Pesquisas da UFSC avançam no desenvolvimento de pele artificial à base de celulose bacteriana

11/11/2013 13:24

Regeneração de tecidos, produção de pele artificial e de vasos sanguíneos estão entre as possíveis aplicações da celulose bacteriana pesquisada pelo Intelab. Fotos: Cláudia Reis

Estabelecer condições científicas, técnicas e mercadológicas para ampliar as aplicações da celulose bacteriana no campo da saúde. Esse é um dos objetivos dos estudos desenvolvidos junto ao Laboratório de Tecnologias Integradas (Intelab), vinculado ao Departamento de Engenharia Química e Engenharia de Alimentos do Centro Tecnológico (CTC) da UFSC.

A celulose bacteriana – composto químico de grande massa molecular – é considerada um próspero biomaterial para a área da saúde, e pode ser aplicada na regeneração de diferentes tipos de tecido e na produção de pele artificial e vasos sanguíneos.

As pesquisas têm apoio financeiro da Finep e do Sebrae, em trabalho colaborativo com as empresas Nano, MedicFormula e Naturama, todas de Florianópolis. Voltados em grande parte à chamada Engenharia Tecidual, os estudos têm a participação de estudantes de graduação e de pós-graduação, em projeto gerenciado junto à Fundação de Ensino e Engenharia de Santa Catarina (Feesc).

Testes de cicatrização
“No caso da pele imunoativa que estamos desenvolvendo, pretendemos chegar a uma formulação otimizada e aos estágios clínicos necessários para que esse produto seja de fato usado em pacientes em um futuro próximo”, explica o coordenador das pesquisas, professor  Luismar  Marques Porto, citando um dos produtos mais estudados pela equipe.

As pesquisas incluem trabalhos com diferentes bactérias que produzem a celulose bacteriana, assim como formulações e aplicações diversas. Entre elas, a pele artificial pensada para uso em lesões causadas por queimaduras, úlceras e acidentes.

O material proposto como pele artificial já passou por ensaios pré-clínicos, com testes de adesão, proliferação e toxicidade em células e em modelos animais. Para teste de cicatrização, a equipe trabalha em parceria com o Departamento de Farmacologia da UFSC.

Vasos sanguíneos artificiais
Um dos diferenciais da pele artificial produzida na UFSC à base de celulose bacteriana, explica o professor, é a incorporação daacemanananas nanofibras de celulose.  Obtida a partir da babosa, aacemananapossui propriedades antivirais e antibacterianas, entre outras.

“Também estamos explorando vasos sanguíneos artificiais de membranas em hidrogelde celulose, membranas vascularizadas e endotelizadas, membranas biocidas com nanopartículasmetálicas, compósitos com quitosana e outros materiais”, exemplifica o professor.

A equipe aposta nos corpos tridimensionais à base de celulose bacteriana como uma importante inovação. “Os hidrogéis, que podem ser customizados quanto à forma e estrutura interna, são biossintetizados até volumes acima de 150 centímetros cúbicos, em dimensões compatíveis e assemelhadas a órgãos naturais”, destacaLuismar, que lidera o Grupo de Pesquisa em Engenharia Genômica e Engenharia Tecidual, com participantes da UFSC e da Univali. A equipe apoiada pelo CNPq direciona seus estudos à aplicação de fundamentos da engenharia química às áreas de biologia aplicada (biotecnologia) e saúde humana (medicina).

Mais informações: luismar@intelab.ufsc.br / (48) 3721-9448, ramal 233

Saiba Mais

Celulose Bacteriana
A celulose bacteriana é produzida por várias bactérias. Devido a propriedades como alta capacidade de retenção de água, e uma fina rede fibrosa, permite o crescimento e proliferação de diferentes tipos de células. O material tem elevada resistência à tração e suas membranas microporosas podem ser utilizadas em medicina reparadora, onde é necessária grande oxigenação.

Prêmio Professor Caspar Erich Stemmer
Vencedor do Prêmio Professor Caspar Erich Stemmer na categoria Pessoa Física Protagonista da Inovação, o professor Luismar Marques Porto é responsável pela introdução do conceito de plataforma 3D para cultura de células e regeneração de tecidos e órgãos com ajuda da celulose bacteriana. É o responsável pela supervisão e orientação dos trabalhos de pesquisa e inovação que resultaram na inovação.

Feira de Inventores
Produtos das pesquisas no Laboratório de Tecnologias Integradas (Intelab) foram premiados em edições da Feira de Inventores da UFSC em 2009 e 2010.

Arley Reis / Assessoria de Comunicação da FEESC
arleyreis@gmail.com
Fotos: Cláudia Reis
 

 

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