Aldeia Guarani desenvolve projeto de integração com escolas da Grande Florianópolis

A Escola da Aldeia implantou a trilha ecológica para preservar a mata e trabalhar com as crianças de forma prática e lúdica. Foto: Dennis Radünz
Como forma de fortalecer a cultura do povo indígena, a aldeia YynnMorotiWherá, localizada no município de Biguaçu (SC), deu início ao projeto de recuperação da Trilha Caminho da Sabedoria. O processo, aprovado pelo Fundo Municipal de Cultura, tem o objetivo de recuperar a história local e eternizar a cultura do povo Guarani.
A iniciativa vai levar alunos e professores da rede de ensino da Grande Florianópolis para conhecer e interagir com a natureza e a cultura indígena através do contato direto com as narrativas, usos e costumes, língua, brincadeiras, além de outros aspectos espirituais, gastronômicos e medicinais dos Guaranis. As atividades terão início com o semestre letivo.
A escola WheráTupâpotyDjá, situada na aldeia, implantou a trilha ecológica com o objetivo de preservar a mata e trabalhar com as crianças de forma prática e lúdica, o conteúdo do currículo escolar. Através disso, o povo Guarani espera receber pessoas e realizar uma maior interação com a sociedade, além de promover a sustentabilidade econômica, social e ambiental do local.
Ao longo da trilha foram colocadas placas com os nomes de algumas plantas utilizadas na medicina doméstica. A botânica é um campo que os Guaranis têm vasto conhecimento. O xamã da aldeia, Alcindo Moreira, é procurado para realizar tratamentos para doenças físicas e espirituais através das plantas. O estudante da UFSC, Diogo Oliveira, realizou uma monografia para o Laboratório de Etnobotânica do Centro de Ciências Biológicas da UFSC sobre a sabedoria e os tratamentos realizados pela medicina botânica. O plantio e a colheita das plantas são frutos de observação, mas constituem também expressões da religiosidade, do trabalho coletivo e da partilha.
A Universidade busca através desses trabalhos interagir diretamente com o povo indígena. É através da sabedoria indígena que os Guaranis trazem para dentro da academia novos conhecimentos e que passam a fazer parte das bibliotecas universitárias.
Para o responsável técnico do projeto, Mauri Antônio da Silva, a iniciativa é importante para reparar uma dívida história com os povos indígenas e para diminuir o preconceito com os índios.“O conhecimento direto com a cultura guarani torna possível uma evolução para uma convivência com respeito”, pontua.
A aldeia, com mais de 150 habitantes, também desenvolve um coral com a participação dos índios e já lançou um CD com composições próprias sobre temas da vida indígena.
A realização do projeto é de responsabilidade da Associação Rondon Brasil, com financiamento do Edital de Apoio às Culturas 2012, do Fundo Municipal de Cultura da Prefeitura Municipal de Florianópolis.
O projeto tem por base a Lei 11.645 de 11/03/2008 que torna obrigatório o estudo da história e cultura afro-brasileira e indígena nos estabelecimentos de ensino fundamental e de ensino médio, público e privado. O conteúdo deverá levantar os aspectos da história e da cultura africana e indígena. Além da influência social, econômica e política que ela trouxe para o Brasil. O currículo vai abranger principalmente as áreas de educação artística, literatura e história brasileira.
Escola Indígena Wherá Tupã potyDjá – (48) 3285-1049
Manuela Lenzi / Estagiária de Jornalismo da Agecom / UFSC
lenzimanu@gmail.com