Workshop mostra potenciais e perspectivas do livro digital
Palestras de grande interesse para bibliotecários, estudantes e leitores em geral fizeram parte do workshop “Entenda o Livro Digital e o seu Mercado”, realizado nesta quarta-feira, dia 9, no auditório da Fapeu, no campus da UFSC. A promoção foi da Biblioteca Universitária e a programação foi elaborada e executada pela Springer, segunda maior editora de publicações acadêmicas do setor de STM (ciência, tecnologia e medicina) e a maior editora de livros STM do mundo.
Na palestra da manhã, Eduardo Melo, sócio-fundador da Simplíssimo, editora que oferece serviços de produção de livros para ePub e outros formatos digitais, além de treinamento e consultoria nesta área, falou sobre as tendências mundiais e a situação do Brasil no segmento de eBooks e de que forma a disseminação desse produto vai interferir na dinâmica das bibliotecas universitárias e governamentais. Do ponto de vista mercadológico, ele disse que “há um tremendo potencial de negócios” neste campo, porque apenas 5% dos leitores, segundo a recente pesquisa Leitura no Brasil, têm contato com livros digitais.
O que muitos editores, designers e os próprios leitores ainda custam a entender são as similaridades e diferenças entre o processo de produção e distribuição do livro impresso e do eBook. Entre as vantagens deste estão a não necessidade física de armazenamento, a ausência de encalhe e as facilidades de transporte e devolução. O intermediário, que é o livreiro, praticamente desaparece neste cenário, e a rapidez entre a compra e a disponibilização do produto não se compara ao processo que rege a aquisição do livro de papel.
Só a Amazon, empresa multinacional de comércio eletrônico, dispõe hoje de mais de 1,1 milhão de eBooks – contra cerca de 40 mil no ano de 2007. A maioria dos livros é oferecida é em inglês, língua que alcança o mercado global também neste segmento, porque 1,5 bilhão de pessoas são capazes de ler neste idioma no mundo. A tendência é que o chinês passe a ocupar cada vez mais espaços também na área dos livros digitais, pela importância econômica e pela grande população da China.
O palestrante admitiu que também nesta área há um grau crescente de pirataria, mas entende que isso decorre, em parte, do pouco conteúdo ainda oferecido pelas editoras de eBooks no Brasil. Como apenas 240 milhões de pessoas leem em português no mundo, o retorno é pequeno, o que parece desestimular as editoras de investirem neste segmento. “Se houvesse mais opções, certamente a pirataria seria menor”, acredita Melo. Atualmente, existem aproximadamente 12 mil títulos de eBooks à venda em língua portuguesa.
A programação da tarde de quarta-feira contou com o painel “A Evolução dos eBooks na Minha Biblioteca”, com depoimentos da diretora da BU, Narcisa Amboni, e da diretora da Biblioteca da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Viviane Castanho. Também houve uma sessão interativa sobre a implementação de livros eletrônicos, a cargo de Heloisa Tibério, especialista de contas da Springer. Falou ainda o gerente de licenças da empresa, Márcio Gama, que apresentou as soluções digitais da Springer aos presentes.
Por Paulo Clóvis Schmitz/jornalista na Agecom
Fotos: Wagner Behr/Agecom