Cinedebate surgiu como uma pesquisa para a dissertação de mestrado da professora Mônica, que estava em busca de uma tecnologia educativa para trabalhar questões ligadas ao envelhecimento humano e, mais ainda, ao envelhecimento saudável, com qualidade de vida. Logo pensou no cinema como fonte inspiradora.
Formou a primeira turma, cuja idade média era de 63 anos, escolheu alguns títulos e definiu a didática das aulas, baseada em teorias de importantes pensadores da atualidade. Deu tão certo e a receptividade dos alunos foi tão grande que a pesquisa transformou-se em um curso (com duração de dois anos) oferecido pelo Neti nas dependências do núcleo, na Universidade Federal.
– O enfoque principal dos encontros é o desenvolvimento humano. Procuramos incentivar a sociabilidade e o poder interno de cada um, com vistas à transformação de suas realidades – explica Mônica, que coordena o curso desde o início.
O uso do cinema como tecnologia de educação, diz a professora, auxilia a aguçar a percepção, a reflexão, a retenção e a reelaboração de conceitos abordados nos filmes, articulando-os com o próprio processo de vida, buscando assim um envelhecimento mais saudável e feliz.
Tempo de aprendizado
O Cinedebate não ajuda os alunos apenas a se prepararem melhor para o envelhecer. Muitos deles, especialmente os que já estão aposentados, confirmam que suas vidas ganharam um colorido todo especial depois que começaram o curso e passaram a conviver com outras pessoas da mesma faixa etária e também com os demais estudantes da UFSC.
Na manhã da visita da reportagem a turma havia acabado de assistir ao filme grego/turco O Tempero da Vida, e os alunos, empolgadíssimos, queriam contar como o Cinedebate e a entrada (ou retorno) na universidade trouxe um novo sabor às suas vidas.
Retransmitir a opinião de todos neste espaço é impossível – e para não deixar ninguém de fora, dá para resumir o sentimento do grupo em uma só palavra: motivação. Para os alunos da terça-feira o curso termina em dezembro. Para os de quarta, só no final do ano que vem. Até lá muitos dramas e comédias ainda serão exibidos na telona, arrancando sorrisos e lágrimas, trazendo boas e tristes recordações e, com certeza, rendendo muito assunto para ser debatido na sala de aula.
Filmes do semestre
– E se Vivêssemos Todos Juntos?
– O Estudante
– Garotas do Calendário
– Alguém tem que Ceder
– O Ano em que meus Pais Saíram de Férias
– Encantadora de Baleias
– O Quarteto
– Um Conto Chinês
– O Concerto
Fonte: Diário Catarinense, de 27/09/2014