Fórum participativo propõe comitê para gerenciar a comunicação da UFSC

07/05/2012 14:33

Paulo Fernando Liedtke, Carlos Righi, Tattiana Teixeira e Mirian Ghizoni na mesa sobre comunicação institucional

O fórum que discutiu a comunicação institucional na UFSC teve como marca não apenas o seu caráter diagnóstico: trouxe também propostas de ação. O evento aconteceu na noite de quarta-feira, 2 de maio, no Centro de Cultura e Eventos da UFSC. Na sequência, a comunidade acadêmica teve oportunidade de entender o atual estado da cultura e da arte na UFSC e pensar soluções. Os eventos fazem parte do Fórum de Planejamento para a Nova Administração da UFSC, gestão 2012-2016.

Comitê gestor – A equipe que fez o diagnóstico da Comunicação na UFSC, coordenada pelo professor Carlos Righi (CCE), entrevistou os diversos profissionais que trabalham com a comunicação na UFSC. Apresentou como principal proposta a criação de um Comitê Gestor de Comunicação, que se articule e trabalhe em conjunto para estabelecer as diretrizes estratégicas, as políticas de comunicação e os princípios norteadores para uma política institucional no setor. Neste comitê estariam integrados os diversos órgãos que já lidam com a comunicação na Universidade para apoiar este objetivo: Agecom,  TV UFSC, Design, Tecnologia da Informação e Ouvidoria, e os que serão criados, como Portal da Transparência, Memória UFSC e Rádio UFSC. O comitê também teria por função assessorar o mandato na definição das políticas públicas de comunicação, atuando como um conselho político e como um comitê de crise, considerado pelo grupo um sistema inovador e obrigatório nos planos de comunicação contemporâneos.

Autonomia financeira – O grupo defende a autonomia, sobretudo financeira, dos setores envolvidos com a comunicação, quebrando o vínculo direto ao Gabinete do Reitor. O grupo avaliou que este vínculo torna a circunstância da comunicação difícil porque é ligada às administrações. “A autonomia financeira é importante”, afirma Righi.

Propostas da comunidade – Nas manifestações da plateia surgiram sugestões como: dar mais visibilidade ao conhecimento produzido pela universidade; melhorar a comunicação interna, para que cada setor conheça a produção de outros setores e até mesmo dentro de seu próprio setor; democratizar os espaços de comunicação da universidade; trabalhar a comunicação institucional em um nível estratégio, atribuindo a ela um status executivo de secretaria; incorporar a lógica das redes sociais na divulgação científica, publicando o conhecimento produzido na internet, à disposição da sociedade brasileira; avançar na acessibilidade da comunicação da UFSC e em relação à mediação da comunicação com os vários públicos; criar um conselho de comunicação social da UFSC, com a participação da sociedade civil, a fim de fortalecer a TV UFSC e a TV Cultura, que recentemente voltou a ser de responsabilidade da Universidade.

Para concluir a sessão, Roselane Neckel, futura reitora, lembrou que este é o primeiro fórum que trata de construir um processo de aprender a ouvir, compreender e respeitar. “Temos que reaprender. Para alguns é mais fácil, para outros não é tão fácil. É nesse sentido que entendíamos a nossa mudança por uma mudança de cultura organizacional”.

Paulo Ricardo Berton, Marcos Montysyma e Mirian Ghizoni na mesa sobre Cultura e Arte.

Paulo Ricardo Berton, Marcos Montysymma e Mirian Ghizoni na mesa sobre Cultura e Arte.

Cultura e arte na UFSC

Na segunda sessão da noite de quarta-feira, o Fórum debateu sobre a Cultura e a Arte na UFSC. O ponto de partida foi o diagnóstico realizado pela equipe coordenada pelo professor Marcos Montysumma (CFH), que analisou as ações da Secretaria de Cultura e Arte (SeCArte). Com o orçamento de 2011 de R$ 1.987.131,37, a secretaria é formada pelos setores: Departamento de Cultura e Eventos (DCEven), Departamento Artístico Cultural (DAC), Editora da UFSC (EdUFSC), Museu Universitário (Marque), Núcleo de Estudos Açorianos (NEA), Núcleo de Estudos Museológicos (NEMU), Projeto Fortalezas da Ilha de Santa Catarina e Projeto Pontão de Cultura.

Por meio de entrevistas com os profissionais que atuam na SeCArte, foi possível descobrir que a avaliação é positiva sobre a separação das áreas de cultura e extensão. A transformação da cultura com status de secretaria resultou em maior visibilidade para a cultura e a arte na UFSC, já que a área passou a contar com um orçamento próprio. Outra vantagem é que a direção da secretaria não fica mais sobrecarregada por ter que dominar duas áreas específicas, como cultura e extensão. O espaço físico próprio ajudou a criar a identidade no setor. A SeCArte está integrada aos cursos de Cinema e Artes Cênicas, por exemplo.

Falta de verba específica – Entre os principais problemas diagnosticados no DAC e também no Marque é a falta de verba orçamentária específica. Tanto que, no DAC, várias atividades foram interrompidas por falta de recursos. O departamento também precisa aparelhar o teatro, restaurar o patrimônio histórico artístico, como por exemplo a Igrejinha, o teatro e a galeria de arte. O Marque está sem pessoal para administrá-lo. O compressor de uma das reservas do museu está quebrado há dois anos. Tanto do DAC quanto no Marque falta pessoal capacitado e uma fundação cultural a fim de captar recursos para concorrer em editais.

Centro de Eventos – Outro ponto debatido foi o Centro de Cultura e Eventos, que alguns defendem ter um dos maiores e melhores auditórios da cidade, embora haja controvérsias, devido à falta de equipamentos e de camarim, por exemplo. O diagnóstico identificou que o espaço não é exclusivo para a cultura, pois é utilizado também pela Pró-Reitoria de Desenvolvimento Humano e Social (PRDHS) e pela Unimed. A caixa d´água é compartilhada com o novo RU, o que ocasiona falta de água. Os banheiros também são utilizados pelos usuários do restaurante.

Debates e propostas – O debate lançou temas como o abandono do Centro de Convivência (ao lado do RU); a reivindicação de transformar a Igrejinha da UFSC para sua função original; a falta de estrutura administrativa do DAC; a implantação de projetos mais intensos e contínuos na área de cultura e arte; mais transparência na política de patrocínio de eventos pela SeCArte; a participação da comunidade na comissão de cultura da UFSC; a existência de um espaço para praticar cultura e arte em cada centro da universidade, entre outras.

Uma análise que mereceu destaque foi da aluna de arquitetura, Luíza Finger Martins, cujo TCC é o projeto de um centro de artes da UFSC. “O problema da arte na UFSC é silencioso, de mentalidade, que reflete a importância da arte na universidade. Embora o brasão da UFSC traga “Ars et Scientia”, a produção artística é muito pequena, com o foco só na ciência”, explica. “Na ciência, quanto mais certeza temos, mais ficamos imobilizados. A arte nos faz questionar, renovar as ideias, repensar aquilo que a ciência tem como certeza. A gente precisa de um espaço para trocar nossas experiências, nossos conhecimentos, que não são apenas os científicos”, conclui a estudante.

Sobre o fórum

Este fórum teve por objetivo apresentar e discutir propostas para uma política  de Comunicação Institucional e uma política da Cultura que atendam aos anseios da sociedade e a defesa do interesse público, visando constituir linhas de ação para a nova gestão.

Eixos diretrizes para discussão:
1) O comprometimento da UFSC com a comunicação pública;
2) O aperfeiçoamento da política de  comunicação institucional e organizacional como ação estratégica e o papel da Agecom;
3) A transparência e a prestação de contas à sociedade como fator determinante para nortear a comunicação institucional na UFSC;
4) Os principais canais de comunicação da UFSC (redes sociais, TV UFSC e demais mídias), e o que pode ser aperfeiçoado;
5) A cultura como um canal de mediação entre a comunidade acadêmica e a comunidade externa da UFSC;
6) Políticas de Cultura na UFSC: um desafio.

Por Laura Tuyama, jornalista na Agecom. Fotos: Carla Costa.

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