UFSC colabora com plano de manejo para Área de Proteção Ambiental da Ponta do Araçá

13/03/2013 13:38

UFSC participa do diagnóstico da flora e da fauna para a efetivação da Área de Proteção Ambiental da Ponta do Araçá. Fotos: Daniel Moraes Alves

Com o apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa e Extensão Universitária (FAPEU), a UFSC participa do diagnóstico da flora e da fauna, de condições físicas, socioeconômicas e culturais que darão suporte à efetivação da Área de Proteção Ambiental da Ponta do Araçá. O trabalho é base para a elaboração de um plano de manejo para a APA, localizada na região da Costa Esmeralda, no município de Porto Belo (SC).

A unidade de conservação foi criada em 2008 e se estende por 140 hectares, entre o mar e morros, abrigando duas pequenas praias: Caixa d’aço e Estaleiro. Sua paisagem é enriquecida por baias de águas claras, costões rochosos e cobertura vegetal em estágios médio e avançado de regeneração. É a primeira unidade de conservação criada sob responsabilidade da Prefeitura de Porto Belo, que discute também propostas da APA do Perequê, do Parque Municipal da Lagoa do Perequê e do Parque Municipal do Segundo Acesso.


“A significância da Área de Proteção Ambiental da Ponta do Araçá está relacionada principalmente à expressividade da cobertura florestal e seus atrativos turísticos. São atributos naturais e histórico-culturais muito importantes no contexto municipal, regional e mesmo nacional”, avalia o biólogo do Departamento de Ecologia e Zoologia da UFSC Maurício Eduardo Graipel, que coordenou o diagnóstico e a elaboração de documentos para a Prefeitura de Porto Belo.

Os relatórios destacam a diversidade de oportunidades da região, destino de embarcações de lazer de diversos tipos. As trilhas para acesso aos costões também são um atrativo diferencial da APA − tanto pelas paisagens que proporcionam quanto pela presença de jardins suspensos, composição vegetal descrita pelo ilustre botânico Raulino Reitz. Os costões são também importantes atrativos para a pesca esportiva e o mergulho contemplativo − mas estas atividades demandam ações de normatização e fiscalização.

Estudos sobre a vegetação, aves, mamíferos, anfíbios, répteis, peixes de água doce e recifais, assim como grupos de invertebrados fazem parte do levantamento. Fotos: Projeto Parques & Fauna

Valorizar e monitorar
A elaboração do diagnóstico teve a participação da Empresa Júnior de Ciências Biológicas (Simbiosis), do Grupo de Educação e Estudos Ambientais (GEABio), do Museu Universitário e de estudantes e pesquisadores de vários cursos da UFSC. Contou também com a parceria da comunidade local e da Cooperativa para Conservação da Natureza (CAIPORA), entre outras entidades.

Estudos sobre a vegetação, aves, mamíferos, anfíbios, répteis, peixes de água doce e recifais, assim como grupos de invertebrados fazem parte do levantamento. A pesquisa documenta também sete sítios arqueológicos, quatro no interior da Área de Proteção Ambiental da Ponta do Araçá e outros três em seu entorno, além de aspectos histórico-culturais.

“O levantamento foi extremamente detalhado, bastante além do que é solicitado em um plano de manejo, o que esperamos que se torne uma referência para definição de atividades para essa Unidade de Conservação e também para outros estudos”, orgulha-se Graipel.

A partir de estudos bibliográficos, diagnósticos de campo e de oficinas participativas com a comunidade local, a equipe analisou fatores positivos e negativos que exercem influência dentro e fora da Área de Proteção Ambiental da Ponta do Araçá. Foram sistematizados pontos fortes, fracos, ameaças e oportunidades.

“Os estudos destacam os atributos da região e o que se pode fazer para valorizar e monitorar aquele ambiente em função do tipo de utilização que for feito”, explica o coordenador. Ele lembra que a Ponta do Araçá está no entorno da Reserva Biológica Marinha do Arvoredo, inserida em uma região de alta prioridade de conservação, para a qual é recomendada a criação de unidades de proteção.

“Isoladamente é uma região pequena para a manutenção de espécies raras, mas em conjunto com outras nas proximidades tem potencial de gerar condições de abrigar espécies ameaçadas que foram observadas durante os levantamentos de campo”, defende o coordenador.

Mais informações: Maurício Eduardo Graipel / Departamento de Ecologia e Zoologia / UFSC / graipel.me@gmail.com

Saiba Mais

Objetivo da APA do Araçá, definido pelo Plano de Manejo:

 “Garantir a conservação de atributos histórico-culturais e ambientais e a melhoria da qualidade de vida dos usuários através do monitoramento e da conservação da fisionomia e funcionalidade da paisagem florestal nativa e dos costões rochosos”.

Pontos fortes

– Paisagem
A Ponta do Araçá é formada por um conjunto de baias, costões e pequenas praias de águas claras, além de morros com predomínio de floresta em estágios médio e avançado de sucessão
– Atrativos histórico-culturais
A equipe destaca diversidade de atrativos histórico-culturais para desenvolvimento turístico diferenciado, incluindo oficinas líticas, habitações pré-coloniais, estruturas coloniais (engenho, taipas, etc.), práticas e saberes culturais da população local.

Pontos fracos
– Solos com elevada propensão a processos e erosivos
– Precariedade da infraestrutura viária
– Falta de planejamento, monitoramento e manejo da visitação
– Falta de redes de abastecimento de água, coleta e tratamento de esgoto
– Conflito em relação às expectativas de uso e ocupação do solo da APA entre comunidade do Araçá e novos moradores e empreendedores da Unidade de Conservação
– Situação precária de conservação das formações de restinga
– Registros de atividade de caça

Oportunidades
– Potencial de gestão integrada com o Parque Municipal da Galheta
– Potencial do turismo subaquático local
– Comunidade tradicional de pescadores situada no entorno direto e principal acesso à APA
– Atratividade da baía do Caixa D’aço

Ameaças
– Baixo índice de conhecimento da APA entre os moradores da comunidade
– Baixo grau de instrução da comunidade do Araçá
– Fragmentação florestal da SC 412
– Sobrepesca no entorno direto da APA
– Sazonalidade do turismo com subutilização de equipamentos na baixa e inadequação da capacidade na alta temporada
– Rede de esgoto atende somente 3,34% do município
– Crescimento da frota de veículos incompatível com a capacidade da estrutura viária de Porto Belo

Material produzido para a Revista da Fundação de Amparo à Pesquisa e Extensão Universitária (FAPEU) /  www.fapeu.br
Jornalista responsável: Arley Reis /  
arleyreis@gmail.com

Fotos: Daniel Moraes Alves

 

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