Pesquisa mostra relação entre estado nutricional e células sanguíneas em pacientes com cânceres hematológicos
A nutricionista Paula Fernanda de Oliveira Olivo realizou um estudo, em que avaliou a associação entre determinadas células imunológicas, mediadores relacionados à inflamação e o estado nutricional de indivíduos com cânceres hematológicos, antes da quimioterapia. A pesquisa foi realizada para sua dissertação de mestrado do Programa de Pós-Graduação em Nutrição (PPGN) da UFSC, sob orientação do professor Everson Araújo Nunes, em parceria com o setor de hematologia do Hospital Universitário da Universidade Federal de Santa Catarina – centro de referência no tratamento de cânceres hematológicos.
Leucemias, linfomas e mielomas múltiplos são tipos de câncer originados de células do sangue e do sistema imunológico. Indivíduos com essas doenças podem apresentar alterações na proporção de células imunológicas específicas e na concentração sanguínea de moléculas que controlam a resposta inflamatória, o que pode levar a seu comprometimento nutricional – o tratamento dessas doenças pode tornar essa condição ainda mais séria.
Dos 16 indivíduos avaliados, 43% apresentaram perda de peso significativa ou grave, dentro do período de até seis meses antes da avaliação; contudo, os voluntários não apresentavam comprometimento nutricional, nem índice de massa corporal ou muscular abaixo do esperado, quando foram entrevistados. Em seu sangue, foi encontrado menor número de algumas células imunológicas – conhecidas como células T CD4 e T CD8 – quando comparado ao esperado para indivíduos saudáveis; no entanto, essa redução foi observada, especialmente, nas pessoas com leucemia. Células conhecidas como linfócitos Th17 também foram pesquisadas, e suas proporções mostraram-se correlacionadas às células T CD8 e aos indicadores de massa muscular dos pacientes; observou-se, também, que a maioria dos indivíduos apresentava valores anormalmente alterados de alguns mediadores que participam da resposta inflamatória.
Embora sejam necessários mais estudos, este trabalho indica que pode existir ligação entre estado nutricional e células sanguíneas nesses pacientes, e uma informação como essa (além de outras contidas na pesquisa) pode, potencialmente, ser utilizada na prática clínica como ferramenta de monitoramento para diversos tipos de tratamento, tais como radioterapia, quimioterapia e terapia nutricional.
Edição: Alita Diana/Jornalista da Agecom/UFSC
alita.diana@ufsc.br
Revisão: Claudio Borrelli / Revisor de Textos da Agecom / UFSC
claudio.borrelli@ufsc.br