UFSC e ICMBio descobrem novo foco de espécies invasoras marinhas no litoral catarinense

Bioinvasor marinho, coral-sol foi localizado na parte sul da Ilha do Arvoredo.
Foto: Bruna Gregoletto
Um ano após ter registrado pela primeira vez a presença da espécie invasora coral-sol (Tubastraea coccinea) na face oeste da Ilha do Arvoredo, pesquisadores da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) e Instituto Chico Mendes (ICMBio) encontraram um novo foco, desta vez na parte sul da mesma ilha. A descoberta foi feita pela pesquisadora do Laboratório de Biodiversidade Marinha da UFSC, Bruna Folchini Gregoletto, no dia 9 de abril de 2013.
Esta descoberta marca também um dos primeiros resultados do projeto “Bioinvasores Marinhos”, Bioinvasão pelo coral-sol Tubastraea sp. (Cnidaria: Scleractinia): Monitoramento e controle na Rebio Arvoredo e região do entorno, aprovado pela Fundação SOS Mata Atlântica. O projeto é uma parceria da UFSC , ICMBio e Instituto Ekko Brasil e foi um dos sete contemplados em dezembro de 2012 na quinta edição do edital Costa Atlântica da Fundação SOS Mata Atlântica (link). O projeto tem como objetivo intensificar as buscas de espécies invasoras marinhas, especialmente o coral-sol. Com duração de um ano, o projeto visa também fazer o manejo, ou seja, retirar os corais-sol do local e de tempos em tempos monitorar a área a fim de prevenir novos aparecimentos. Outro objetivo é realizar treinamentos junto às operadoras de mergulho, para que mais pessoas estejam aptas a localizar esta espécie invasora.
Em Santa Catarina já foi detectada a presença de seis espécies invasoras marinhas, das nove presentes no litoral brasileiro, segundo lista publicada em 2009. Um dos coordenadores do projeto, o professor Alberto Lindner explica que uma espécie pode ser considerada exótica ou invasora. “Exótica é apenas quando ela não é nativa do local, já invasora é quando a espécie também causa prejuízo ao homem ou aos outros seres do local”. No caso do coral-sol, já se sabe que ele causa necrose em corais nativos. Outro prejuízo é que, com seu crescimento, ele desaloja outras espécies.
Veja o vídeo sobre o coral-sol e o projeto de manejo:
Projeto ajuda a concentrar esforços em espécies invasoras
A equipe do projeto já está agendando novos mergulhos tanto na reserva do Arvoredo quanto em outros locais do litoral catarinense, a fim de procurar novas colônias de coral-sol e outras espécies invasoras. Um desses novos locais será a região de Porto Belo, que recebe grande fluxo de embarcações de diferentes portes e finalidades, bem como de diversas partes do mundo. A equipe também pretende investigar se existe algum registro ao sul da atual localização do coral-sol. Por isso, já estão mapeados mergulhos na Ilha do Coral e em Garopaba, Imbituba e Jaguaruna. Esta etapa também conta com o apoio do projeto Biodiversidade Marinha do Estado de Santa Catarina, financiado pela Fundação de Amparo à Pesquisa e Inovação do Estado de Santa Catarina (Fapesc).

Espécie Ophiothela mirabilis foi localizada por meio de placas de recrutamento em São Francisco do Sul. Foto: Jonathan Wanderley Lawley
Em paralelo, a equipe trabalha com o monitoramento de espécies invasoras em três portos catarinenses: São Francisco do Sul, Itajaí e Imbituba. Em cada um desses portos foram instaladas placas de recrutamento, para verificar quais espécies aparecem nesses locais de grande fluxo de navios e como elas interagem com as espécies locais. Cada placa é formada por cinco retângulos de granito sem tratamento, de 30×25 centímetros. As placas ficam submersas a três metros. Uma vez por mês, o estudante de Biologia da UFSC, Jonathan Wanderley Lawley, e analistas ambientais do ICMBio visitam cada local para inspecionar as placas e fazer os registros fotográficos. Dentre os organismos exóticos já encontrados nas placas estão o tunicado Styela plicata, espécie comum em cultivos de bivalves em Santa Catarina, e o pequeno ofiuróide (semelhante a uma estrela-do-mar) Ophiothela mirabilis, uma espécie exótica reportada apenas em 2012 para a costa brasileira, mas ainda não encontrada anteriormente em Santa Catarina.
Outro objetivo do projeto é realizar treinamentos junto às operadoras de mergulho, para que mais pessoas estejam aptas a localizar espécies invasoras. “O coral-sol foi descoberto em SC em uma operação de mergulho recreativo e o objetivo é que cada vez mais pessoas possam nos ajudar a localizar os corais-sol durante seus mergulhos”, afirma o professor Alberto Lindner. “Com o treinamento, podemos ampliar o alcance da pesquisa e atuar no manejo desta espécie”, completa. Mas ele alerta também que é importante não mexer nem tentar removê-los, pois isso pode ajudar a espalhá-los. O procedimento recomendado é que, ao localizar uma suspeita de coral-sol, deve-se apenas fazer registros fotográficos e identificar uma referência geográfica mínima. Depois, pode-se enviar essas informações para o email biodiversidade@contato.ufsc.br ou rebio.arvoredo@icmbio.gov.br, para que os pesquisadores do projeto possam fazer a busca na próxima saída de campo.
Histórico das descobertas de corais-sol em SC:
– Janeiro de 2012 – primeiro registro na parte oeste da Ilha do Arvoredo.
– Fevereiro de 2012 – remoção dos corais com treinamento realizado pelo projeto Coral-Sol, do Rio de Janeiro.
– Março de 2012 – registro e remoção de outros dois focos também na parte oeste da Ilha do Arvoredo.
– Abril a Dezembro de 2012 – monitoramento e manejo dos pontos de invasão já registrados.
– Abril de 2013 – primeiro registro de coral-sol na parte sul da Ilha do Arvoredo.
Nome do projeto:
“Bioinvasão pelo coral-sol Tubastraea sp. (Cnidaria: Scleractinia): Monitoramento e controle na Rebio Arvoredo e região do entorno”, aprovado pela Fundação SOS Mata Atlântica”.
Entidades responsáveis:
ICMBio, Instituto Ekko Brasil e Laboratório de Biodiversidade Marinha da UFSC..
Apoio
Fundação SOS Mata Atlântica.
Equipes envolvidas:
ICMBio
Adriana Carvalhal Fonseca– Analista Ambiental.
Leandro Zago da Silva– Analista Ambiental.
Diana Carla Floriani – Analista Ambiental.
Instituto Ekko Brasil
Alessandra Birolo
Gabriela Galastri
UFSC
Alberto Lindner – coordenador do Laboratório de Biodiversidade Marinha.
Edson Faria Júnior – mestrado Ecologia, bolsista CAPES.
Ana Flora Sarti de Oliveira – mestrado Ecologia, bolsista CAPES.
Bruna Folchini Gregoletto – graduação Oceanografia, bolsista IC FAPESC.
Jonathan Wanderley Lawley – graduação Biologia, bolsista IC PIBIC-CNP .
Mais informações:
Professor Alberto Lindner – alindner@ccb.ufsc.br
Laura Tuyama / Jornalista da Agecom / UFSC
laura.tuyama@ufsc.br
Fotos: Bruna Gregoletto, João Carraro, Jonathan Lawley e Alberto Lindner