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Sábios indígenas compartilham o conhecimento e fazem reivindicações

Com o tema “Saberes sobre a Terra”, o curso de Licenciatura Intercultural Indígena do Sul da Mata Atlântica promove de 31 de maio a 4 de junho o primeiro Seminário Temático de Sábios Indígenas Guarani, Kaingang e Xokleng no auditório do Centro de Filosofia e Ciências Humanas (CFH). O evento teve como objetivo dar voz a especialistas indígenas e abarcar conhecimentos em relação à caça, pesca, coleta, plantio, manejo florestal e também ao processo político e histórico de demarcação de terras indígenas.

O curso de Licenciatura Intercultural prevê atividades científicas e culturais como essa, mas a organização e a condução do evento ficaram por conta dos alunos, que estão no terceiro semestre e foram encarregados de fazer o convite a todos os sábios. “A ideia é fazer eles terem a experiência por si mesmos. Os alunos estão redescobrindo coisas da própria cultura, e só o que vai proporcionar isso é esse contato direto, não um professor dentro de uma sala de aula”, afirma o coordenador do curso, Valmir Francisco Muraro.

Os sábios convidados são de tribos dos estados de Santa Catarina e Rio Grande do Sul. Antônio Mïg Claudino, cacique Kaingang da terra indígena de Serrinha (RS), ressaltou a importância do estudo indígena e de não desistir de adquirir conhecimento. “Fico alegre em ver que os jovens líderes estão estudando, porque são eles que vão garantir nossas terras e aldeias no futuro”. Aristides Faustino Neto, que é acadêmico do curso e indígena da terra de Laklãnõ (Ibirama – SC), acredita que a experiência somada ao aprendizado na universidade pode resolver muitas coisas. “É o momento de nós, acadêmicos, pararmos e pensarmos sobre buscar os nossos direitos e como agir. Os mais velhos esperam isso de nós”, diz.

Timóteo de Oliveira, cacique Guarani da terra indígena de Itanhãe (SC), falou sobre a questão da terra. “Antes a gente era rico. Tinha tudo. Nosso mercado, nossa farmácia eram no mato. Agora não temos mais nada, perdemos toda a riqueza. Os brancos nos tomaram tudo”, disse, indignado. João Patté, representante Xokleng da terra de Laklãnõ, e Augusto da Silva, sábio Guarani da terra Cachoeira dos Inácios (SC) também deram destaque ao mesmo tema. “Esse Brasil era meu. Antes do Pedro Álvares Cabral chegar aqui”, disseram os representantes. Além deles, também falaram Irani Miguel, representante dos acadêmicos Kaingang, da terra de Inhocorã (RS), e Geraldo Moreira, aluno do curso e sábio Guarani da terra M’Biguaçú (SC).

Por Isadora Ruschel, bolsista de Jornalismo na Agecom

Fotos: Wagner Behr/Agecom