Avanços e desafios da precisão de dados geográficos integram pesquisadores na Capital
Uma conferência com o geógrafo Michael Goodchild, da Universidade da Califórnia, abre na noite desta terça-feira, 10 de julho, a décima edição do Simpósio Internacional Sobre Avaliação de Precisão Espacial em Recursos Naturais e Ciências Ambientais. Pela primeira vez sediado na América Latina, o evento reúne mais de 100 pesquisadores (40 de outros países), no Hotel Porto do Sol, em Ingleses, Norte da Ilha.
“Será uma conferência histórica. Michael Goodchild foi um dos primeiros pesquisadores que pensou em colocar um mapa no computador”, destaca o professor do Departamento de Geociências da UFSC Carlos Antônio Oliveira Vieira.
Considerado o “pai” da Ciência Informática Geográfica, Goodchild será homenageado com a medalha Peter Burrough (pesquisador falecido em 2009, autor de obras de referência sobre princípios de Sistemas de Informação Geográfica) .
“Florianópolis é um importante centro geográfico e conseguimos reunir aqui cientistas de diversos países, além de pesquisadores do IBGE, Instituto Militar e USP, entre diversas outras entidades”, informa o professor da UFSC, membro da comissão organizadora do encontro, uma promoção da Associação Internacional de Pesquisas Espaciais de Precisão e da Comissão sobre Modelagem de Sistemas Geográfica, ligada à União Geográfica Internacional.
A UFSC compartilha a organização do simpósio com a Udesc. O evento acontece desde 1994 e já foi realizado nos Estados Unidos, Canadá, Holanda, Austrália, Portugal, China e Reino Unido.
Segundo Vieira, a precisão espacial trata de diversos produtos cartográficos. É uma área do conhecimento com aplicações em diferentes campos que dependem de medidas precisas – como dados de inventários de recursos naturais e de suporte a obras de engenharia, em que a incerteza e a imprecisão podem gerar prejuízos e insegurança.
O tema vem ganhando cada vez mais importância com a disponibilidade de grandes quantidades de dados espaciais, programas de amostragem e sensores remotos, o advento de sofisticados Sistemas de Informação Geográfica, softwares de processamento de imagem e acesso a recursos avançados de computação. “Se houver erro na metodologia, o erro se propaga e no final é muito maior”, lembra o professor.
Vieira contextualiza que até pouco tempo a construção de mapas era atribuição do Exército e do IBGE. O maior número de pessoas trabalhando com o desenvolvimento destes materiais, nem sempre tecnologicamente capacitados para esta função, é uma das preocupações no meio científico.
“Atualmente muitas pessoas, e não apenas técnicos, produzem mapas e disponibilizam as informações no computador, mas não há garantias de que essa informação será precisa”, alerta o professor que por mais de 10 anos foi coordenador do Núcleo de Geoprocessamento da Universidade Federal de Viçosa (e que desde 2010 atua junto ao Departamento de Geociências da UFSC, conciliando a partir de maio suas atividades docentes e de pesquisa com a chefia de Gabinete da Reitoria da UFSC).
O evento prossegue até sexta-feira (13 de julho), com conferências, palestras, workshops e apresentação de trabalhos de especialistas em ciências ambientais, recursos naturais, estatística espacial e ciência da informação.
De acordo com os organizadores, é a primeira vez que atividades do seminário são organizadas em colaboração com a Comissão Sobre Modelagem de Sistemas Geográfica, ligada à União Geográfica Internacional. A expctativa é de que a iniciativa amplie a rede de colaboração brasilerira com instituições internacionais.
Mais informações: Carlos Antonio Oliveira Vieira / (48) 3721-8593
Por Arley Reis / Jornalista da Agecom